segunda-feira, dezembro 31, 2007

Feliz Ano Novo


[2235]

E a rolha do Espumante salta uma vez mais, como habitualmente, levando a todos os confrades, vizinhos e amigos os votos do maior sucesso.

Feliz 2008

Hip Hip Hurray
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domingo, dezembro 30, 2007

Versos quadrados?

[2234]

Só os brasileiros conseguem fazer do quadradismo, cafonice e meninice dos seus versos verdadeiros poemas. Juntam-lhe a melodia inspirada nos céus iluminados pelo Cruzeiro do Sul e o requebro erótico de corpos cinzelados pela natureza pródiga e morna de lá de onde Deus é brasileiro e o resultado é poesia em movimento e aquele cheirinho de passagem de ano que paira já por aí…

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Jantar de confraternização


Não foi bem assim, mas quase.
Clicar na foto. Não vai conhecer ninguém, nas faz de conta...
[2233]

Só agora me refiro ao simpático jantar que reuniu alguns bloggers da nossa praça à mesa duma cervejaria de Alcântara (ao pé do palácio, é bom que os lisboetas o saibam), porque tenho vindo gradualmente a recuperar do choque de ter finalmente percebido que a Azulinha, além de mulher bonita, tem pescoço, peito de gente, pernas em proporção e não tem barriga. A distracção dos homens é imperdoável e eu distrai-me e, para mim, que a última vez que a tinha visto estava imensamente grávida, ela era mesmo assim como estava da última vez. Mas lá diz o ditado, incha, desincha e passa e afinal a piquena …pois!

Tive o prazer de rever a Madalena e o Jorge, este último em acesa discussão com a Nini sobre os problemas da educação, mas não se chegou a lado nenhum, apesar de haver ali uma altura em que pensei que a educação iria, finalmente, entrar nos carris. Não entrou.

Depois havia uma onda de juventude bonita e de várias latitudes o que dá sempre um tom de frescura às coisas. Sobretudo aquelas que como a Chiqui, a Tuxa e a Aenima navegam pela diáspora, alargando os horizontes da vida e do conhecimento, situação que me trouxe á memória fases da minha própria vida. A AEnima ainda achou que eu sou um galã com sal e pimenta no cabelo e na piada e fico á espera que ela me mande um croquis para eu perceber melhor!

A Ana tem doze anitos e é um espanto. Tem uma oralidade invejável, é bonita como a mãe e fala quase tanto como ela. É desembaraçada, é um gosto conhecer uma miúda assim. Também gostei muito de conhecer a Calamity, que não tem 12 anos mas é um amor de criatura. A C-mim foi uma surpresa (eu pensava que ela era sisuda e brasileira) e tive ainda o prazer de conhecer o Amílcar. Dos namorados e maridos não falo, são uns sortudos por terem tão ditosas esposas e namoradas. Vingo-me dizendo que aqui em casa quem manda no comando da televisão sou eu e estou livre de expedições aos supermercados para fazer uma avaliação sustentada e científica sobre qual o mais apropriado detergente para a loiça.

Tudo junto e somado, um jantar e um convívio muito agradável. Falta só dizer que mal saí do restaurante comi a loira toda. Nem os totós se salvaram. Um selvagem, é o que eu sou!
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Juke box 51

[2232]

A introdução é um bocado a atirar para o bolacha/bolachinha, mas depois começam a cantar e a magia instala-se
Bom fim-de-semana para todos.

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sexta-feira, dezembro 28, 2007

Um lapso imperdoável do Dr. Soares



[2231]

Mário Soares distraiu-se. Tem andado por aí à conversa com Clara Ferreira Alves na televisão e esqueceu-se de ir ao Paquistão negociar com uns quantos seres humanos (expressão apologética de Soares quando CFA trouxe o terrorismo à baila junto à mesquita de Córdova) que andavam a combinar fazer explodir Benazir Bhutto. Uma maçada, embora nada que lhe tire o sono de uma revigorante sesta. Depois de Bhutto, entretanto, já morreram mais catorze.

Dr. Soares, está à espera de quê para ir negociar com aqueles seres humanos? Eu sei que a culpa é do Bush, mas nestas coisas é preciso cuidado, vai ver que eles ainda acabam por matar para aí alguém que não deviam…

E.T. Aqui fica a minha sincera admiração e respeito por uma mulher que não receou uma morte anunciada.
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quinta-feira, dezembro 27, 2007

Sair a terminação


[2230]

Aqui estão duas razões fortes para eu achar que Sarkozy é um excelente presidente da república. A verdade é que já vi mais fotografias de Sarkozy de óculos escuros que de Carla Bruni. Mas em qualquer dos casos, usar Ray Ban e sair com Carla são prerrogativas exclusivas de homens de bom gosto. A França está bem entregue.

Para que conste, eu uso Ray Ban há muitos anos. Os clássicos, o maior fenómeno mundial de design e qualidade em óculos escuros. Não uso é Carla Bruni porque ela não deixa. Ou não quer. Ou não a conheço. Ou pela simples razão de que não sou presidente da república. Mas lá Ray Ban, uso. Tenho a terminação.


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Viola chinesa


[2229]

Ao longo da viola morosa
Vai adormecendo a parlenda,
Sem que, amadornado, eu atenda
A lengalenga fastidiosa.

Sem que o meu coração se prenda,
Enquanto, nasal, minuciosa,
Ao longo da viola morosa,
Vai adormecendo a parlenda.

Mas que cicatriz melindrosa
Há nele, que essa viola ofenda
E faz que as asitas distenda
Numa agitação dolorosa?

Ao longo da viola, morosa...

Camilo Pessanha

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quarta-feira, dezembro 26, 2007

A candura de Sócrates em mode Gingóbel


[2228]

Qualquer coisa na mensagem de Natal do nosso primeiro-ministro - não sei se o tom satisfeito, se o olhar elevado (quem é que teve a ideia de pôr o teleponto acima da câmara?) - despertou em mim o pequeno taxista que há em todos nós e, perante o anúncio do bom estado das contas públicas, dei por mim a pensar "O que tu queres sei eu!".

