segunda-feira, dezembro 29, 2008

A crise da crise


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O miserabilismo nacional não perdoa e este ano a crise económica parecia ser o caldo ideal para a cultura do choradinho, durante a época natalícia. É assim que tem havido um verdadeiro assalto pelos jornalistas a comerciantes e clientes, com uma barragem de perguntas de resposta óbvia, quais sendo se o negócio se ressentiu na quadra de Natal da crise que atravessamos. Surpreendentemente, a tónica geral é a de que o negócio se manteve e, em alguns casos, até melhorou. Ao mesmo tempo, os indicadores estatísticos demonstram que há mais dinheiro gasto, mais dinheiro levantado em multibanco e maior uso de cartões de débito e de crédito. Mas os repórteres não desarmam e por cada resposta positiva lançam-se numa ávida insistência, na esperança, muitas vezes vã, de ouvir o comerciante dizer que este ano foi uma desgraça. Um ou outro faz-lhes a vontade mas, surpreendentemente, repito, as voltas dos repórteres têm sido trocadas.

Dando de barato que a crise existe mesmo, tem sido flagrante o desconsolo dos profissionais do microfone que este ano, vá-se lá saber porquê, não têm tido o choradinho do costume.
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