sábado, setembro 29, 2007

Tropelias



[2048]

Creio que cada vez menos pessoas levam Mário Soares a sério. Isso não lhe confere, porém, a ele, Soares, a prerrogativa de insultar a memória de muitos portugueses vítimas da loucura de tiranetes racistas que saltitam ainda hoje por África. Dizer que, entre Brown e Mugabe, que venha Mugabe à cimeira africana é uma forma datada de usar algumas das prerrogativas que a esquerda acha que têm de merecer a tolerância de todos. Não merecem.

Mário Soares continua igual a si próprio. Obcecado por dogmas que aprendeu em cartilhas sublimadas por um insuportável mau-perder e usando os conhecimentos e experiência de África que adquiriu enquanto apanhava cocos em S. Tomé, num exílio que ele acha suficiente como matéria curricular.
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Livros



[2047]

O desafio da IO é interessante. Tem a ver com livros, os livros são um dos instrumentos marcantes da nossa formação. Dizer que os livros nos marcam muito, pouco ou não marca coisa alguma é um pouco redutor, eu acho que há uma dinâmica muito própria nesta coisa da leitura, pelo que ler Mark Twain quando temos doze anos ou cinquenta não é exactamente a mesma coisa. Mas vou fazer uma lista de dez livros, sem pesquisa e obedecendo apenas à cronologia temporal, ou seja, os primeiros livros que comecei a ler, ainda criança, e que retenho na memória. E á medida que me vierem à cabeça. Eu acho que só por isso, por me virem à cabeça, poderá significar que me deixaram alguma marca. Boa ou má, mas marca.

"As aventuras de Tom Sawyer e Huckleberry Finn"; "A Cabana do Pai Tomás", "O Velho e o Mar", "A 25ª Hora", "24 Horas da Vida de uma Mulher" e "O Jogador de Xadrez" (estes dois a contarem como um por serem do mesmo autor) e isto já perfaz cinco. Daqui para a frente cresci e tenho alguma dificuldade em referir livros, citarei, portanto, autores que me marcaram, pelo que referirei cinco, para dar o tal número de dez. Assim:

Eça, Joyce, Faulkner, Shaw, Shelley (marido e mulher), Keats, Byron e Russel e a poesia (sempre) de Whitman (afinal deu mais de cinco…).

Isabella, esta lista é muito redutora… então e os policiais? Spillane, Stout, Chandler, Della Street e Mason, Christie, Simenon e tantos outros, entre autores e personagens que devorei, extasiado ? E Sttau Monteiro, que o li de fio a pavio ?

E a banda desenhada da juventude, do Mundo de Aventuras ao Cavaleiro Andante? E a obra com-ple-ta de Hergé que li to-da? E a colecção inteira de S. Zweig que comprei a prestações numa daquelas furgonetas que corriam as universidades a vender livros da Porto Editora, em encadernações muito baratas para possibilitar preços baixos? E, e, e, e e?

É um exercício difícil.

Agora estou a ler pouco, quase nada. Jornais, todos e blogs, muitos. Acho que é a parte negativa da rede. O computador vai paulatinamente substituindo o livro, apesar de todos nós acharmos que nunca a magia de ter o livro na mão desaparecerá.
A ver vamos…

“Five lines” que ainda hoje cito de cor:

"Teach me half the gladness
that thy brain must know,
Such harmonious madness
from my lips would flow
the world should listen then---as I am listening now."


P. Shelley


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quinta-feira, setembro 27, 2007

Está explicado

[2046]

Está explicado. Não tem nada que saber. Depois de ler alguns eminentes bloggers portistas da nossa praça, a culpa da eliminação do FêQuêPê pelo Fátima (eu seja ceguinho se eu sabia que havia um clube de futebol em Fátima, pensava que só lá havia velas, terços e imagens dos pastorinhos e da Nossa Senhora…) deve-se ao penalty (aka pontapé da marca de grande penalidade) inventado e oferecido ao Benfica pelo árbitro do Estrela da Amadora vs Benfica.

Nota:
Os lampiões andam calados que nem ratos mudos de nascença!
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Baiúcas




[2045]

O aeroporto está uma baiuca. Caótico, gente aos encontrões, gritaria, correrias, uma cafetaria sobrelotada e uma vaga sensação de dúvida se estamos no aeroporto ou no Bolhão, sem ofensa para o mulherio do mercado portuense.

Resolvam lá a cena do novo aeroporto porque “aquilo”, da forma que está, um dia destes vai ser tipo aquele filme do Tom Hanks, “Um dia a casa bem abaixo”. Não sei porquê, é só uma sensação. Além, de que para vergonha nacional já temos a estação (???) do Cais do Sodré e as obras do Terreiro do Paço, isto para só falar de Lisboa. Já desisti completamente de tentar perceber sequer o que se quer fazer ali, sobretudo na estação do Cais do Sodré.

Relativamente à estação, é só dar uma vista de olhos às fotos acima e pensar há quanto tempo "aquilo" está assim...

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Onde as galinhas... pois!



[2044]

Santana Lopes fez o que devia. Pôs a menina que o estava a entrevistar no seu devido lugar e
bateu com a porta da entrevista interrompida porque havia que passar aos exteriores, já que uma amostra bem representativa do nobre povo tinha ido para o aeroporto gritar Mourinho! Mourinho! Até aqui, nada de verdadeiramente especial. O que achei espantoso foi o cuidado cirúrgico como muitos, muitos mesmo, bloggers se referiram ao facto, tecendo um natural elogio a Santana Lopes mas ressalvando sempre que não apreciam o homem, mas que neste caso procedeu muito bem. Por outras palavras, sim...mas. E até o termo menino-guerreiro apareceu um punhado de vezes. Na sesta, por acaso não falaram, mas houve outros episódios à la carte, foi só escolher.

Extraordinária forma de sermos, é o que é!


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Sórdido



[2043]

Interrogo-me sobre quantas meninas parecidas com Maddie aparecerão ainda por esse mundo fora, enquanto a polícia judiciária permanece na teoria de que a menina está morta.

Não é preciso sequer pensar que os MCCann estão inocentes ou culpados para achar que a campanha que estalou internacionalmente para se levar as pessoas a pensar que a menina está viva, sequestrada e, provavelmente, de boa saúde. Não será por isso que o que se está a passar seja repugnante e sórdido. Este último caso, então, da turista espanhola que tirou uma foto de uma menina loura, incrivelmente já há um par de meses mas que só agora mandou a foto à polícia porque não teve tempo para o fazer antes, roça o filme de humor negro.

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Milagre coisa nenhuma



[2042]

São os inúmeros os bogs que assinalaram a eliminação do F.C.Porto com posts titulados “Milagre de Fátima. Como se esperava.