Cristina Ferreira de Almeida in Corta-Fitas

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O Lado Escondido de Todas as Coisas



[2227]

“… Algumas das aldrabices deixam apenas um ligeiro rasto. Noutros casos, a prova é bem visível. Veja-se o que aconteceu em 1987 num dia de Primavera, à meia-noite: sete milhões de crianças americanas desapareceram de repente. A pior onde de raptos da história? Não. Foi na noite de 15 de Abril, e os Serviços de Finanças acabavam de mudar uma norma. Em vez de muito simplesmente declarar o número de filhos dependentes, passou a ser exigido aos contribuintes que dessem o número de Segurança Social de cada filho. Dum momento para o outro, sete milhões de crianças – crianças que só tinham existido como deduções fantasmas nos antigos impressos de declaração de rendimentos – desapareceram, representando dez por cento de todas as crianças dependentes nos Estados Unidos…”

Ora aqui está uma prenda gira. Li este livro de uma assentada e não pude deixar de manter um sorriso permanente. Eu, que nem economista sou.

Freakonomics
Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner
Editorial Presença
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O equinócio das rotinas



[2226]

Todos os anos é a mesma coisa. Ainda o frio não se instalou convenientemente e os dias já começam a ser maiores. Alegra-se a alma lusa do solinho e do quentinho, fenece o entusiasmo daqueles que, por razões não perceptíveis à fauna do calor, continuam a gostar do conforto frio dos invernos que exigem roupa macia, abafada e bonita, aquecimento em casa e no carro e os neurónios mais activos.
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As moscas socialistas



[2225]

Ainda sem ter feito a digestão das rabanadas e azevias, aí está ele, o ministro Rui Pereira na sua incansável campanha de banha da cobra. A mais um assalto a uma farmácia na cidade do Porto correspondeu, de imediato, Rui Pereira a dizer que o crime violento baixou. O mesmo se passa, aliás, em relação aos acidentes na estrada. Ainda a reportagem mostra as chapas retorcidas de mais um acidente em que, salvo erro, morreram quatro pessoas, já oiço dizer que a sinistralidade baixou. Menos não sei quantos mortos, menos uma data de feridos graves e menos um número reconfortante de acidentes que, mesmo assim, terá passado dos mil. Mas isto dos mil apanhei eu “en passant”. Neste particular cheguei a ouvir que os objectivos para este ano foram atingidos, assim à guisa de objectivos de vendas para o último trimestre.

É absolutamente confrangedor e mexe com o mais pacato dos cidadãos. Antigamente, a cada soldado morto nas colónias correspondia sempre a tomada de uma aldeia estratégica aos “turras” ou a abertura de uma nova “picada”. Agora, sem “turras”, mantém-se esta insuportável forma de continuarem a fazer de nós parvos. E, neste particular, o PS ganha por “knock out” a qualquer opositor. E nós, com tudo a melhorar, arriscamo-nos a um dia destes não ter nenhum acidentezinho de automóvel que nos leve um amigo ou familiar ou um assalto que nos empolgue a as rotinas e Portugal passará a ser o paraíso na Terra. “Eles” são imbatíveis. Já a conversa de família de Sócrates foi um exemplo magnífico de como a eficácia do “kompensan” nem sempre vence a insuportável ladaínha deste governo. Ou a aplicação do velho ditado português “só mudam as moscas”!
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segunda-feira, dezembro 24, 2007

Silent night


[2224]

Silent night, holy night.
All is calm, all is bright
Round yon virgin, Mother and Child…

Aqui deixo uma versão vintage da mais bela canção do mundo. Que o dia de hoje é de paz e harmonia.

Um Natal muito feliz para todos.
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sábado, dezembro 22, 2007

Hipatia



[2223]

Estou desvanecido com a distinção da Hipatia. Não preciso de retribuir porque ela sabe que a leio todos os dias e que a aprecio imenso, mesmo quando ela se zanga muito com o status.

Um grande beijinho e boas festas para ela.
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Feliz Natal a todos


[2222]

Comecei, mas não acabei. Tentei estabelecer uma lista de Prémios Espumante, mas a verdade é que é uma tarefa complicada. São muitos e muito bons os blogues que leio, que aprecio, tantos que a atribuição dos prémios seria uma extensa enumeração onde se diluiria o espírito de prémio. Talvez seja melhor assim. Para não ter que cometer a injustiça de, restringindo a lista dos premiáveis a cinco, a dez ou mesmo vinte blogues, não deixar para trás outros tantos do mesmo quilate.

É assim que me fico apenas por desejar a todos os blogues amigos um Natal pleno de alegria e felicidade e um Novo Ano muito próspero, cheio de conforto, serenidade, saúde e gosto pela vida. E a todos um grande obrigado, também, por me lerem, obrigado por me darem matéria de leitura e, a muitos deles, obrigado pela vossa amizade e até sempre. Cá estaremos para mais um ano.

Boas Festas.


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Que país é este?

[2221]

Se levou dois meses e meio para sancionar um par de afirmações de Paulo Bento sobre a arbitragem de um Benfica vs Sporting, qual é a admiração de o caso Casa Pia já andar há cinco anos a ser julgado?
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Murros no estômago


[2220]

CAA envolveu-se na defesa da honra do Porto, dos portuenses e dos portistas de uma forma patética. Defendendo o que é indefensável e de uma forma grotesca e tendencialmente habilidosa.

A verdade é que Pacheco Pereira nunca afirmou que os desvarios e a insegurança de um grupo de arruaceiros e assassinos da noite do Porto o eram pela simples facto de pertencerem aos super dragões. O que Pacheco Pereira disse é muito claro, muito bem explicado e fundamentado e tergiversar da forma como CAA o faz releva de uma forma provinciana de analisar estes fenómenos, provavelmente agravado com o murro no estômago que CAA diz ter levado.

CAA defende a sua dama aqui, aqui, aqui e não sei se fica por aqui, para aproveitar a torrente. Mas é indefensável, repito. E fica-lhe mal colocar a questão num formato que Pacheco Pereira nunca usou.

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Tecnicali spiquingue



[2219]

This act is an act that we do… and I’m very pride, that is a double proud for me…

Ainda não percebi o que leva Sócrates a (tentar) falar inglês nestas ocasiões. Melhor lhe ficaria falar português, sobretudo numa época em que toda a gente anda de auriculares para tradução simultânea. Ninguém é obrigado a ser fluente em línguas estrangeiras, mas a responsabilidade de ser primeiro-ministro implica uma compostura que Sócrates não tem. A falar desta maneira e sobretudo convencido que está a fazer boa figura, o nosso primeiro-ministro provoca um desconfortável sentido de constrangimento.

