quinta-feira, julho 28, 2005

Icecream for a reason...



[492] - E eu a julgar que a "síndrome Mário Soares" me estava a atacar a mim, só a mim e a ninguém mais do que a mim. Afinal há quem padeça da maleita (só um parentesis para acrescentar que o homem não disse só que estava a meditar. Também disse que ia falar com os partidos – e atenção a este plural que é magnânimo e redundantemente pluralista – e que ele não queria mas, dadas as muitas falhas, sic, suponho que do proprio partido, ele considerava candidatar-se). Mas pronto, ela refugia-se num gelado ou numa flor, em vez de ficar por aqui a debitar prosa a metro, como eu, a arranjar inimigos e rótulos injustos de perigoso conspirador e obscuro intelectualóide.

Por menos que isso, refugiei-me eu hoje numas favas com "chóriço", à moda não sei de onde, mas um onde certamente português, pois não deve haver no mundo quem consiga fazer favas tão boas e tão gordas, como nós. Talvez os esquimós tenham a aproximação, mas apenas no que se refere ao "gordo" – óleo de foca para fritar escalopes de urso polar, ou banha de morsa para saltear urze guardada do Verão (não sei se há urze no Polo Norte, mas deve haver por lá qualquer coisa parecida).

Quando uma mulher quer um gelado ou uma flor, o melhor é mesmo dar-lhe as duas coisas. O gelado para o palato e a flor para o olfacto. Eu sei que estas coisas de olfacto e de palato, numa mulher não são só olfacto e palato tout court. Há uma série de minudências que exacerbam o palato e apuram o olfacto e tristes dos homens que não o compreendem. Um homem cheira e saboreia. Uma mulher cheira, mas o cheiro pode cheirar a mil coisas diferentes e o paladar pode adquirir mil nuances, tudo dependendo de múltiplos factores que para nós, homens, não têm significado por aí além. Eu explico. Um gelado de chocolate sabe-me à mesma coisa se sorvido numa esplanada, dentro do carro ou na casa de banho. Um aroma, é bom ou é mau. Não cheira bem se, nem cheira mal se. Daí que, pensando ou não em Mário Soares, um gelado de chocolate me sabe sempre a gelado de chocolate, salvo se os meus polipos nasais estiverem inflamados e, aí, vou ao otorrinolaringologista. E uma flor cheira-me sempre a rosa se for uma rosa ou a cravo se for um cravo. Já com a mulher não é bem assim. Uma rosa pode cheirar a luar e um gelado pode saber a um passeio numa mata de pinheiros mansos (podia ter dito pinhal, mas os pinheiros bravos também fazem pinhais e não dão pinhões…) e isso faz toda a diferença.

E esta prosa toda a metro para quê? Ou porquê? Porque estou sem assunto, tenho de ir trabalhar e não queria deixar de oferecer, aqui e agora, não uma rosa…mas um delicioso, fresco e calórico gelado à
Pitucha que me parece tão dele necessitada. E até porque aposto singelo contra dobrado que lhe vão aparecer mil flores na caixa de comentários (ainda não os abri). O gelado será menos romântico mas ela que experimente comer uma rosa e depois um gelado e diga o que é que lhe soube melhor…

Boas "vacanças" cá pela terra.

ADENDA: Bem feito, bem feito, que o estudo do metro do Oriente – Moscavide – Encarnação – Aeroporto já estava feito e agora, com o aeroporto a emigrar para a Ota, ficas sem metro…

7 Comments:

At 2:47 da tarde, Blogger Pitucha disse...

O que pode uma mulher pedir mais...

Eu deixei as "meditações" do outro para tu as comentares: achei que te ias perder no desejo do homem de meditar "com" a sociedade civil... isto é, tu e eu, nomeadamente. Ficarei à espera de ser consultada!
Quanto ao resto, comer rosas dispenso (devem ser indigestas) mas o gelado venha ele, até um me saber a um "passeio numa mata de pinheiros mansos"...(as favas tinham qualquer coisa!).
Beijos e obrigada pelo post.

 
At 9:00 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Olha, espumante, tempo para ler agora não tenho, mas que estás proibido de por estas imagens à hora a que as miúdas têm que ir para a cama, estás... tenho as duas zangadas porque para comentar, tive de 'apagar' o gelado lol
beijo - eu e elas.

 
At 8:53 da manhã, Blogger Madalena disse...

Exmo. Sr. Presidente da República do Espumante
Madalena Santos, 53 anos, casada, afrossaloia, operária da educação, residente em Choraquelogobebes vem requerer autorização para uma ausência de alguns dias,não para gozo de merecidas férias, mas para "tratamento intensivo à base de multidões", no sul do País, indispensável à consciência do real valor da pacatez da provinciana aldeia global.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Madalena Santos
Choraquelogobebes, 29 de Julho de 2005

 
At 10:32 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

Pitucha

As favas não tinham nada que não me acompanhe sempre, todo o dia, toda a hora, a todo o minuto - o desejo de estar sempre bem disposto. Nem sempre consigo (estar bem disposto, so to say... :))) )mas lá que faço os possíveis, faço.
Beijinho!

 
At 10:43 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

maria, la portuguesa

Por uma questão de rigor que herdei da minha costela anglosaxónica, eu não disse "favas com chouriço", mas sim "favas com chÓrico".
Correcção feita, pergunto-me se por aí não há favas...
:)))

 
At 10:43 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

IO
Poin taken
No more icecream em horário de crianças .)))

 
At 10:49 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

Madalena

Zurrapo Espumante, envelhecido em casco rafeiro, casado (uma vez por outra, sem continuidade...), saloio (mas saloio mesmo, registado no concelho de Loures...), afrolisboeta, de profissão condenável e condenada pelos ambientalistas, i.e., encher este mundo de moléculas mortíferas para que muitos milhões possam comer alguma coisa de jeito, por este meio autoriza a Madalena a ir chorar para o meio das multidões ( e beber, também, fazendo jus à residência...) e deseja-lhe muita pacatez e um merecido descanso. Mais determina que com este deferimento siga um beijinho amigo e votos de um rápido e feliz regressso.

Publique-se aos 29 de Julho de 2005

Espumante

 

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