Eu discordo, Não houve milagre nenhum, o Porto jogou mal e o Fátima acho que jogou bem (nunca os tinha visto antes nem sabia que existiam). Daí que o nulo tenha subsistido e a decisão se tenha feito através de pontapés da marca da grande penalidade (E eis que com esta retórica se tenha desenhado aqui um novo Gabriel Alves que, aparentemente existe em mim…).

Não houve um "penaltezinho" no último minuto para acabar com aquilo? Aí, sim. milagre de Fátima!
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terça-feira, setembro 25, 2007

Vou ali e já volto




[2041]
Coisa rápida
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Gays no Irão? Era o que faltava...

[2040]

Ahmadinejad fez uma conferência nos Estados Unidos (abençoado país onde até os maluquinhos podem falar…) onde afirmou que no Irão não há homossexuais.

A assistência rebentou em gargalhadas, mas eu não vejo porquê. Tanto quanto julgo saber, não há mesmo. Pelo menos que se saiba. Porque aqueles que se sabe foram todos enforcados. Ou não foi assim?
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Outono, outra vez


[2039]

Já chegou o Outono. Ainda não vi cair nenhuma folha de plátano, mas eu sei que o Outono já começou.

Todos os anos começa o Outono. É um ritual que se repete e me dá um prazer especial, conhecida a minha aversão ao calor, aos ambientes abafados e às pessoas que reclamam com o ar condicionado dos restaurantes. Talvez eu ande mais distraído. Ou mais ocupado, quem sabe? A verdade é que ele, o Outono, chegou, e eu não dei por isso. Será que até os prazeres especiais acabam por cair na inevitável rotina?

Mas eu vou reparar a falta. Vou olhar com mais atenção para as árvores e alongar a vista pela luz de Lisboa, mais transparente. Com sorte, até vestirei um casaquinho. E vou tentar manter presente que os prazeres especiais são para resguardar das rotinas assassinas. Porque se há coisa que eu não quero perder é o prazer, todos os anos, por esta altura, de ser visitado, de novo pelo Outono.

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Once again in the West

[2038]

De levar às lágrimas esta peça do Corta-Fitas

O Corta-Fitas teve acesso ao discurso proferido hoje por José Sócrates na abertura da conferência das Nações Unidas sobre as alterações climáticas. Reproduzimos apenas um fragmento do mesmo, mas nele está bem patente quer o desiderato quer a posição de força transmitida pelo nosso Primeiro-Ministro em todas e cada uma das palavras proferidas:

«The clima moves are obliged to have quantified objectives or else we that live in the Middle-West will not be pleased. Pós-Quioto demands that we do more. As a Latino dictate says: «O tempora, o mores», meaning that the weather will better if we try harder as an Avis salesman. Remember that we are the world. Quoting a policeman that is now in Lisbon, I hope the united-statesians love their children too».

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segunda-feira, setembro 24, 2007

O balde



[2037]

Não tenho uma ideia muito firme sobre a
distribuição de seringas nas prisões. Numa primeira análise, parece-me que patrocinar e legalizar essa distribuição é admitir, sem ressalvas, que as drogas duras circulam alegremente pelas prisões. E isso, à partida, parece-me revelador de um deficiente controle, conivência de guardas prisionais e, eventualmente, participação no “negócio” por parte dos próprios agentes de segurança das prisões. Logo, distribuir seringas parece-me a assunção clara destas responsabilidades.

Do ponto de vista médico, porém, poderão existir razões que desaconselhem a interrupção, de chofre, das drogas a um recluso. Não sei. Presumo que sim. Mas que se faça da distribuição de seringas um mero objecto de propaganda política, que é o que declaradamente se faz e que não haja a preocupação de acabar com o vergonhoso balde higiénico é que me parece indigno, ainda que digno da forma como costumamos tratar estes problemas. A pontapé.

O tema é escabroso e, repito, podem existir mil razões para se encarar, sopesar e resolver a questão do consumo de drogas nas prisões. Mas fazê-lo, sobretudo com o alarido do costume, sem acabar de vez com os baldes é que suscita um desejo legítimo de mandar esta gente toda despejar os baldes todos os dias, antes de se armarem em moderníssimos agentes de causas.


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Marcel Marceau



[2036]

Tanto mimo que ele nos deu…

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Porto – 15; Sporting – 10; Benfica – 9



[2035]

Não dá para baralhar e começar tudo outra vez?
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domingo, setembro 23, 2007

Distraídos?



[2034]

Talvez as duas mais incisivas acções de propaganda pura, de momento, sejam as maravilhas do serviço de saúde em Cuba e as notícias diárias de episódios já conhecidos e já anteriormente noticiados até à exaustão, que apontam para o rapto de Maddie descartando, por exclusão de partes, o seu assassínio.

Quanto a Cuba, há uma espantosa inversão da racionalidade. Cuba trata uma dúzia de portugueses doentes oftalmológicos por ano, recebe €50.000 por cima e, em troca, ainda tem a comunicação social portuguesa, em coro, a cantar as maravilhas do serviço nacional de saúde cubano. Para além do embuste da situação há esta patológica tendência portuguesa para alinharmos no folclore. Enquanto lá fora, em Moçambique, Angola, África do Sul, para citar apenas três exemplos que conheço bem, os expatriados evitam a todo o custo os médicos cubanos, dada a sua preparação ser reconhecidamente deficiente. Médicos que, na maioria dos casos, são apenas técnicos de saúde. E são técnicos de saúde porque há uma espécie de número limite de jovens que podem acabar o curso de medicina. Os outros são retirados da Universidade no último ano do curso e permanecem como técnicos. Estratégia, aliás, bem conhecida, para evitar a sangria de quadros. Em Saúde, como em Direito, principalmente. Já que médicos e advogados têm aquela péssima mania de querer emigrar para a decadente Miami. E como simples técnicos, a tentação da fuga sempre é mais limitada.

Já em relação a Madeleine, é extraordinário o trabalho que está a ser desenvolvido por… não sei bem quem, talvez um gabinete de promoção de imagem, talvez advogados, não sei… mas todos os dias, repito, todos os dias, lançam agora para as agências de informação notícias já conhecidas mas todas elas conducentes à ideia de que Madeleine foi efectivamente sequestrada. Hoje, por exemplo, repete-se vezes sem conta a notícia de que Maddie foi vista em dois locais diferentes, por pessoas diferentes, em Marrocos, poucos dias depois do seu desaparecimento. Como se sabe, isto foi noticiado na altura e houve mesmo diligências policiais e comunicados para a imprensa de que as notícias eram falsos alarmes. Insistir nas notícias só pode significar uma campanha bem delineada para fazer divergir a opinião pública da teoria do assassínio para a do rapto. Em bom inglês, it sucks!

Alguém explica aos mais distraídos que esta campanha é demasiadamente visível e pode ter efeito boomerang?

