terça-feira, setembro 07, 2004

Ralhe comigo... o mais possível

Ele está a “ceder”. Eu sei que o vírus é de estirpe complicada e não cede a terapêutica. No fundo é como a batateira. Esta nobre Solanácea está sujeita a vírus, sem tratamento que não seja preventivo. E mesmo esse resume-se à “escolha criteriosa de variedades resistentes, queimando-se as plantas da safra anterior para evitar futura contaminação”. Mas de Marcelo Rebelo de Sousa (MRS), que me habituei a ouvir com enlevo e respeito pela qualidade inegável dos seus comentários políticos, da sua cultura e extraordinária comunicabilidade, eu esperava que fosse, ele próprio, uma “variedade” resistente. Não é. O vírus, com maior incidência no triângulo Bicesse/Marinha, Areia/Beloura, é de grande persistência e transmissão rápida. MRS, de repente, apresenta um quadro de sintomatologia avançada e preocupante. Os seus brilhantes comentários estão rapidamente a ser inquinados pelo vírus, a que eu poderia chamar de “vírus tc”, que tanto poderá significar “tiozoco cascais”, como “tiositis cascalensis, sp.” e MRS nem os seus fiéis ouvintes o mereciam É que MRS, de repente, ficou “hipocondríaco o mais possível “ (palavras dele), a “Rita” passou a ser uma personagem que aparentemente eu tenho obrigação de conhecer, a superstição é (sorriso amarelo!...) uma coisa do tipo de “las hay, las hay” , o Sporting de Braga passou a ser repetidamente citado na tv (é de bom tom ser de um clube de média projecção), o “lá da nossas bandas” cai-me na sopa com uma frequência inusitada (em Cascais já ninguém é de Cascais, toda a gente é de algum lado, o mais possível, porque o avô, o tio avô ou um primo afastado é “das bandas deles”, sei do que falo porque moro no triângulo) e até aquele pigarro que passou a intercalar cada duas frases de MRS me faz temer o pior. O vírus instalou-se. O que é pena. Pensei que algumas personagens passassem imunes ao cortejo do vírus, mas errei. Quero deixar bem expresso que isto não tem nada a ver com a qualidade e conteúdo dos comentários que MRS continua a fazer nem com a sua reconhecida capacidade de bem comunicar. Mas os tiques, Senhor... os tiques... como sintoma claro do vírus, estão lá. Um dia destes ainda vamos todos ver MRS dar uma volta à cadeira antes de se sentar, tomar duas pílulas durante o comentário e pôr o Júlio Magalhães a pigarrear. O mais possível... vão ver! E, a rematar, dizer-lhe: “Oh Júlio, se me ouvir pigarrear, ralhe comigo, táver?”

2 Comments:

At 5:26 da tarde, Blogger Passada disse...

MRS escreve, escreve muito para uma das revistas de maior circulação em Moçambique. Será que a memória de facto é assim tão curta e plana. Como editor, quiça bem pago e vai gatafunhando para o cá de lá.

 
At 9:36 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

...que fique bem expresso que me referi a tiques, vírus e não mais que isso. Já há 25 anos ele escrevia no Expresso e escrevia bem. Sem tiques, nem Rita e ainda não era do Sporting de Braga.

 

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