Ver e ouvir a peça aqui, via Insurgente.
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sexta-feira, dezembro 21, 2007

Prémios "Espumante"


[2218]

Fui apanhado num autêntico torvelinho de trabalho. Ainda fui aos meus arquivos pessoais verificar se tinha algum solar de herança lá para o Alentejo, se era sindicalista ou pré-reformado da Caixa Geral de Depósitos. Não reunindo qualquer destas condições tive mesmo de enfrentar a besta (entenda-se como besta o trabalho em volume industrial e em fatídicos “layers” que nem um filme do Stephen King) e isso reflectiu-se na minha produção na blogosfera. Boa ou má, é produção e requer alguns minutos para escrever qualquer coisa. O escrever ainda é como o outro mas o processamento do texto, as fotos, os links são coisa complicada e “time consuming” (estes vocábulos ingleses são, ainda, a embalagem destes últimos dias de termos que gente oriunda da África francófona usa, num arroubo snob e “anglosaxofónico” (conheciam este termo? Hum? ), tudo isto num contexto que dava para fazer um post mais ou menos hilariante, mas não faço porque estou no meio do tal torvelinho e não tenho tido tempo para nada. Mas se tivesse… era de morrer a rir.

Em qualquer caso. Espero ter um furo no torvelinho para que ainda antes do Natal eu possa atribuir os Prémios Espumante. Prometo.


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quarta-feira, dezembro 19, 2007

Acidentes logo pela manhã

[2217]

"O que aconteceu foi um acidente do percurso e um navegar próximo da costa".

Acabou de anunciar um senhor de gravata ali na televisão, sobre o caso dos marroquinos que deram à Culatra.

Fiquei elucidado e muito mais descansado.
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Virar à esquerda e fé em deus. E um duche, já agora.


[2216]

De Jacob Zuma, vencedor do congresso do ANC e provável sucessor de Mbeki na presidência da África do Sul, sei que é zulu, que teve um caso de alegada corrupção de que saiu ilibado e um caso de violação de uma mulher seropositiva, de que saiu incólume porque, segundo ele próprio, tomou um retemperador e terapêutico duche após a cópula.

Também há indicações seguras de que as políticas sofrerão uma viragem à esquerda, já que Zuma acusa Mbeki de uma política liberal, causa de 40% da população viver com rendimento inferior a trinta dólares americanos por mês. O suficiente para arrastar consigo uma imensa fatia do eleitorado sul-africano onde é fácil relacionar o baixo rendimento das famílias com o domínio do homem branco até um passado recente.

Nada mais sei de Zuma e os jornalistas e analistas que se debrucem agora sobre as perspectivas políticas económicas e sociais deste fabuloso país e perorem nas suas tribunas habituais. Mas o que sei é suficiente para me deixar preocupado e recear pelo assinalável sucesso de práticas relevantes da sabedoria de Mandela e do pragmatismo de Mbeki. Aguardemos pelo desenvolvimento da situação com esperança no futuro do mais portentoso país africano.


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terça-feira, dezembro 18, 2007

Dûvidas ezistênciais


[2215]

Uma das minhas angústias do momento é perceber porque é que todos, mas todos os jornalistas desportivos chamam Cárdozo ao Cardozo. Será pela mesma razão que resolveram pôr um acento agudo no Nelson? Ou acentuarem a sílaba antes da antepenúltima, como em séniores? O mistério mantém-se, mas o que seria da vida sem um misteriozinho aqui e ali?


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A ler


[2214]

Este artigo de JPP no Público é de autêntica utilidade pública. Vale a pena, também, seguir os links e ler pormenores e comentários.

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Mães pedagógicas



[2213]

Ainda não perdi a esperança de ver aparecer ainda antes do Natal e numa dessas reportagens diárias de exterior sobre mãezinhas às compras de Natal para os filhos, uma mãe sorridente que responda à compostinha repórter sobre que tipo de brinquedos é que vai comprar para os filhos:

- Olhe, não sei bem, em qualquer dos casos, a minha ideia é pô-los a besuntarem-se em doces, daqueles que fazem muito mal através dos seus lípidos, açúcares e hidratos de carbono e enchê-los de brinquedos. Brinquedos daqueles que divertem, daqueles com que eles possam brincar e partilhar as fantasias que os brinquedos lhes proporcionam.

É que estou cansado de ver mãe conscienciosas, correctas, perfiladas perante os grandes desafios da época e imbuídas de um irrepreensível espírito pedagógico a dizer que irão comprar brinquedos que garantam uma vertente formativa, educacional, não esquecendo uma forte componente ecológica e observadas as mais estritas normas de segurança.

São sinais de tempos que não auguram nada de bom. Com tanta preocupação e espírito de missão, a avaliar pelas reportagens de exterior das nossas televisões, arriscamo-nos a estar criando gerações de plástico que acabam por crescer em permanente formação e em meios assépticos, mas não chegando a conhecer a suprema felicidade do entretenimento e da brincadeira pura e dura.
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segunda-feira, dezembro 17, 2007

A vaquinha tresmalhada


[2212]

Eu procurei, meu caro Luis. Dos salões mais sofisticados aos currais e vielas mais surrados, esforcei-me genuinamente por encontrar um digno quadrúpede para participar no concurso. De balde. Nem sem balde. Nada. Nicles. Vaca é coisa que, por Lisboa, vai sendo cada vez mais escondida ou, então, mimeticamente disseminada pelas ruas da nossa urbe. Mas eis senão quando, ao percorrer a segunda circular encontrei esta bichinha. De barrete e olhar bovino parecia ter perdido o transporte para o restelo no passado Sábado. Como lhe dei boleia, acedeu a que eu a enviasse para a barbearia. Sei que muito provavelmente será desclassificada, mas nestas coisas não há nada como tentar.