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O prazer da Blogos

[2033]

A clareza das coisas: - Sócrates é a antítese do cosmopolita. Como bom militante partidário em exclusivo, Sócrates sempre viu o mundo da janela de uma sala de reuniões do PS. De repente, e graças a desgraças alheias, esse mundo que ele ignorava veio cair-lhe aos pés.
João Gonçalves in Portugal dos Pequeninos.

Dito em inglês sai mais giro: - first there was morangos com caca full of pathetic attempts at being radical (i.e. bad haircuts and abortions).
then there was florimerda infecting the minds of my children and all their friends with banality, stupidity and lack of any discernible talent.
now there’s shittykikas. ditto
. Lucy Pepper in Blogzira

Do golo de C. Ronaldo ao Sporting: - Estádio rendido ao génio do puto que nos lixou, enquanto a mãe dele, orgulhosa e com razão para tal, mastigava furiosamente um pacote de batatas fritas, com a boca aberta! Só em Alvalade e é por isso que só eu sei porque não fico em casa!
Não gosto de ti, puto!!!
Azulinha in 125Azul

Isto de ser divorciado…: - Caso lhe apeteça realidade, prof das Neves, e embora o impacto possa ser demasiado perturbador, deixo à consideração de VExa mais um tenebroso exemplo das vibrações obscuras que dominam os dias. Lamentável, o nada podermos fazer a respeito, senão sustentar a sobrevivência diante da hostilidade demoníaca que paira sobre os humanos...schuuuiffff... Cristina in Contra Capa.

Uma questão de jeito: - para além disso, eu não sou nada pessoa de ter uma melhor amiga! acho isso extremamente redutor. eu tenho várias melhores amigas - cada uma mais a jeito, conforme da situação que se trate!é a globalização! aNa in Meiavolta

A propósito do dia europeu sem carros, em Lisboa: - Serve este post para partilhar com quem por aqui passeia, o quanto me congratulo por existirem no meu País visionários como o Zé. Que vêem através do mais denso nevoeiro intelectual a que só escapam os seguidores do farol que é o Dr. Louçã, e alcançam o que não está à mão e à vista de nós outros, míopes cidadãos. JM Ferreira de Almeida, in 4ª República.

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sábado, setembro 22, 2007

Romance


[2032]

Romance, who loves to nod and sing
With drowsy head and folded wing
Among the green leaves as they shake
Far down within some shadowy lake,
To me a painted paroquet
Hath been—most familiar bird—
Taught me my alphabet to say,
To lisp my very earliest word
While in the wild wood I did lie,
A child—with a most knowing eye.
Of late, eternal condor years
So shake the very Heaven on high
With tumult as they thunder by,
I have no time for idle cares
Through gazing on the unquiet sky;
And when an hour with calmer wings
Its down upon my spirit flings,
That little time with lyre and rhyme
To while away—forbidden things—
My heart would feel to be a crime

Unless it trembled with the strings.

Romance - E. Allan Poe

Bom fim de semana para todos

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Porque hoje é Sábado. África do Sul - Tantos países num só ( 4 )

[2031]




Johannesburg - Fordsburg, saída para sul e Noroeste.



N1, uma das três auto-estradas que ligam Johannesburg a Pretoria.



Soweto, emblema da luta e conspiração contra o apartheid, cidade com mais de um milhão de habitantes e localizada na N1 South em direcção a Bloemfontein, pouco depois do grande SouthGate.



Sandton, cidade nova que "resultou" da turbulência gerada no período de transição pós apartheid, fenómeno que provocou o abandono de grandes espaços de imobiliário em Johannesburg-central, pela transferência dos escritórios de milhares de empresas para os subúrbios do Norte. Isso provocou um autêntico boom em equipamentos acessórios, restaurantes, hotéis, centros cmerciais, etc..



Sandton (Bryanston) - residential.



Durban, Natal - vista aérea. Visível, ao fundo Wilson's Wharf (antiga estação de tratamento de baleias), o Natal Royal Yacht Club em Victoria Embankment e Addington, onde se situa a escola (e um hospital) do mesmo nome, onde andou Teresa Kerry e duas criancinhas deste vosso criado.



Pietermaritzburg, muito perto de Durban, cerca de 100 km, e realmente a capital do Natal, e não Durban como muita gente imagina. É a mais inglesa das cidades sul-africanas, sendo mesmo considerada o último bastião do Império Britânico, tanto por admiradores como pelos seus detractores. É uma cidade lindíssima, maioritariamete construída a tijolo vermelho em estilo Victoriano, sendo de realçar um interessante monumento ao Mahatma Ghandi no local exacto onde ele foi preso por se ter instalado numa carruagem de comboio destinada a brancos.

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Patético



[2030]

Duas peças no telejornal de há pouco ilustram bem o destempero em que voluntária e conscientemente mergulhamos, na obsessiva pulsão que parece conduzir a sociedade para uma existência patética, mascarada de assepsia e moral de bons costumes. Numa das peças, era visível o caos a que Lisboa foi sujeita por causa de mais um dos abomináveis dias sem carros. Atropelos, confusões, nervos em franja, buzinas, muitas das artérias vitais da cidade completamente bloqueadas enquanto duas ou três dúzias de patuscos brincavam e saltavam na Avenida da Liberdade e outras tantas, menos, pedalavam pela avenida abaixo. Parece que a cena se repetia na Almirante Reis, no Terreiro do Paço e daqui até Santa Apolónia. De notar, porém que aos repórteres, os condutores das viaturas entaladas pareciam ter medo de dizer que tudo aquilo era um desconforto e prejuízo tremendos, parecendo querer concordar com a medida e esboçando sorrisos amarelos e cúmplices.

Noutra peça, um par de pais que em tempo resolvera oferecer um brinquedo de guerra a um filho, resolveu comparecer a uma espécie de cerimónia patrocinada pela Amnistia Internacional, onde se trocavam brinquedos de guerra por outro tipo de brinquedos que proporcionassem às crianças uma visão mais pacifista do mundo. E lá apareceram os pais pressurosos na reportagem, os mesmos que teriam oferecido uma metralhadora ao filho, na bicha para a troca. O que é patético na coisa é que até se admite que um pai se arrependa de ter oferecido uma pistola de brinquedo a um filho, mas aquela expressão de vítima, destes tempos belicosos e perigosos instigados por um desenfreado consumismo, que os pais circunstancialmente afivelam é que nos leva a pensar que o tempo presente é, realmente, perigoso. Não porque seja particularmente belicoso, mas porque se revela cada vez mais patético.

