terça-feira, fevereiro 12, 2008

Os "ah ah ah" "clap clap clap" men


Com a devida vénia à simpática e sorridente vaquinha

[2318]

É extraordinário como há gente que ri e gente que aplaude sempre que isso lhes traz alguma visibilidade. É uma visibilidade quase nula, convenhamos, já que tanto palmas como risadas resultam num efeito sonoro, raramente mostrando quem as produz. Mas a verdade é que rir de uma piada ou de uma gesto de alguém com visibilidade pública confere aos ridentes um protagonismo simbiótico e isso já é o suficiente para lhes confortar a alma e activar o sistema hormonal.

A propósito desta reflexão, ocorre-me o gesto de desdém (autêntico desdém) de um dos participantes no Prós e Contras de ontem sobre a justiça (uma injustiça…), o professor Hespanha, que quando ouviu falar no nome de Marcelo Rebelo de Sousa, já nem sei bem a propósito de quê, abanou a mão assim ao jeito de quem acabou de se assoar a jogar futebol. Remédio santo. A "gente que ri" lançou-se numa fervorosa gargalhada. Nunca se fica a saber bem o porquê da risada. As pessoas riem em função do fenómeno da simpatia que tanto pode funcionar no riso como no rebentamento duma granada, aprendi isso na tropa. A tragédia é que os próprios que riem também não sabem. Eles riem porque alguém se referiu a uma figura pública em termos desdenhosos. Provavelmente rir-se-iam se amanhã Marcelo abanasse a mão em relação a Hespanha. É preciso é rir. E demonstrar que estão com a personalidade do momento contra alguém ou contra alguma coisa. Na maior parte das vezes não têm opinião formada ou, sequer, têm a mínima ideia do que se está a tratar. Mas riem. Riem. Nós, que somos conhecidos como um povo fatalista e macambúzio, rimo-nos sempre nestas ocasiões. Talvez por isso a melhor receita para se pôr gente a rir ou a bater palmas é falar mal de alguém. Salvo casos como este, em que estou há três minutos a escrever mal de nós próprios e tenho a certeza de que ainda ninguém se riu. Mas, claro, eu não vou à televisão nem ninguém me conhece.
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2 Comments:

At 4:38 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

A mediocridade da linguagem cifrada daquela gente que(apesar de parecer não o saber)fala mal, precisava de um momento menos...sonolento. Comic relief, é o que foi.

 
At 9:07 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

lacobrigense
Concordo com a designação de comic relief
:))

 

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