domingo, agosto 19, 2007

Se o Miguel Portas achou bem, é porque deve estar bem


Delinquência sob protecção policial


[1955]

Tal como habitualmente, o rescaldo da invasão e destruição de propriedade levada a efeito por um grupo de delinquentes “travestidos” de activistas tem-se desviado para factos irrelevantes, como ter conhecimentos ou não sobre a cultura do milho, utilização de variedades de milho transgénico e, até, o facto de o agricultor assaltado ser rico, já que possui 51 has de terrenos (neste particular, vale pena ler
este comentário a este post, onde um anónimo acha que eu não percebo nada de milhos, que o PSD anda a brincar no rio Arad e que o agricultor em questão até é rico). Ora isto releva de uma inversão total do problema. É uma diversão astuta e previamente delineada para desviar a opinião pública do essencial (invasão e destruição de propriedade) para dar lugar à discussão sobre transgénicos e sobre a fazenda do agricultor em questão.

O
post de Miguel Portas, aliás, e um exemplo vivo do que afirmo. Ainda que de forma melíflua e coberto de paninhos quentes, Miguel Portas acaba por dizer preto no branco que acha muito bem o que se passou. Aliás, sem novidade. E isto, sim, é ainda mais grave do que a invasão. Porque representa uma manipulação insidiosa da opinião pública.

O Governo não pode ignorar este episódio, sob pena de contribuir para terrenos muito viscosos da nossa democracia. De resto, parece-me o Governo estar a preparar-se para, paulatinamente e como é sua especialidade, começar a deixar o caso cair no esquecimento e isso é um mau serviço. No essencial, há um assalto, aparentemente elaborado e estudado por activistas, com o conhecimento da autoridade, há a falta de cumprimento de dever pela mesma autoridade (não deter os delinquentes apanhados em flagrante delito) e um
discurso idiota de um comandante Bengala, não sei se encomendado se da sua própria lavra, de qualquer forma, idiota e preocupante.

No mais, e por coincidência, conheço bem os procedimentos legais necessários ao estabelecimento de uma seara de milho, o pormenor de ter visto uma tabuleta de uma empresa multinacional a assinalar o campo (Pioneer, empresa líder de mercado e que vende anualmente cerca de 2.500 toneladas de sementes certificadas, de valor aproximado a € 7.500.000) é uma garantia absoluta de que o campo estaria legal.

Nota: Estou realmente decepcionado. Cheguei ao post do Miguel Portas via
António de Almeida. E, tal como ele diz, para além de Miguel, é o deserto por parte da esquerda. Será uma réstia de pudor? Ou está tudo à espera que o tema se alicerce apenas nos OGM para depois vir à liça?
ADENDA: Ler ainda esta peça no Abrupto
.

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2 Comments:

At 12:46 da manhã, Blogger Miguel Madeira disse...

"para além de Miguel, é o deserto por parte da esquerda"

Pelo menos o pimentanegra.blogspot.com e o spectrum.weblog.com.pt também falaram do assunto.

 
At 7:41 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

miguel madeira
Tem razão. Neste momento a situação é diferente e vários blogues de esquerda se referiram já ao asunto.

 

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