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sexta-feira, setembro 21, 2007

Mundo cão



[2029]

Via Contra Capa

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Injustiças

[2028]

Isto está complicado. Hoje acordei com dois pensamentos dominantes, qual deles o mais idiota. Um era o de que Mourinho precisou de sete horas para ganhar € 25 milhões. Depois fiz um rápido cálculo mental sobre quanto é me rendem sete horas do meu trabalho. Claro que tive de me levantar a correr para o duche.

Um pouco depois, já a tomar café (aquele café que piorou de impacto desastrosamente desde que deixou de ser seguido por um daqueles Marlboro que apertam as coronárias) a que me mantenho fiel e com o ruído de fundo das notícias, dei por mim a pensar que as notícias são todos os dias as mesmas, iguais e desesperadamente reveladoras de uma forma de estarmos (nós, portugueses) neste mundo numa posição de contra-poder e de uma supostamente atitude de qualquer coisa a que vagamente se poderia chamar esquerda e politicamente correcto, mas que se assemelha mais a um qualquer complexo que eu tenho dificuldade em definir. Nas mais pequenas e aparentemente insignificantes notícias se nota isso. Há uma tonalidade permanente de contra poder ao poder que nós próprios exercemos e que ninguém nos obriga a exercer. Assim ao jeito do ministro que saltou para o Terreiro do Paço, há uns anos, para participar numa manifestação contra ele próprio. Isto é revelador de um fenómeno estranho que eu, certamente não tenho qualificação para discutir. E, como bom exemplo do que digo, se algum dia quisermos analisar a questão, adivinhem quem é que a RTP chamará –o Dr. Daniel Sampaio, pois claro.

O melhor, assim, é não pensar. De preferência deixar de ouvir as notícias e ler, apenas, blogues. Muito mais honestos e com um muito amplo espectro de opinião. E com um muito mais apurado sentido de humor. Ah! E “last but not the least”, escreve-se, normalmente, sem erros de ortografia.

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quinta-feira, setembro 20, 2007

Absoluta falta de tempo

[2027]

Há tanta, mas tanta coisa para ler sobre o Mourinho, o Scolari, Aquilino e o umbigo (com direito a foto e tudo) da F. Câncio que não consigo arranjar tempo para escrever seja o que for. Mas o fim de semana vem aí. Quanto mais não seja, haverá tempo para responder a alguns comentários.
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quarta-feira, setembro 19, 2007

Birras



[2026]

Aquilino Ribeiro, ateu e republicano, segundo o inefável Fernando Rosas, e cúmplice no regicídio segundo o punho e a pena do próprio Aquilino, foi trasladado para o Panteão Nacional.

Se há coisas com que eu embirro é com as birras da esquerda.
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Universal elections


[2025]

Ainda a propósito da visita do Dalai Lama e da urticária que acometeu muita gente pelo facto de aquele líder espiritual não ter sido recebido pelo governo, hoje almocei com um colega e um potencial fornecedor chinês. O meu colega é uma daquelas pessoas que acham que serviço é serviço e cognag é cognac pelo que, a páginas tantas, quando a conversa se generalizou e permitiu abordagens sobre questões políticas, liberdades, direitos humanos, etc., acabou por perguntar ao chinês:

- For instance, do you people have elections?

O chinês responde sem hesitar e algo admirado:

- Of course, evly morning, like evlibody else...

Cai o pano.

ADENDA: Esta história é, naturalmente, uma anedota, adornada como se fosse uma história verdadeira.
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Confusão de sentimentos*



[2024]

A minha ambivalência em matéria de sentimentos para com o meu país é um facto que não posso escamotear. Aliás, muitos dos meus posts o revelam. Mas creio que nunca como neste momento essa ambivalência me marcou tanto, em que por um lado tenho o meu primeiro ministro a falar inglês técnico com Bush e a debitar umas patacoadas sem nexo e, mais, a ser ironizado no site da Casa Branca, enquanto eu procuro estarrecido por um buraquinho onde me possa esconder. Por outro lado, olho para a televisão e tenho de ouvir o porta-voz dos McCann’s a bolsar uma série de alarvidades sobre nós e a nossa polícia e, mais grave, com aquela pretensa elegância do chazinho com um farrapinho de leite. Claro que me apetece mandar com uma jarra ao televisor, aos McCann’s, ao porta-voz dos McCann’s e tenho de pensar rapidamente, como medida profilática, em Sócrates outra vez para poder regressar ao mode “portuga”.

Foto e site da White House via e-jetamos que também reparou no Middle-West!


* Titulo de um conto de Stephan Zweig


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terça-feira, setembro 18, 2007

Alarmistas sociais...



[2023]

Eu que não sou jurista, nem alarmista, nem histérico nem promotor de alarme social, que é o que o nosso inefável ministro Alberto Costa acha que se está a passar em relação ao novo Código Penal, fico um bocadinho alarmado, vagamente histérico e apetece-me promover um bocadinho de alarme social quando vejo um violador assassino de um rapazinho de seis anos condenado a doze anos de prisão, sair em liberdade porque entretanto recorreu…

Parece que o próximo a sair é um cidadão que matou por aí uns polícias e acabou por ser peso e condenado.

No fundo, no fundo, quem está a ser alarmista são juristas que julgo saberem da poda e são os primeiros a dizer que estão criadas condições para alarme social. Ainda há dias Marcelo Rebelo de Sousa o fez. Mas todos nós sabemos que Marcelo é um alarmista e um coscuvilheiro. Há que confiar em Alberto Costa…

Há? E se ele um dia dia destes vem para a imprensa dizer que "este" não é o Código Penal dele, como fez com as polícias há uns anos atrás? Hummm, este homem não é fiável!

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Olha que dois



[2022]

Tenho a impressão que fui a única pessoa a reparar que Sócrates mudou o Middle East para o Mid-West, quando se referiu à acção dos USA naquela região do globo.

Eu sei que há uma benevolência generalizada dos media em relação ao nosso "jogger" de serviço (outra das facetas elogiadas por Bush, cumprimentando os portugueses por terem um exercised leader, apesar de já ter cinquenta anos!...). Mas que diabo, nestas coisas, as pessoas falam ou tartamudeiam, quando se expressam em estrangeiro. Têm é de ter cuidado e não mudar a Palestina ali para o Kansas ou para o Missouri. Por muito bom que o nosso inglês técnico seja…

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segunda-feira, setembro 17, 2007

Os homens são uns volúveis




[2021]

Eu tento seguir a mainstream e começo a ver o “Prós e Contras” cheio de vontade de embirrar com a ministra. Mas depois começo a ouvir, a ouvir, a ouvir, depois começam a falar os professores-sindicalistas ou os sindicalistas-professores, a falar, a falar, ele é a cidadania, ele é a carreira, não percebi bem, e às tantas dou comigo a simpatizar com a senhora…

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Ler os outros

[2020]

- temos dois ministros da justiça: Alberto Costa e Maria José Morgado;

- temos um interessante critério político na "pressa" em evitar a saída de alguns presos preventivos. Alguém, pressuroso, informou os órgãos de comunicação social que o país pode estar calmo: saíram ou vão sair acusados de assassinatos, violações, etc., mas não será libertado Mário Machado, o dirigente dos skinheads, que é acusado de incitar ao ódio racial, algo que em países genuinamente liberais não é crime, nem sequer delito de opinião. Tudo na longa manutenção de prisão preventiva de Mário Machado é estranho e aponta para razões puramente políticas, o que é inadmissível numa democracia.

