quarta-feira, julho 14, 2004

A maresia

Talvez porque ontem falei no Índico, hoje reparei melhor no Atlântico. Tenho o privilégio de viver perto dele e de ser obrigado a vê-lo todos os dias de e para o trabalho. Por qualquer razão que me escapa todos os dias milhares de automóveis se "acotovelam" na A5 e ainda pagam por cima. A Marginal Cascais - Lisboa oferece um panorama ímpar, um brilho magnífico e, até, aquele cheiro de maresia que eu recordo de garoto e que se mantem exactamente entre o Alto da Barra e S. João do Estoril. Deve haver uma razão qualquer para este odor a mexilhão e a espuma se manter entre os gases de escape de milhares de automóveis e sobreviver aos "coliformes fecais" das praias da linha, que é forma rebuscada de dizer que aquilo está cheio de merda. Mas a maresia lá está e com ela o meu convencimento que este país tem três coisas que realmente o distinguem do resto da Europa, a saber. O clima (o melhor do mundo, mau grado passarmos o nosso maravilhoso Inverno a chiar de frio e a refilar com as correntes de ar em casa e com a "chuva que nunca mais pára sempre que chove mais de dez minutos seguidos), o brilho e os cheiros. E enquanto os tais milhares de carros lutam desesperadamente para chegar todos ao mesmo tempo às mesma bichas do trãnsito mais caótico do Mundo (não conheço Bombaim...)eu incho de prazer a ver o mar, a cheirar a maresia e a chegar 10 minutos mais cedo...