Aqui fica ela, garbosa, gorrada e feliz à espera da complacência do júri.
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Post a correr



[2211]

Quando me falta assunto ou estou com pressa, fico sempre na dúvida enrte não fazer post nenhum ou arranjar justificação de nível elevado para o não fazer. Por exemplo, jornada de solidariedade com os argumentistas dos Estados Unidos. Uma tirada espectacular. Hoje não há post para ninguém porque os americans writers estão em greve, que até o Jay Lenno, Conan O’Brien e outros estão solidários. Mas como sou de fundo honesto e modesto, lá muito no fundo, mas sou, acho que o melhor mesmo é não fazer post. Apesar de haver por aí umas deixas giras. Por exemplo, a actual pasmaceira do Terreiro do Paço aos domingos dava para um post inteligente, mas um post inteligente já é pedir muito. Mas esteve quase a sair. Ver e ouvir vendedores de castanhas e de algodão doce num espaço semi-deserto a queixarem-se que isto agora já não é o que era e que o negócio está mau porque as pessoas que ali aparecem estão todas de passagem daria um post excelente se eu não estivesse realmente com pressa. Mesmo assim dá para deixar aqui uma recomendação à Azulinha para preencher os seus festivos fins-de-semana. Em vez de andar por aí por festas sofisticadas, pode muito bem ir comprar castanhas para o Terreiro do Paço. Ainda por cima o trânsito está cortado, daí que o risco de aparecer alguém de BMW a fazer rapa-pé ao marido seja muito menor. Ah! E não é só castanhas, Há algodão doce também. Mais uns tempitos e aparecem as farturas!

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domingo, dezembro 16, 2007

O aquecimento global não perdoa

[2210]

Previsão do INM para amanhã, segunda-feira:

Bragança: -7
Braga: -3
Porto: 0
Viseu: 0
Coimbra: 2
Guarda: -1
Santarém: 0
Lisboa: 3
Beja: 3
Faro: 4
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sexta-feira, dezembro 14, 2007

Trabalhadores do conhecimento




Trabalhadores do conhecimento a fazerem pela vidinha

[2209]

Já oiço distraidamente o Forum TSF. Assim à laia de música de elevador, chegamos ao terraço do prédio e não sabemos o que ouvimos. Mas hoje houve realmente qualquer coisa de novo. Quando eu pensava que este país já nada de mais e de novo tinha para me oferecer no reino do absurdo, eis que ouço o Manuel Acácio dizer “e agora temos em linha o professor Manuel ... (não fixei o apelido) que nos dará a sua opinião”. E o professor Manuel diz:

- Peço desculpa. Professor, não. Trabalhador. Trabalhador do conhecimento.

Tive um acção reflexa de travar o carro mas depois... depois tudo se desvaneceu na retórica habitual de alguém que se intitula trabalhador do conhecimento. Mas lembro-me que ele nunca mais acabava e ele "trabalhou" tanto que o meu conhecimento ressentiu-se e ia fazendo com que não me lembrasse qual era a cor do sinal para parar e ia tendo um acidente.

Trabalhadores do conhecimento. Agora, sim. Acho que não me falta ouvir mais nada.
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Porreiro, pá

[2208]

Porreiro, pá

Título do post do JCD no Blasfémias, a propósito da nomeação de António José Teixeira para director da Sic-Notícias.

Este país está assim. Dá-se um pontapé numa pedra e salta um socialista.
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Indecoroso



[2207]

O povo é incauto, de uma ingenuidade pueril e tendencialmente dado a tresler o que lhe impingirem. A profusão de notícias sobre o rapto de Maddie ainda há-de convencer o rebanho, de novo, da candura dos McCann e do facto de a PJ algarvia ser um grupo de bestas cavalares.

Esta notícia espantosa, no que contém de hipocrisia, sobretudo no toque de ternura consubstanciada na imagem da menina que ainda virá a passar o Natal com os pais, é revoltante. Não porque seja novidade mais uma empresa de detectives privados paga pelos pais a emitir boletins informativos para os media, afinando todos pelo diapasão do rapto (logo, excluindo a hipótese de crime, acidental ou não), mas pelo tal pormenor do Natal a puxar lágrimas.

Que essa lágrimas corram todas direitinhas para a infeliz criança em vez de correrem para os pais, que uma vez mais se prestaram a uma indecorosa acção de maketing.
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Era o que faltava...



[2206]


... era deixar os reclusos andar por ali a fumar pelas prisões. Além de que ia-se a ver depois, distribuiam-se as seringas e os reclusos para ali tornados fumadores passivos enquanto se injectam. As próprias agulhas seriam, certamente, contaminadas pelas substâncias cancerígenas, entre o desembrulhar e o espetar.
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Ler os outros


[2205]

O que não se disse na cimeira de Lisboa


Mugabe


Muito se falou acerca da conveniência ou não da presença do senhor Mugabe que é acusado, sobretudo, de violar os direitos da oposição. Quando as genialidades omnipresentes dos nosso media falam contra o seu regime, omitem cuidadosamente as causas do verdadeiro estado caótico da economia do Zimbabwe, vítima sobretudo da expulsão dos farmers brancos que se viram espoliados de tudo o que tinham. Em nome da devolução de terras - aliás um processo agora também em curso na bolivariana Venezuela -, destrói-se de forma irreparável toda a estrutura produtiva do país. Se as injustiças na repartição eram evidentes, os acontecimentos ocorridos já há trinta anos do lado de lá da fronteira, aconselhariam mais prudência. O ódio racial, o simples ódio, demente, malfazejo e vingativo, pode mais. Quem não se lembra dos ataques e morticínios à pedrada a tudo aquilo que era branco? Nada escapava, desde os homens aos animais domésticos! Compreende-se bem o silêncio do regime quanto a certos factos. É que revelá-los ou mencioná-los belisca a boa consciência de uma certa esquerda, perita em retoques à fotografia da história. Criticar a perseguição do regime incapaz de Mugabe aos brancos seria reconhecer aquilo que aconteceu em Moçambique, quando Samora levou à saída precipitada de toda a população branca do território, condenando o novo país à miséria e exploração por parte daqueles que com a Frelimo cooperaram no intuito de substituirem os portugueses: o finado bloco de leste e os nossos "amigos e aliados" dinamarqueses, suecos ou holandeses. Gordon Brown decidiu não comparecer e fez bem. Durante muitos anos, os sucessivos governos de Londres contra Portugal bateram-se para a entrega de Moçambique a gente que em nada fica a dever ao senhor Mugabe. Quem não se lembra do bloqueio ao porto da Beira, das iniciativas na ONU e à acção nefasta das igrejas protestantes na África portuguesa? Os ingleses acabaram por saborear o amargo remédio que nos fizeram tomar durante anos. Agora já é tarde e nem a queda de Mugabe poderá remediar uma situação que se tornou irreversível.