J. Pacheco Pereira in Abrupto

"...Há uns anos atrás criticava-se Valentim Loureiro por distribuir fogões, máquinas de lavar roupa e outros electrodomésticos à população de Gondomar em plena campanha eleitoral autárquica. Hoje assistimos ao desfile de professores e alunos que, das mãos do Primeiro-ministro e de outros Ministros, e formando uma plateia bem comportada, recebem computadores com ligações à internet a preços competitivos. O gesto é o mesmo e é igual, em essência, a outro tão glosado em filmes de época, de um cavaleiro nobre e rico que atira moedas às gentes pobres que lhe rodeiam o cavalo. Coisas de outros tempos, coisa de outras sociedades..."

JCD in Hole Horror

Ver este documentário no Insurgente. Como diz o JCD, não passará na RTP, com certeza absoluta.

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A arte do lucro

Post dedicado

[2019]

Com a devida vénia ao
JCD, a transcrição deste post:

De tempos a tempos, sobe ao top de vendas um qualquer livro de um guru da esquerda mediática. E, quase sempre, não resisto a contribuir para o aumento do bem estar do autor e compro-lhe o best-seller. Um dos que habita as minhas estantes é Chomski. Outro é Ignatio Ramonet. Deste último, aprecio particularmente as permanentes previsões de queda iminente do capitalismo - vai para 20 anos que para o ano é que é. Dentro desta biblioteca de esquerda, estão dois livros que venderam milhões e que contribuíram para um vergonhoso aumento de riqueza das autoras, que me deixam muito bem disposto, porque servem para definir patamares. Há quem ache que são o máximo.

O primeiro destes livros chama-se “O Horror Económico” e é da autoria de Vivianne Forrester. É um livro que foi todo escrito com base numa premissa. A piada é que essa premissa é falsa. A autora acreditava que as pessoas vivem cada vez pior e que estamos mais pobres hoje do que estávamos há 100 ou 200 anos. O “Horror Económico” foi escrito na década de 90, nos anos em que o mundo mais enriquecia e que milhões de pessoas se livraram da miséria absoluta. O livro é uma denúncia desse mundo em empobrecimento.Há uma certa coerência no erro da Vivianne. A autora quer que as políticas que conseguiram tirar milhões da pobreza sejam abandonadas em favor de outras que, sempre que foram aplicadas, espalharam a miséria. É compreensível. Se o diagnóstico está errado, a receita nunca pode ser certa. A Vivianne também sofre de um problema matemático. Se somos 10 e entre todos temos 20, devemos distribuir 5 por cada um. Contas de somar e multiplicar são coisas complicadas e a matemática é uma arma dos capitalistas cuja utilização deve ser evitada a todo o custo. A autora pensa que os mercados são uma conspiração de alguns milionários para sugar os pobres e os excluídos. Não faz a menor ideia do que são e para que servem os instrumentos financeiros e acredita que os as coberturas de riscos são "economia de casino". Para ela, a economia é um jogo de soma nula ou de soma negativa. O pior é que, apesar de ter escrito um livro inteiro a explicar o empobrecimento dos que enriqueceram e a exigir o fim do capitalismo, não apresenta nenhuma alternativa. Não faz a menor ideia. Apenas quer que não seja como é mas não tem nada para substituir. Vendeu centenas de milhares de livros e obteve com a obra um vergonhoso lucro capitalista.

Outro grande livro de referência do género deste último é o No Logo, da canadiana Naomi Klein. Recebeu o subtítulo "A Tirania das Marcas num Planeta Vendido". Este dedica-se às Grandes Corporações. Naomi acha que as marcas são um horror. O mundo dos negócios é uma máfia e as administrações das empresas são um bando de delinquentes que usam uma terrível ferramenta, o marketing, para corromper as nossas criancinhas, os trabalhadores e os palermas dos consumidores. Claro que não se esquece da críticar aos investimentos das multinacionais no extremo-oriente, ignorando as centenas de milhões de chineses, indianos, malaios, filipinos, coreanos e taiwaneses que se livraram da miséria absoluta nos últimos 20 anos devido a esses investimentos. O livro de Naomi Klein foi publicado por uma multinacional, a autora tornou-se um símbolo da luta anti-globalização e enriqueceu.A Naomi tem um novo livro e demonstra ter compreendido como ninguém as técnicas de enriquecimento pessoal. O livro chama-se The Shock Doctrine: The Rise of Disaster Capitalism. O conteúdo do livro não deve ser muito diferente do último, a julgar pelas críticas, mas a estratégia do lançamento deste novo Naomi é um exemplo da arte de bem fazer promoção e marketing para exponenciar os lucros. Com a ajuda de dezenas de jornais e televisões, a promoção é quase gratuita. Vejam o exemplo do Guardian. Aprendam com a Naomi como ganhar milhões e ser uma boa capitalista.
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Ser rico, pelo menos hoje


Palace Hotel - Murren


[2018]

Hoje seria um dia em que eu, sendo rico, diria ao piloto do helicóptero que habitualmente me conduz ao trabalho, para me deixar em Tires. Aqui apanharia um Falcon qualquer que me deixaria em Interlaken, à vista do Jungfrau, onde apanharia um táxi até à estação do cableway para Mürren. Subiria a montanha e sairia da carruagem ainda a tempo de tomar um aperitivo de alcachofra, antes de comer uma veal zurichoise com rosti no hotel. A seguir passearia pela aldeia e, mais tarde, regressaria a Lisboa.

