domingo, outubro 15, 2006

A extinção do humor


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A
c_mim lançou-me um desafio. Apadrinhar um animal em extinção. Pensei no tigre da Malásia, no rinoceronte branco, na pantera negra, no okapi, no koala, na libélula de ventre listrado, no louva-a-deus preto (estes dois últimos não sei se existem, mas dão um ar centífico ao post...) na mulher a dias ainda a €5/hora e que consegue emparelhar correctamente as meias, enfim pensei numa série de exemplares que aprecio e que acho que fazem falta.

Decidi-me pelo humor. Pelo animal que ri, faz rir, percebe o riso, interage com as pessoas fazendo-as rir ou sorrir, é suficientemente inteligente para perceber, analisar, sopesar, resolver uma situação com ligeireza e a suprema virtude de lhe achar graça. Esse animal é o homem. O homem que ri. Rarefeito na idiotia e no cinzentismo, consegue manter um espírito suficientemente aberto para produzir ou provocar um sorriso ou uma saudável gargalhada.

O homem que ri está numa fase avançada e perigosa de extinção. Quer porque cada vez existam menos motivos para rir, quer por uma provável degenerescência geracional que nos vai conferindo uma aptidão especial para transformarmos um sorriso num esgar ou uma piada numa tolice ou numa chatice capazes de inspirar piedade àqueles que ainda conseguem distinguir o humor oportuno da piadola cretina ou da lamúria recorrente. Por isso, resolvi apadrinhar o homem com humor. Incluindo a mulher, está bem de ver.

Quase me atrevo a dizer que há mais homens com humor do que mulheres. Porque somos mais feios, porque temos que nos apurar. A mulher, por si, pode ser uma gracinha, bastando-lhe existir. Eu digo pode ser, não digo que o sejam sempre. Mas admito estar enganado. De qualquer modo, sou daqueles que conseguem acompanhar e admirar (e, se possível participar, partilhar) um amigo com humor. Daqueles que falando de política, de gente, de um filme, de uma peça de teatro, de uma tese sobre psicologia, de um funeral… são capazes de o fazer com a graça suficiente para nos provocar a frescura de um sorriso.

11 Comments:

At 6:19 da tarde, Blogger António Chaves Ferrão disse...

Passo já de lado os desacordos. Espumante novamente de regresso no seu melhor. Bem hajas.

 
At 8:54 da tarde, Blogger 125_azul disse...

Enquanto tu aqui estiveres, esta espécie está garantida! Já a libelinha de ventre (às riscas, será?) e as mulheres a dias que sabem emparelhar meias, não garanto.
Beijinhos e semana feliz

 
At 8:57 da tarde, Blogger C_mim disse...

Obrigadão... Apadrinhou muito mais que um bichinho em extinção...

 
At 8:38 da manhã, Blogger Sinapse disse...

ahahahahahah, grande escolha!

... e o que já me ri com alguns dos comentários que o teu post suscitou! ... principalmente com aquele do Primeiro Ministro! LOL!

Beijinhos, risonhos,
Sinapse

 
At 8:49 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

antónio chaves ferrão

Prontes, nao se fala mais no assunto, entenda-se por assuto a política :)
Um abaço

 
At 8:51 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

125_azul

Tu és um amor de criatura (já agora, também em vias de extinção...) e tens sempre uma palavrinha simpática. Quanto à libelinha de ventre às riscas, presumo que a tua dúvida vem do facto de eu ter escrito ventre listrado, não é?
Beijinho

 
At 8:52 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

c_mim

:) Beijinho e obrigado

 
At 8:52 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

:lms

Poderia ser qualquer deles, a questão é que esses bichinhos nao estão verdadeiramente em extinção, portanto...
:)

 
At 8:55 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

Sinapse

Tu és aquilo que normalmente se chama o humor com pernas :))) A propósito, chamei-te abelhuda num comentário à Carlota e não reagiste. É abulia pós traumática de fim de semana????
Beijinhos irónicos

 
At 2:02 da tarde, Blogger Sinapse disse...

ah, isto não pode ficar assim! vou já lá reagir!!

 
At 11:52 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Sinapse

E reagiste muito bem :)) Beijinhos abelhudos

 

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