quarta-feira, novembro 11, 2009

Ralé política

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Entre o atabalhoamento de Noronha Nascimento e a truculência insuportável de Marinho e Pinto, passando pela pose comovente de Pinto Monteiro, na qual ele parece que não sabe onde há-de pôr as mãos, há um pormenor que me parece óbvio. Pode haver uma montanha de legislação sobre o facto de as principais figuras do Estado só poderem ser escutadas mediante autorização do Supremo Tribunal de Justiça. O que acontece é que no caso de Sócrates não podia haver essa autorização, pela simples razão de que não era ele o escutado. O facto de um dos escutados (Vara) ter falado com Sócrates está para além dos pruridos da lei. E isso altera tudo. Mesmo que subsistam os condicionamentos legais (e acredito que existam) sobre um assunto tão delicado como este, o que fica são os factos noticiados segundo os quais o primeiro-ministro discutiu assuntos tão críticos como o afastamento de jornalistas incómodos ou de como se poderia ajudar o «amigo Joaquim». Há, assim e claramente, uma responsabilidade política de Sócrates que, se não estivesse convencido de que não podemos passar sem ele, teria, pelo menos, apresentado a sua demissão. Porque é assim que se faz, quando se anda a brincar aos primeiros-ministros e a coisa corre mal, num país que se queria liberto de vez das raízes atávicas em que foi mergulhado pelos sucessivos salvadores da pátria que lhe foram saindo ao caminho.

Uma nota final para a triste figura do bastonário Marinho e Pinto. O homem está possesso, ainda lhe dá três coisas. Armado com a legislação, constituição e outras circunstâncias avulso consegue zangar-se mais agora do que quando defendeu Sócrates no caso Freeport ou atacou os «ladrões do BPN».

Pois, enquanto este país se for mantendo num caso de Benfica/Sporting, quem vai ganhando é o F.C. Porto.
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1 Comments:

At 7:19 da tarde, Blogger estouparaaquivirada disse...

Não há mãos a medir...
Não é fácil tomar conta deste País onde tudo se vai sabendo a uma velocidade vertiginosa!
Ainda estamos a digerir uma falcatrua e logo aparece outra...
Não há quem aguente.

 

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