Desenraizados e sem recursos para trabalhar e reconstruir as suas vidas, os chamados "colonos" da antiga Rodésia devem hoje lembrar-se daqueles já distantes anos em que preferiram ignorar aquilo que se passava em Moçambique, onde uma potência europeia impunha a sua presença em África. Para eles, a Rodésia era independente e, assim, estavam seguros. A verdade é que ninguém está hoje seguro em África, seja magrebina ou subsaariana. Os ditadores de pacotilha mandam e desmandam, roubam e matam.

Fomos considerados colonos, mesmo aqueles de quinta geração. Ora, a realidade é bem diferente, porque os senhores que hoje comandam as chancelarias ocidentais poderão ser confrontados um dia com uma opinião pública que já em muitos países - e sem razão - consideraos imigrantes como ... colonos ! O disparate anda sempre acompanhado pela distorção dos factos e faz parte da natureza humana, seja o homem branco ou negro. Duvido muito que os ingleses e a UE estejam demasiadamente preocupados com os matabeles ou os xhosas. Com vergonha em o reconhecer abertamente, insurgem-se na verdade, contra a expulsão daqueles que outrora tinham transformado a Rodésia-Zimbabwe no celeiro da África austral. Na sua habitual patetice, feita da ignoância, preconceito e medo do tribunal da história, o ministério sito nas Necessidades,vai a reboque. Mugabe é mau, isso é, mas há que não especificar claramente o porquê de tal adjectivo. É que existe em Portugal um milhão de antigos refugiados que podem começar de novo a perguntar demais e isso não é conveniente. Envolve dinheiro, reputações e sobretudo, votos.

Kadhafi

O antigo bombista de aviões de turistas. O velho protector de grupúsculos de terroristas que atacavam autocarros escolares. O financiador de comandos que assassinavam atletas olímpicos. Aquele que sempre recebeu de braços abertos todos aqueles que fugiam à justiça. Esse mesmo, esteve também em Lisboa. Chegou de forma espampanante - pelo menos julga ele- rodeado de gorilas-fêmea e de sedas. Instalou-se em tendas, trouxe um gigantesco Mercedes blindado. A sua deslocação deve ter custado uma fortuna ao pobre contribuinte de Bardia, Tobruk ou Kufra, que de burrico vende tãmaras de souk em souk. São assim os poderosos das novas nações, inventadas a régua e esquadro. Sem chegar ao nababismo de um tal José Eduardo dos Santos,Kadhafi lá fez o costumeiro discurso anti-ocidente, exigindo ainda uma indemnização europeia aos novos estados africanos, coisa que ele próprio devia fazer relativamente ao seu próprio povo. Toda aquela prepotência e arrogância. Toda aquela impúdica estupidez e brutalidade só existem, porque já há cinquenta anos, alguns permitiram que essa gente se guindasse ao poder. Por interesse, decerto. A recepção feérica que Sarkozi dispensou ao Senhor das Tendas esclarece-nos: é que há um bilionário negócio com aviões e helicópteros. Triste mundo.


Miguel Castelo Branco In Combustões


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Ler os outros

[2204]

O senhor reitor

Concordo com o governo no que respeita à figura do director da escola. Quando entrei no liceu - um liceu "progressista", o D. Pedro V, em Lisboa, mesmo antes do "25" - havia um reitor, lá professor. No PREC, o reitor foi sumariamente despedido e substituído por "eleições democráticas dos órgãos de gestão das escolas". Vieram os "conselhos directivos" constituídos por estimáveis criaturas oriundas dos partidos, em primeiro lugar, e da escola, depois. As "associações de estudantes", que supostamente "dialogavam" com o "conselho directivo", e a sinistra figura da "assembleia de escola", uma espécie de revolução institucional permanente que assegurava a "democraticidade do ensino", faziam o resto. Estas falácias condenaram as escolas, os liceus e as várias gerações de alunos ao controlo da FENPROF, à incompetência, ao oportunismo político, à indisciplina e à atomização da responsabilidade. Não há que ter medo das palavras.Bem vindo, senhor reitor.

João Gonçalves in Portugal dos Pequeninos
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quinta-feira, dezembro 13, 2007

A esquerda subtil

[2203]

A vaia que Sócrates recebeu no Parlamento Europeu suscitou várias reacções mais ou menos esperadas. Miguel Portas, por exemplo, afirmou que foi a extrema-direita que procurou obstruir a intervenção de Sócrates. Jerónimo de Sousa, cândido, disse que o PCP prefere o debate político, o esclarecimento sério e fundamentado (vieram-me as lágrimas aos olhos, eu seja ceguinho...), enquanto Francis Wurtz, líder da Esquerda Unitária, acabou a condenar em absoluto as palavras de ordem antieuropeias, chauvinistas e indignas. Mas o PS nestas coisas não gosta de deixar os seus créditos por mãos alheias. E eis que o deputado socialista Manuel dos Santos afirma que a extrema direita deu urros e se prestou a manifestações primárias, enquanto a esquerda não se portou tão mal como a extrema direita mas, estranhamente, associou-se e aplaudiu os urros. Ou seja, a direita dá urros, a esquerda associa-se estranhamente. E Manuel dos Santos é, no mínimo, um cretino. Mas isto digo eu que não sou deputado.

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Regionalização - já


[2202]

Crimes do Porto nas mãos de equipa de Lisboa.


Não tarda sai um post do CAA sobre este assunto.

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Almoço no Museu dos Coches


[2201]

Almoçarão aqui os vinte e sete chefes de Estado europeus, onde chegarão de “amarelo da Carris”. Pouco antes terão assinado o Tratado com uma caneta de prata individualizada com o nome de cada qual. Um grupo coral lisboeta interpretará o hino da alegria e, a seguir, ouvir-se-á a Canção do Mar. Foto de família tirada e seguem para o eléctrico que os levará para o almoço, nas mãos de uma guarda freios loura de 30 anos e com cinco anos de serviço.

O sumo do acordo é este e eu peço licença para pensar que poderá ser um primeiro passo para os meus bisnetos poderem vir a morar num quarteirão do mundo, seguro, próspero e civilizado. Parece que há muito lixo que tem de ir para baixo do tapete, como disse JPP no Prós. Mas julgo incontornável caminhar por um caminho qualquer que nos conduza a um porto seguro onde, em total respeito pelas liberdades e direitos humanos, consigamos manter a identidade europeia com tudo o que isso representa de valores civilizacionais, de liberdade e de respeito pelo indivíduo que cada um de nós, melhor ou pior, é. Mesmo que o processo seja longo e a via sinuosa.

