quinta-feira, outubro 26, 2006

Ditosa Pátria...


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Nunca perdi muito tempo a questionar-me sobre a génese das ditaduras. Porque sempre achei que todas elas resultavam de factores intrínsecos. Basta percorrer a lista dos países que foram (ou são ainda) sujeitos a ditaduras para o percebermos. Excluo, como é evidente, as ditaduras impostas a canhão, como o caso de alguns países do Leste Europeu. Mesmo estes, passado um par de gerações iam adquirindo um caldo de cultura propício à manutenção dos regimes, como foi especialmente o caso da Roménia e da República Democrática Alemã.

Portugal é, por excelência, um desses países. Muito antes do atraso cultural a que Salazar no submeteu (e que serve à perfeição para justificar a ira de grande parte da nossa esquerda, ela própria ditadora e não é necessário recuar muito para nos lembrarmos o que poderia ter acontecido de o PC tem efectivamente tomado as rédeas do poder depois do 25 de Abril) já Portugal dispunha de formas larvares de ditadura que algumas personagens da nossa história iam conseguindo fazer eclodir, mais ou menos de acordo com o cenário político circunstancial da altura.

Isto para dizer que me divertiu imenso ver
Joana Amaral Dias “ranger” (é o termo…) uma verdadeira ameaça que, em tradução livre, significou qualquer coisa como “se por acaso Salazar ganhar o concurso da RTP, então temos de rever muito bem que tipo de sociedade é a nossa e temos de tomar medidas". Não sei que medidas, nem ela, provavelmente, nem isso interessa. O que interessa é como a partir da premissa (especulativa, naturalmente) de que Salazar poderia ganhar o concurso, nós verificamos, confortados, que poderemos continuar com uma Joana Salvadora que nos libertará das trevas e da bota cardada com "medidas adequadas".

Isto daria para rir se não fosse trágico. Considero uma bênção estarmos inseridos num contexto político e económico europeu. Não fosse isso e continuaríamos sujeitos a Joanas Salvadoras. No caso presente a coisa poderia até ser bicuda pois ela faz um bocadinho o papel de sereia de Ulisses. Cara laroca, olhos bonitinhos, sexy qb, reúne alguns ingredientes que facilmente obliteram a razão do macho latino.

Foi patético ver
Joana Amaral Dias a espumar raivas mal contidas perante a ideia (absolutamente sem pés nem cabeça) de Salazar ganhar o concurso.

NOTA: Salvou-se a noite com a nota humorística do
Ricardo Araújo Pereira, quando ele disse que Salazar deveria estar a dar voltas na tumba. Um opositor ferrenho do voto livre a ser levado, agora, a um concurso televisivo por meio de voto popular!

10 Comments:

At 11:58 da manhã, Anonymous Anónimo disse...

Não vi! Não consigo ouvir a voz da Maria Elisa mais de cinco minutos. Fico à BEIRA de uma crise de nervos.
Beijinhos

 
At 12:54 da tarde, Blogger 125_azul disse...

Também não vi, mas a Joana, sendo filha de quem é (por parte de pai, entenda-se, que a mãe é uma mulher fantástica), deve entender muitíssimo bem de ditaduras e esmagamentos das vontades alheias. Beijinhos

 
At 11:14 da tarde, Blogger Margarida V disse...

vi garnde parte do programa, mas a parte da joana não ouvi, mas espero bem que Salazar não ganhe

 
At 8:48 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

Laura Lara

Tenho de concordar contigo e dizer que ela é uma forte concorrente da Júlia Pinheiro. E vai-se perfilando a Fátima Campos Ferreira. É tudo uma questão de decibéis :))
Beijinho

 
At 8:50 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

125_azul
Da genealogia da moça, não sei, para além do pai, por via da televisão.
Beijinho

 
At 8:51 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

margarida V

Salazar não ganha com certeza, mas com tanto debate sobre a criatura, acho que lhe estão a dar uma mãozinha:)))

 
At 8:36 da tarde, Blogger Carlota disse...

Damn it! Esqueci-me de ver o raio do debate!
:(

 
At 3:10 da manhã, Anonymous Anónimo disse...

Meu caro Amigo e Senhor,
Eu vi. Irritou-me solenemente a atitude dos dois mais acérrimos criticos salazaristas (a dita Joana e o AMI-Nobre)que acabaram por corporizar o que de pior se pode criticar no dito regime: a sensura e a intolerância.
Compungiu-me, particularmente, quando impediram o professor José Hermano Saraiva de enquadrar o salazarismo na sua época.
De todos os presentes, seguramente a Joana e o Nobre foram os que mais de perto viveram os anos vinte e trinta do século passado, tempos em que o Portugal da 1ª República eram bastante semelhantes aos de hoje e em que o Dr. António de Oliveira Salazar conseguiu tomar conta do poder e alterou radicalmente o curso dos acontecimentos re-escrevendo a história deste "jardim à beira mar plantado"...
No final do debate fiquei com grande vontade de votar em Salazar. Não que alguma vez tenha sido salazarista, mas porque acho que estas "personagens" devem assumir o que disseram publicamente em "premium time": ter uma atitude cívica superior à do Dr. António Salazar.
Não consigo actualmente encontrar um único político com a integridade que o Dr. António Salazar teve, apesar dos "desmandos" do final do seu regime, e, acredite, conheço muitos dos actuais e promissores PS´s, PSD's e Compromisso´s Potugal que eventualmentemente tomarão as redeas do actual regime. E quanto mais os conheço, mais vontade tenho de emigrar...
Em resumo, que ganhe Salazar. Talvez isso faça nascer uma atitude crítica na classe política, já que mais ninguém tem coragem nem motivação para dar um passo em frente...

 
At 11:05 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

Carlota

É que nem sabes o que perdeste... Sobretudo os espasmos orgástico-regressivos da Joaninha. Mas fica para a próxima :))

 
At 11:06 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

anti-stress will be blogger

Registo a sua opinião e agradeço a visita. Bom fim de semana

 

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