Agora vou meter-me num vulgar automóvel e fazer a marginal até Lisboa, onde trabalharei todo o dia. Logo à noite sentar-me-ei na sala e meditarei um pouco sobre o que se diz por aí de que o dinheiro não traz felicidade…


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domingo, setembro 16, 2007

Torcer o pescoço ao canário


[2017]

- ao abrigo do disposto no artigo 5 do Decreto-Lei nr. 39.209 de 14 de Maio de 1953;

- artigo 11º do Decreto-Lei nr. 69/96 de 3 de Maio;

- declaração de existência à junta de freguesia da área de residência ou médico veterinário municipal, que passará a constituir o Anexo I do presente aviso;

- declarações coligidas pelos médicos veterinários ou pelos presidentes de junta, recebidas em relatório do modelo do anexo VII da declaração, remetidas em suporte informático às direcções regionais de agricultura da área;

- obrigações e condicionamentos impostos e divulgados pelo Aviso nr. 1 de 22 de Outubro de 2005 e Aviso nr. 2 de 3 de Novembro de 2005;

- Artigo 8 do Decreto-Lei 69/96 de 31 de Maio;

- fiscalização do cumprimento das condições impostas nos Avisos presente, 1 e 2 a ser feita pelos médicos veterinários municipais, direcções regionais de agricultura e autoridades, como a GNR e Polícia de Segurança Pública
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Estas, algumas das disposições, termos, pedaços de legislação, procedimentos e expressões não referidas tais como “na senda da União Europeia” e aviso "que a presente declaração tem que ir devidamente preenchida", a propósito do recenseamento das aves para a prevenção da “Gripe Aviária”.

“Gripe aviária” é um expressão incorrecta (dever-se-á dizer gripe das aves, por razões óbvias e facilmente perceptíveis e uma Instituição do Estado tem obrigação de se expressar em português correcto) e com toda esta burocracia, tenho a certeza que vale mais dar uns espirros, tomar uns antibióticos e torcer o pescoço ao canário, do que alinhar nesta burocracia absurda, rebuscada, fiscalizadora e manga de alpaca em que continuamos a ser especialistas.


Documento descoberto via A Aba de Heisenberg

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Râguebi 2



[2016]

Râguebi. O novo desporto nacional?
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Râguebi



[2015]

Para os que não viram o jogo aqui fica a fibra dos All Blacks (Haka) e dos Lobos (A Portuguesa). Convenhamos e perdoem a pobreza da linguagem, mas: Como é que se ganha a estes gajos?
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Mais um...



[2014]

Miguel Sousa Tavares desfia no Expresso desta semana mais um rosário de dores pelo facto de o Dalai Lama não ter sido oficialmente recebido pelas autoridades portuguesas.

Fiquei a saber, assim, que fosse Miguel Sousa Tavares presidente da república ou primeiro ministro e o Dalai Lama seria certamente convidado para um chá em Belém, uns bolinhos da fortuna em S. Bento ou, pelo menos, um licor de rosas no Pavilhão Chinês. Temos, assim, mais um, a juntar ao número substancial de figuras íntegras que derramaram um comovente exercício de deliquescência política e se exasperaram com a atitude do nosso governo. Nos jornais, na rádio, na televisão e, inevitavelmente, na Blogos.

Como seria diferente o mundo se essas figuras pudessem decidir…
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sábado, setembro 15, 2007

Juke box 26



[2013]

I wonder, Chris Isaak
(When I was younger, I believed that the dreams came true, then…)

Bom fim-de-semana a todos.

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Porque hoje é Sábado. África do Sul - Tantos países num só ( 3 )


Cape Agulhas - Vista a partir da colina dominante . Note-se, ao fundo, o margo geodésico que assinala o ponto exacto do "southernest point" of the african continent!

[2012]

Cape Agulhas. – Na realidade o ponto mais a sul do continente africano, contrariamente à noção generalizada de que é o Cabo da Boa Esperança que detém esse título.

O Cabo Agulhas (nome dado pelos portugueses devido aos múltiplos recifes e rochedos que abundam naquela zona) situa-se a 34º49’ S e 020º00’E e marca realmente a divisão entre os Oceanos Índico e o Atlântico. É uma região de ventos fortíssimos e onde as águas frias da corrente circumpolar antárctica confluem com as águas mais quentes da corrente agulhas, oriunda do Canal de Moçambique, provocando tempestades frequentes e ondas gigantescas que segundo a crença popular podem atingir os trinta metros.

Cape Agulhas é uma pequena vila maioritariamente formada por pescadores. Apenas 6% da população é negra e imigrada dos territórios bantus mais a norte.

Cape Agulhas é ponto obrigatório de passagem para os privilegiados que fizeram ou farão ainda a célebre Garden Route, uma das estradas mais bonitas do mundo e que parte de CapeTown para Somerset West, Strand, Gordon’s Bay, Hermanus, Mossel Bay, Knysna, até à Wild (ou Skeleton) Coast.




Quem não desejou já ter uma casa na árvore como nas histórias de escuteiros?
Mala-Mala game reserve, bungalow.


Existem algumas dezenas de reservas privadas no Kruger Park, aquele pedaço de paraíso entre a África do Sul e Moçambique.

Conheci algumas e de todas a que mais gostei foi a de Mshlabanyhati mas, infelizmente, não encontrei qualquer registo na net.

De qualquer forma, Mala-Mala é talvez a maior e mais conhecida. Estende-se por 16.000 hectares e acompanha o Sand River por alguns quilómetros. Tem early morning e dusk safari em jipes abertos e guias experimentados. É uma região muito rica em carnívoros, sendo relativamente fácil assistir à caçada de um javali ou grande antílope por leões.

A uma hora de voo de Johannesburg e a meia hora de voo de Maputo e a preços razoáveis, Mala-Mala bem poderia competir com as Puntacanas do nosso descontentamento

Nota: Clicar em ambas as fotos para ver melhor

ADENDA: De Brisbane chega-me uma correcção. Uma amiga que conhece a RSA tão bem ou melhor do que eu chamou-me a atenção para o facto de a Skeleton Coast se situar no Atlântico e não no Índico. E eu, careca de saber mas cada vez mais descuidado na forma como descrevo coisas, agarrei na Wild Coast e na Skeleton Coast e meti tudo no mesmo saco. Um beijinho para a D e obrigado pelo cuidado.
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sexta-feira, setembro 14, 2007

Ó senhor Carlos, desculpe lá o mau jeito...


[2011]

- Bom dia senhor Carlos, como vai isso?
- Vai-se andando D. Valentina. E com a senhora, tudo bem?
- Tudo óptimo, senhor Carlos. Ia a passar e vi-o aqui agachado e perguntei-me o que seria que o obrigava a estar aqui de cócoras...
- Ó D. Valentina, então não quer lá ver que os seus cães vieram cá outra vez e mataram-me uma data de ovelhas?
- Outra vez, senhor Carlos? Mas aqueles cães andam doidos ou que? Então e quantas mataram?
- Desta vez foram só quatro, que ainda se lhes vê aqui as marcas dos dentes. Mas veja lá, com a confusão acabaram por morrer 215, asfixiadas com o tropel . Ou seja, um total de 219 ovelhas.
- Ai, valha-me Deus senhor Carlos. Mas prontes veja lá quanto é isso e eu pago-lhe como da outra vez. Da outra vez foram 6 mortas, não foram?
- Foram D. Valentina, a senhora pagou-me 700 Euros, porque eram seis animais.
- Então mas veja lá quando é que dá agora...
- Olhe já fiz as contas D. Valentina, dá 16.000 Euros. Ainda é muito dinheiro...
- Pois, senhor Carlos, mas a culpa é minha. Eu tenho cuidado em manter aqueles danados fechados mas deve ter passado alguma cadela à frente do portão e eles em se tratando de cadelas não há quem os segure e até saltam o portão...
- Que maçada, D. Valentina, tem que ter mais cuidado. Os boxers sao muito dados às cadelas, não são?
- São, são, senhor Carlos! Enfim. Olhe, pronto. Está aqui o cheque e esteja descansado que eu vou mandar levantar mais a altura do portão, ta bem?
- Tá bem, D. Valentina. Então até depois e cumprimentos ao seu marido.

