domingo, agosto 27, 2006

Fruta a saber a fogueira


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Encontrei esta foto-
grafia de
embondeiro por aí.

Lembrei-me que o primeiro embondeiro que vi, ao vivo e a cores, foi no norte de Moçambique e tinha eu 9 anos. Caminhei até ao imenso tronco e dei algumas voltas, extasiado, ao seu redor.

Eu sabia que havia umas árvores na América chamadas sequóias, tão grandes e tão altas que até davam para escavar um túnel nelas para os automóveis passarem. Nunca as vira, mas o meu saudoso pai, que foi o melhor professor dos muitos que tive, descrevera-las com tal riqueza de pormenores que era como se as conhecesse. Mas com os embondeiros era diferente. Não só o meu pai nunca me falara de embondeiros (tenho que dizer isto baixinho senão aparece já por aí um post qualquer a dizer pois, já nessa altura a predominância e a agressividade imperial americana se sentia que até as crianças de nove anos já sabiam o que era uma sequóia, mas não conheciam os embondeiros), como eu estava ali a ver um, a tocar-lhe e a contar quantos passos eu precisava para lhe percorrer o perímetro.

Talvez por via desta cena (verídica), o embondeiro representou sempre (dignamente, é preciso que se diga) o sentido que África fazia para mim durante os anos em que convivi com ela. Em várias versões, mas sempre África. Árvore gigantesca, com uns frutos de sabor único (sabia-me a fogueira e, juntamente com a castanha de caju e a goiaba, representavam, sem paralelo, os sabores africanos), indolente, com a força aparente que lhe vinha do tamanho mas, afinal, de madeira tão macia.

Sabe-se que os embondeiros são centenários ou mesmo milenares. Curiosamente nunca consegui ler muito sobre embondeiros. Ou sabe-se pouco sobre eles ou são de pobre interesse botânico. Mas eu gosto de embondeiros. É talvez a primeira imagem que me vem à lembrança quando se fala em África e são, de certeza, tão nobres e respeitáveis como as sequóias americanas.

3 Comments:

At 4:19 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

1-2-3 exp

 
At 12:01 da manhã, Anonymous Anónimo disse...

Uma árvore que me é sagrada - agora, levaste-me ao coração de Moçambique, obrigada. Um beijo e boa semana, IO.

 
At 8:22 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

IO
Macacos me mordam se quando acabei o post, não me lembrei de ti... Não pelos macacos, como é evidente :))))) mas pelo embondeiro.
beijinho e boas férias, vais agora em Setembri não é?
Enjoy

 

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