E o programa da cerimónia, tal como o local, parece-me excelente. Há coisas em que nos mantemos imbatíveis – um fino gosto e lhaneza na arte de bem receber. Não sei qual será o menu do almoço no museu dos coches, mas tenho a certeza de que será uma finíssima amostra de excelente gastronomia. E se Sócrates não estragar tudo e começar com oratorical flights provincianos e matrecos, a coisa, no fim, junta e somada, vai correr muito bem. E eu fico todo contente porque acho que se deu mais um passo no sentido do europeísmo que eu gostaria de ter para todos nós.

A politician chosen to be president of the European Council for two-and-a-half years, replacing the current system where countries take turns at being president for six months

A new post combining the jobs of the existing foreign affairs supremo, Javier Solana, and the external affairs commissioner, Benita Ferrero-Waldner, to give the EU more clout on the world stage

A smaller European Commission, with fewer commissioners than there are member states, from 2014

A redistribution of voting weights between the member states, phased in between 2014 and 2017

New powers for the European Commission, European Parliament and European Court of Justice, for example in the field of justice and home affairs

Removal of national vetoes in a number of areas


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quarta-feira, dezembro 12, 2007

Está aí o Natal


[2200]

Por alguma razão que me escapa, acordei hoje com os primeiros sintomas de espírito natalício. Acordei a pensar em flocos de neve, em verdes e vermelhos, azuis e dourados espelhados das árvores de natal, azevinho, musgos, estrelas brilhantes, pacotes de prendas, azevias, rabanadas e avelãs. Pensei em abetos e pinheiros, mas dos verdadeiros, aqueles na simetria da sua ramagem e estes com o odor da resina que me fascinava quando eu era miúdo, que na altura não havia árvores de PVC ou polietileno. Pensei em amigos, nos muitos que tive e nos poucos que tenho por razões várias e em que algumas terão muito a ver com uma vida acidentada e salteada por várias latitudes a que não quis, não soube ou não pude esquivar-me, pensei na família, pensei em guerras e em desvalidos da sorte pensei na doce privacidade de muitas recordações que guardamos como tesouros que gostamos de preservar nossos, sem partilha. Mesmo algumas recordações más que se diluem no conforto da nossa estimada privacidade e isso já é bom. Pensei nas mil coisas que fiz e no milhão que ainda gostava de fazer. Nos sítios que conheci, nos que gostava de conhecer. Pensei em crianças e até a imagem dos meus filhos se perfilou, neste rosário de recordações, com uma expressão de crianças alegres, apesar do filho já fazer a barba há uma série de anos, da filha do meio ter tido uma criança há vinte meses e a mais nova estar prestes a dar o grande salto para a vida, também. Pensei em netos, em brinquedos, em babetes e fraldas, pensei em beijos e choros. Pensei em mulheres bonitas, amantes fogosas, umas revivendo sonhos que julgavam em arquivo morto outras simplesmente matando o tédio. Pensei até em anjos. Certamente, não por associação de ideias a mulheres bonitas, porque os anjos não têm sexo. Mas pensei em anjos, não há nada a fazer, só pode ser mesmo da época. Pensei na blogosfera. No fenómeno que me leva a manter uma relação praticamente diária com um instrumento de comunicação semi-fantasmagórico onde estabeleci contacto com muita gente interessante e que não conhecia e comigo próprio, nos momentos em que me encontro sozinho a olhar para um teclado (sim, não sou daqueles que escrevem com dez dedos e só olham para o monitor), com a sensação de que estou, realmente a estabelecer contacto, ainda que interrogando-me porquê. Eu, que estabeleço contacto todos os dias com mil pessoas de mil sítios, acabo por me sentar ao teclado. E penso inevitavelmente no blog, hoje por hoje mais desinteressante e exigente, por força do quarto ano que vive já em pleno.

Para espírito natalício acho que já pensei de mais, pelo menos para o escasso tempo que me leva a tomar uma chávena de café (delicioso e aromático até ao pecado…), duas fatias de torrada e uma fatia de um queijo muito bom que não digo qual é para não despertar pecados de gula entre os apreciadores (lá está o espírito natalício). Acreditem ou não, pensei isto tudo enquanto tomava o pequeno-almoço. Sensivelmente o mesmo tempo que me levou a passá-lo para a forma de post. Porque nunca fiz posts elaborados. É sempre o que sai. Bem ou mal. Neste caso já nem sei bem o que está escrito lá para trás. Sei que fui registando uns quantos quadros que me perpassaram o espírito. Daí que, muito provavelmente, a coisa esteja desconexa. Conto com o espírito natalício que, tenho a certeza, já vai invadindo os meus amigos e outras acquaintances da blogosfera para me darem o desconto.

E agora vou trabalhar. Que a agricultura dos trópicos não se compadece com espíritos, por muito natalícios que sejam.

Depois de um post destes como fugir ao concurso da vaca do senhor Luís? Vou mesmo ter que arranjar uma. E também tenho de perguntar ao Bekx como é que põem aqueles farrapinhos de neve no blog. Também quero.
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terça-feira, dezembro 11, 2007

Reconfortante



[2199]

Estes números, porém, são inferiores aos registados em 2006, conforme adiantou à TSF o tenente Pedro Ares, da Brigada de Trânsito da GNR.

Ufff! Estava a ficar deveras preocupado. Só mesmo no fim da notícia é que vem o alívio de termos menos mortos que no ano passado! São muitos, mas são menos. Estava a ver que este governo se tinha distraído.

Aqui está outra notícia que nos sossega. A gente vai lendo, a coisa parece a maior bagunça, ainda por cima com nomes como Berto Maluco e correlativos, tudo ao tiro, tudo a mandar, tudo a fazer o que lhe apetece, mas o final da notícia é confortante. Afinal, como eu já desconfiava, estamos em boas mãos. Entretanto, um dia destes matam-se todos uns aos outros, como sugeriu o director da Judiciária e o caso deixa de ser caso. Resolve-se. Mas o importante é que a brigada de homicídios assumiu a liderança…
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Oratorical flight


[2198]

The Summit ended, as do most meetings of this sort, with smiling photocalls.
The Portuguese Prime Minister, Jose Socrates, gave an extraordinary closing speech which spoke about bridges being built, steps forward being taken, and visions being pursued.
He went off on such an oratorical flight, in fact, that I became mesmerised by the beauty of the Portuguese language and the elegance of his delivery.
I was so bewitched that I didn't register any concrete points in the speech at all.
Perhaps there weren't any. But it certainly sounded good


Infelizmente, tendemos mais a deslumbrar-nos do que percebermos as vacuidades do nosso discurso habitual. Ainda ontem os Gatos Fedorentos fizeram uma brilhante demonstração da beauty of the portuguese language, pegando na oratória de um treinador de futebol (ver o vídeo dos Gatos aqui. Hilariante). No caso de Sócrates, basta substituir a vertente (como se diz agora) futebolística pela política. No fim, o resultado é o mesmo. Deprimente. Mas muita gente gosta. E tenho o pressentimento que o inglês técnico de Sócrates não lhe permitirá entender o sentido de humor do jornalista inglês.