Esta história é verídica e aconteceu em Faro e vem noticiada no DN (sem link). Agora que venha de lá esse Dragunovic nao sei das quantas dizer que as p... das nossas mães têm mais fair play que nós. É o que eu digo. Aquele murro do Scolari foi mas foi mal acertado!


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Só uma vez



[2010]

Nunca disse nada sobre os McCann (os maqueines, como grande parte dos media portugueses dizem e a Sofia, com oportunidade e muita graça referiu). Como tenho filhos, tenho grande dificuldade em me colocar nos sapatos daquele pai, tanto no caso de a filha ter sido raptada como no cenário hediondo, que se tem desenhado, de morte da criança, com ocultação do cadáver por parte dos pais. É que não sou capaz sequer de imaginar-me como protagonista, acho que ainda hoje andava por aí aos saltos a bater em toda a gente até ser preso e/ou cair para o lado com um esgotamento ou um enfarte.

Daí que tenha gerado até alguma simpatia pela frieza dos pais, pelo controle evidenciado, algum respeito até pela faculdade deles se manterem tão racionais, pensando eu que a haver uma forma de reencontrar a criança a via seria essa mesma.

Com as coisas chegadas ao ponto a que chegaram e sendo eu um fervoroso defensor da presunção de inocência até à condenação, começo todavia a sentir-me terrivelmente incomodado. Primeiro porque as diligências da polícia judiciária apontam indícios muito difíceis de contrariar, como sejam os vestígios biológicos da criança, sobretudo a “grande quantidade de cabelos” encontrados na bagageira do carro alugado. E depois porque, uma vez mais, deparo com uma faceta absolutamente insuportável dos ingleses, qual seja a convicção real de que vieram a este mundo condenados a conviver com uma comunidade que eles próprios tem dificuldade em qualificar antropologicamente. Só sabem que, em princípio, devem pertencer a uma forma humanóide, vivem para lá do canal, emitem algumas sonoridades que poderiam eventualmente ser línguas e que, por isso mesmo, eles se recusam (ou não conseguem) aprender e têm um aspecto morfológico que lhes é mais ou menos semelhante. Esta atitude justifica os últimos desenvolvimentos e eu acredito que virá a ser muito difícil, agora, a judiciária provar seja o que for, no caso de ter havido crime. A não ser que as evidências sejam tão fortes que eles se vejam obrigados a claudicar. Mas com advogados pagos a €1000/hora e com os donativos já a chover para um fundo que se destina a pagar a defesa contra os bárbaros e polícias do terceiro mundo a fabricarem provas para incriminar os “maqueines”, duvido bastante.
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Um brasileiro tranquilo



[2009]

Mas quem é Pinto da Costa para se desdobrar em telefonemas a “exigir” a demissão imediata de Scolari? Como pode esta manhosa figura que enquanto constrói a sua imagem de alma sensível recitando poesia na televisão vai puxando os cordelinhos de um grupo de esbirros, desde polícias no activo até empresários de inescrupulosa extracção e de uma comandita de arruaceiros de claques para a corporização do seu sonho provinciano de guindar o FCP ao pedestal da fama através do esmagamento dos seus adversários? Como é que um indivíduo nos últimos tempos mantido em estado letárgico devido ao baixo perfil que ele próprio se impôs por força da pressão dos tribunais se vem agora arvorar em moralista e fiscal de bons costumes?

Scolari é um brasileiro de sangue quente que produziu um trabalho dificilmente comparável na selecção portuguesa de futebol. Perdeu a cabeça perante um árbitro manhoso e um jogador não menos ardiloso. Só quem não viu o jogo é que não sabe. Scolari não conseguiu segurar o testo e perdeu a cabeça, numa atitude condenável e que lhe vai custar um castigo. Mas era bom que todos aqueles que se armam repentinamente em arautos dos bons costumes se lembrem do historial de indisciplina, por vezes roçando o vandalismo como quando literalmente se destruiu um balneário em França e do capital de grosseria, indisciplina e até "bruxaria" que a selecção vinha acumulando até Scolari pegar “naquilo”. De repente o chefe tem uma fraqueza e “quase” que dá um estalo num jogador idiota e manhoso. Por mim, já que Scolari vai ser castigado de qualquer maneira, só foi pena não ter acertado. E quanto aos telefonemas de Pinto da Costa, alguém que lhe ofereça um espelho e um calmante.

ADENDA: Só depois de escrever isto, li o Maradona. Indispensável ler as putas das criancinhas, sobre o mesmo tema.

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quinta-feira, setembro 13, 2007

Nobreza

[2008]

Do milhão de posts que li sobre a visita do Dalai Lama a Portugal e sobre o facto de o Governo não o ter recebido, fiquei a saber que a maioria dos respectivos autores dos posts se fossem Primeiro Ministro ou Presidente da Republica teriam recebido o Dalai Lama com honras de chefe de estado, mesmo que tivessem de atropelar todas as exigências sinuosas da real politik.

Como não são, arvoram-se a comodidade de apregoarem a tremenda injustiça cometida e lamuriarem-se sobre o triste pais em que vivemos. E, naturalmente, glorificarem a nobreza de sentimentos de que todos estamos profundamente imbuídos.
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Ficam-nos bem estes sentimentos



[2010]

Verdadeiramente, não me surpreende este recente bru-á-á com a vinda do Dalai Lama a Portugal. Já em 2001 assim foi e as consciências adormecidas voltaram a acordar e a espernear em 2007.

Diverte-me a nobreza dos portugueses. Sobretudo sempre que isso representa a afirmação do protagonismo que, de outras formas, seria inalcançável. Gritamo-la com a mão no peito e de mento bem elevado. Um dia destes o Dalai Lama vai-se embora e tudo volta à paz do Senhor. E voltamos a falar dos professores, do Scolari e da mudança da designação de velhos do Restelo para velhos do Campo Alegre, como quer o Manuel Serrão.

