quarta-feira, agosto 22, 2007

Chavez enlatado


[1964]

Apesar de esbatidos no tempo, recordo ainda alguns episódios absolutamente ridículos que caracterizavam o esforço do Estado Novo em se manter vivo, no prelúdio dos acontecimentos revolucionários que todos os que têm mais de 33 anos conhecem.

No outro lado da moeda, e no meio da euforia reinante que achava que o ridículo era apanágio de uma direita esclerótica e decadente, a primeira vez que me ocorre ter consciência do ridículo e que só as moscas mudavam foi num célebre desfile de um primeiro de Maio ver um grupo de dondocas em Maputo a desfilarem de bicicleta até ao Largo do Concelho Executivo, empunhando T-Shirts a dizer “bibicleta, transporte do povo” e, mesmo antes de Samora Machel iniciar um dos seus intermináveis discursos, se retirarem, entregando a bicicleta “ao preto”, provavelmente o empregado doméstico que seguia a manifestação da sinhóra, e subindo para os carros que as aguardavam junto ao Jardim Tunduru e regressarem a casa.

Agora aparece-me o Chávez enlatado. Pelas montanhas do Peru come-se revolução, no meio da desgraça após o terramoto. Mas há quem ache graça, Mário Soares, por exemplo, que ainda há dias lhe fez encomiásticas referências.


Foto via Blasfémias

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