Via Hole Horror
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segunda-feira, dezembro 10, 2007

Bacalhau graúdo


[2197]

A Quercus escolheu o Natal para me dizer que o bacalhau está em perigo de extinção. Há na televisão um senhor de óculos e voz melíflua a recomendar-me que coma apenas bacalhau grande, porque o bacalhau pequeno significa que anda a ser pescado antes de tempo.

Lá vamos todos comer bacalhau grande. O pequeno, presumo que será devolvido ao mar?


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Solinho quentinho


[2196]

Regressado ao morninho de Lisboa, preparo-me para mais uma semaninha de céu limpinho, sol a rodos, apesar de um acentuado arrefecimento nocturno. Temos de ter cuidado com as correspondências, pontas de ar e friages.

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O costume



[2195]

JPP resume bem o estilo da RTP na cobertura da cimeira EU-África:

"...Bastam dois minutos para se perceber o tom do noticiário da RTP sobre a Cimeira UE - África. Em dois minutos estamos em plena retórica empolada e palavrosa, épica e grandiloquente, sem um átomo de jornalismo. Pelos vistos ninguém dá por ela na RTP..."

Cheguei ao ponto de ver a entrada de Sócrates em cena em slow motion. Juro!

A demonização de G. Brown também é interessante e esperada. Só me surpreende ter começado tão tarde. Neste particular, talvez fosse da mais elementar justiça referir a forma irresponsável e criminosa como Portugal lidou com os seus cidadãos à altura da descolonização. O enxovalho, o roubo e a morte foram factos correntes e ignorados pelos senhores da revolução, enquanto se entretinham a apanhar cravos no jardim e a fazer música de intervenção. Os ingleses têm este péssimo defeito de honrar e proteger os seus cidadãos. Coisa que não faz muito sentido para Mário Soares, por exemplo, que já abriu a sua barragem de críticas a Brown. O costume.

Sócrates continua a falar como se estivesse num comício na Voz do Operário. Este homem está a inchar de vaidade (passou a cimeira a falar na “parceria” e no espírito de Lisboa e na nova era de um novo diálogo político, cheio de intensidade… palavras dele) e alguém lhe deveria dizer que as cimeiras não são comícios. A forma como ele fala dá-lhe um ar de Chávez e reflecte uma imagem que não nos abona muito.


Entretanto, os chineses continuam a desembarcar aos milhares em África (famílias inteiras) e o partenariado intenso e de nova era vai-se fazendo de uma forma muito mais eficaz. A breve trecho, a Europa perderá inexoravelmente a sua competitividade. Por muitos milhares de milhões que se atirem para o pipe-line.
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sexta-feira, dezembro 07, 2007

Volto já


[2194]


E o Euromilhões que nunca mais sai...


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quinta-feira, dezembro 06, 2007

Em boa companhia


Já depois de ter editado o post anterior, deparei com uma curiosa contabilidade no A Origem das Espécies, de onde aliás retirei o link, de algumas vozes apoiantes de Chávez. Lá estava o nosso Mário Soares enfileirado com Lula e Castro. Fica só link para Soares, que isto é tudo mais do mesmo.
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Cheira-me a "mierda"

[2192]

Eu não disse? Infelizmente parece que podia ser bruxo. O homem não demorou a mostrar que quer levar a mierda ao seu moinho. Mesmo assim ainda deu para aparecerem por aí algumas luminárias a cantarem a ética democrática de Chávez na aceitação da derrota.

Cheira-me a grande mierda para a Venezuela. Os militares em pano de fundo que Chávez teve o cuidado de chamar para ornamentar a conferência não são um bom augúrio.

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In absentia


[2191]

Imperdoável um atraso de quatro dias no registo do primeiro aniversário de um blog que leio todos os dias. Parabéns ao André Moura e Cunha e

Tchin Tchin

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Tranquilidade

[2190]

Diverte-me a reacção imutável de qualquer político suspeito de qualquer ilícito, sempre que questionado pela comunicação social: - Estou perfeitamente tranquilo.

A questão é que me parece todos os suspeitos terem bastas razões para o afirmar. Culpados ou inocentes, o tempo acaba por não lhes sacolejar a tranquilidade.

Isto a propósito do deputado Henrique Neto e da sua Iberomoldes.
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Patusquices


[2189]

"...e que preferem divertir-se à conta da patusca, salazarenta e beata direita nacional..."


Daniel Oliveira é uma sequela de um filme que me fartei de ver. Ele sabe que a direita não é patusca, salazarenta nem beata. Sabe que há beatos, salazarentos e patuscos na direita, mas convém-lhe adoptar a atitude habitual da esquerda em vulnerabilizar e generalizar a direita com estribilhos gastos, mas ainda eficazes nalguns sectores da nossa sociedade. Que não o dele, porque Daniel de Oliveira é inteligente e sabe disso. Mas acaba por se tornar ele próprio patusco, salazarento (muito, muito, e no mau sentido) e beato da sua própria religião. Patusco porque os tempos hoje não se compadecem com a sua forma simplista e supostamente superior de classificar os adversários, salazarento porque de Salazar emanavam atitudes e estratégias como a da mosca na sopa do DO (ainda que Salazar fosse mais educado, polido e inteligente) e beato por que às ratas de sacristia correspondem exactamente estes fiscais da moral, bons costumes e correcto pensamento político em que DO se arvora todos os dias. Com persistência, devoção e fé. Muita fé.
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quarta-feira, dezembro 05, 2007

Simple mind


[2188]

Há pouco falei de "acordares". Pode muito ter sido esta noite que sonhei ter entrado por uma qualquer "nona porta" e deparado com o mecanismo do pensamento do gineceu. Eis, pois, como tudo funciona. Aconselho que se fixe numa das quaisquer bolinhas azuis e siga a sua trajectória. Não esquecer, depois, que cada uma daquelas bolinhas é uma ideia diferente.