São os ciclos do nosso contentamento. E então desde que a Blogos se impôs definitivamente, estas causas têm crescido. Em número e variedade. E como já tinha passado a época da Festa do Avante e das “farc”, aí tivemos o Dalai Lama. Vão ver que Jorge Sampaio ainda se vai cruzar com ele no museu de Arte Antiga, no CCB ou no Martinho da Arcada. Sem querer, claro. E depois manda uma farpa a Cavaco Silva. Qualquer coisa como “pelo circunstancialismo dos factores inerentes à opacidade necessária das causas que poderiam inquinar o bom relacionamento institucional há que procurar, estimular e, mesmo, participar, em medidas conducentes à materialização das condições necessárias, mesmo que insuficientes, do reconhecimento dos grandes vultos da liberdade. Da justiça. Da modernidade”. No fim, rola uma lágrima e vem tudo no jornal.
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Em defesa da tampa que salta



[2009]

Há alturas na vida em podemos e devemos mandar às urtigas quaisquer esforços de contenção e deixar saltar a tampa da panela. Num mundo espartilhado por procedimentos correctos, é frequente os espartilhos disfarçarem atitudes menos apropriadas, quando não desonestas. O homem é um animal estranho e capaz das atitudes mais inesperadas por razões tão fúteis e pueris só por não se gostar do bigode ou do tom de voz de alguém. E o que este árbitro do Portugal vs Sérvia demonstrou ontem foi isso mesmo. Uma insuportável raivinha contra Portugal e, possivelmente, uma circunvolução cerebral a mais ou menos que lhe permitiu uma das mais inteligentes arbitragens de que tenho memória. Digo eu, que não percebo nada de futebol, mas o suficiente para perceber que a inteligência deste árbitro (alemão, penso eu) está muito para além do penaltezinho arranjado em troca de um cabaz de “fruta”. E como um penaltesão estaria sempre fora de questão, eis que uma segunda parte de permanente faltas a meio campo contra Portugal, por vezes dando a sensação que só porque um português espirrava, acabou por produzir aquilo que se pretendia. Um golo, assente no nervosismo dos portugueses e, não menos importante, saído de um fora-de-jogo escandaloso. Mas um fora de jogo é um fora de jogo, é daquelas coisas que um árbitro pode dizer que na altura é sempre difícil julgar naquele décimo de segundo, etc...

O resto é conhecido. Com escassos minutos para jogar, o jogador que se atira para o chão a fingir que tem dói-dói no tutu e outro que provoca miúdos com sangue na guelra (no caso Quaresma) acaba por fazer perder a paciência ao mais pintado e nem Scolari se aguentou.

E agora vem aí a procissão do costume. Aqueles que berrarão na TV que com Mourinho é que é e os outros, os cientistas da bola que vão explicar na televisão as malfeitorias tácticas, as más escolhas e as piores substituições. Meia dúzia de “Pintistas” vão dormir melhor de noite e vão rir duas ou três alarvidades para a televisão também. E como faltam ainda quatro jogos e ainda vem por aí um castigo qualquer da UEFA, a coisa agora está mesmo comprometida.

Ai Scolari, que borraste a escrita com esse acesso serôdio de testosterona. Te cuida, cara. Senão lá vais ter de deixar Cascais de que tanto gostas…
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quarta-feira, setembro 12, 2007

Shhhiuuuu...

[2008]

Três deputados europeus foram apanhados numa manifestação contra a islamização da Europa. Todos (os deputados) de extrema-direita, diz a notícia da RTP.

Ainda que me cause alguma surpresa vir a saber que a extrema-direita afinal tinha assento no parlamento europeu, divirto-me imenso a pensar que não posso pensar que gostaria mais que a Europa se mantivesse cristã em vez de islâmica ou islamizada. Quer dizer, pensar, parece que posso. Não posso é dizer. Mais. Que isso reflecte posições de extrema-direita. Já manifestações de sinal contrário, incluindo violência não só são toleradas como bem-vindas, porque é na tolerância e na hospitalidade democrática que se reflecte a superioridade da nossa civilização.

De qualquer maneira diverti-me imenso com a cara dos polícias bruxelenses (é assim que se diz? É que dá erro…) a tentar imobilizar os deputados europeus. Um deles então, o italiano, dava uma luta tremenda. Esperneava e berrava. E ficou completamente despenteado.

O que os islâmicos se devem rir connosco…
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Dignidade e profissionalismo



[2007]

Por vezes, é perante a morte que se descobrem as grandes lições de vida.

Por qualquer razão, eu não sabia que tinha sido possível acompanhar alguns momentos do drama do American 11 antes de o avião embater fragorosamente numa das torres gémeas. A RTP apresentou ontem uma reconstituição do que pode ter sido esses últimos momentos da viagem, sobretudo através de ligações telefónicas com as assistentes de bordo e por filme foi reconfortante verificar como a acção decidida e, sobretudo, controlada e muito profissionalizada de um grupo de mulheres conseguiu fornecer a informação necessária para a identificação dos animais criminosos que se apropriaram do avião.

É certo que não salvaram ninguém, mas puderam, pelo menos, amenizar os últimos momentos de um grupo de passageiros que nem sequer perceberam que a morte estava ali a poucos minutos esperando por eles, através de uma acção apropriada a evitar o pânico descontrolado. Puderam ainda prestar valiosa informação que serviu para, mais tarde, prender alguns dos responsáveis

É neste cenário que os últimos posts de Daniel Oliveira no seu Arrastão me chegam a parecer obscenos. No 31 da Armada acham-no de "mau gosto" . Por mim, custa a entender que se consiga encontrar ali uma espécie de ressabiamento, de raiva, uma permanente e nem sequer disfarçada animosidade em tudo o que Daniel de Oliveira escreveu neste últimos dias sobre o 9/11. Não entendendo, nada me tolhe, todavia, no sentido de apontar a dedo aquilo que me parece, repito, uma obscenidade. E uma profunda falta de respeito pelas vítimas (aqui é a parte em que Daniel Oliveira, se respondesse a este post, diria “então e as vítimas no Iraque?”)

Uma vez mais, quanto às assistentes de bordo do American 11, o meu profundo respeito pela sua digna acção. São episódios destes que fazem com que continuemos a acreditar em valores como a dignidade, o profissionalismo, a integridade e o espírito de missão. Nos homens, enfim. Vocábulos estranhos a muita gente, eu sei.



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terça-feira, setembro 11, 2007

Nine Eleven


[2006]

Impossível passar ao lado desta data. Impossível não recordar aqui as vítimas do atentado bárbaro, na data de hoje.

Aprendi uma coisa. Que no mundo livre, frequentemente se interpreta e mistura convicções ideológicas com uma pura e simples ausência de escrúpulos e total tonteria. Quando, afinal, uma coisa não tem a ver com a outra. Recordo-me concretamente das barbaridades que fui ouvindo ao longo destes seis anos, desde “os americanos andavam a pedi-las” até à negociação como única forma de lidar com os terroristas.



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