É só clicar na imagem e boa sorte
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Razões ecológicas


[2187]

Tenho normalmente acordares pacíficos de alma, de corpo nem sempre, mas estes últimos são, até, aquilo que eu consideraria uma benfeitoria da alma porque no fundo, tudo junto e somado, acordo pacificamente. Penso até que acordar pacificamente é um direito inalienável de um cidadão que passa os dias em marés revoltas e se não for a pacificidade do despertar como compensação, corremos todos o perigo de, pacificamente, irmos para a um hospício, onde é tudo menos pacífico. Penso que é pacífica esta discussão.

Pacífico é igualmente um vocábulo muito usado na nossa língua. De cada vez que um cliente nos paga a tempo e horas, trata-se de uma decisão pacífica conceder-lhe crédito. Tal como é pacífico pagar aos fornecedores o mais tarde possível, porque é assim que somos ensinados e tenho a certeza que ordenar pagamentos dentro das condições de prazo espoleta reacções tudo menos pacíficas por parte de administrações nem sempre pacíficas. Outro exemplo recente é a renúncia de Jardim Gonçalves. É pacífico perceber que ele sai, mas não é bem sair, sai mas não sai, é cliente, é accionista, o banco que se porte bem senão a pacífica decisão pode tornar-se em tormenta. O homem desata a falar ainda mais alto que o Joe Berardo.

É pacífico perceber que eu já nem sei bem o que queria no princípio do post mas tinha a ver com acordares pacíficos. E acabo de me lembrar que nem sempre isso acontece. Hoje, por exemplo, entre abrir um olho e o outro, esticar as pernas para estalar as dobradiças e arrumar nos cantinhos da fantasia as fadas, os anjos, os duendes e as cores do arco-íris que por vezes nos visitam no sono dos chamados justos, ouvi uma notícia atabalhoada sobre sacos de supermercado. Só destrincei "cinco cêntimos cada saco", o "governo decidiu", os "ecologistas", "supermercado", "ambiente", tudo isto na restolhada das fadas e anjos a recolherem a penates. E não é que dou comigo a fazer contas de cabeça? Não é que mesmo antes de activar as meninges como deve ser, começo a multiplicar 10.000.000 de habitantes por 1.000 (que é o número de sacos que eu acho que um cidadão gasta por ano) dá 10.000.000.000 de sacos, 10.000.000.000 de sacos a €0,05 é igual a 5.000.000.000 de cêntimos. 5.000.000.000 a dividir por 100 é igual a €50.000.000.

Convenhamos que pensar isto tudo a acordar é obra, que isto parece mais é um post do JCD ou do João Miranda a fazer contas lá no Blasfémias. Na repetição da notícia, ouvi a RTP dizer que a taxa é por razões ecológicas. Portanto, logo portanto por conseguinte, 50 milhões não resolvem o défice, mas acho que dá para salvar algumas abetardas e maçaricos de bico comprido (não sei o que acontecerá aos maçaricos de bico curto, presumo que deve haver maçaricos de bico curto, apesar de só ouvir em maçaricos de bico comprido, acho graça porque depois passa-se a vida a dizer que o tamanho não conta e assim, mas é sempre os maçaricos de bico comprido que merecem os favores dos media. Já agora, foi preciso eu mudar-me há seis anos para uma Rua do Maçarico para saber que maçarico era um pássaro, e isto porque no meu bairro as ruas têm todas nomes de pássaros, cá para mim maçarico era uma daquelas coisas que servem para soldar e arrombar cofres de bancos nos filmes do Bruce Willis, e agora vou fechar o parêntesis e não sei onde é que ia… já vi). Além do bom aspecto que isto dá. Os portugueses contribuem com €50 milhões para fins ecológicos.

Resta dizer que o Pingo Doce já se cobra de €0.02 por cada saco. Sobre os dois cêntimos incidem não sei se 5 se 21% de IVA. Acresce agora um aumento de 150%. Mas como é para os tentilhões do governo (não era bem isto que eu queria dizer, é que estava a falar de abetardas e maçaricos e saiu-me os tentilhões…), dos maçaricos do governo… também não era isto, não há nada a fazer… como é para aquela gente que nós votámos (eu não votei, mas a maioria votou), tudo bem. Podiam era dar a notícia mais tarde, porque eu gostaria de continuar a ter acordares pacíficos sem vontade de atirar com um saco de plástico (com uma bola de canhão lá dentro) ao televisor.
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terça-feira, dezembro 04, 2007

A essência do incenso



[2186]

Vim um bocadinho mais cedo para casa. Há que dar uma forcinha aos lampiões já que pelos meus, pouco posso puxar, salvo recomendar vivamente a Paulo Bento que seleccione um jogador e o ponha quinze dias seguidos a marcar penaltis das nove às seis. Pelas alminhas, porque já não há quem aguente.

Voltando ao Benfica vs aquela equipa de nome indizível com a qual vai jogar daqui a pouco, achei graça estar a ouvir o Carlos Manuel a comentar. Carlos Manuel é aquele tipo de pessoa que pode dizer a mesma calinada durante vinte anos, pode ouvir a expressão correcta ao lado durante mil vezes que ele há-de dar sempre a mesma calinada. Até morrer. No fundo, nada de muito novo. Ando há dez anos a pedir duzentos gramas de fiambre à mesma mocinha da mesma charcutaria e ela entrega-me o pacotinho, sorri e diz: Aqui está. Duzentas gramas. Portanto, dizia eu que Carlos Manuel é como a mocinha da charcutaria. É que desde que ele marcou aquele golão à Alemanha, vai para vinte anos ou mais, que o oiço dizer… deixa lá ver se consigo escrever isto… incencialmente, inssencialmente, pelo menos a fonética é esta. Para além de inssencialmente ele dar a calinada, o que se passa é que ele profere o inssencialmente à mesma cadência daqueles tipos que dizem “portantos”. Portantos, não sei se estão a ver a coisa. Inssencialmente era de esperar que Carlos Manuel durante estes vinte anos tenha ouvido dizer muitas vezes a palavra essencialmente, dita de forma correcta. O que acontece é que inssencialmente, Carlos Manuel é tão distraído como a menina da charcutaria.

E agora, que já desabafei, deixa-me lá ir puxar pelos lampiões.
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