sexta-feira, novembro 06, 2009

Intragável - situação complicada


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É-me indiferente a conotação da semântica usada por Ferreira leite na campanha das legislativas. A verdade, crua e directa é que dificilmente se traga a presença do primeiro-ministro, sobretudo se pensarmos que vamos ter mais quatro anos «disto». Por «isto» entenda-se a insuportável arrogância da criatura, a total ausência de substância em tudo o que diz, como ontem se viu na Assembleia, a embaraçosa falta de nível e berço com que ele maneja os debates (?) em que participa, achincalhando os adversários e recorrendo a figuras de retórica que só usa quem não tem capacidade para mais. A forma como se dirigiu ontem a Pacheco Pereira, com raiva e despeito, foi disso boa prova. Entenda-se ainda a conjuntura que se desenha para os tempos vindouros, mas que começaram já, nos quais vamos sendo bombardeados com notícias, ao ritmo de tortura chinesa, da excelência de Sócrates e seus rapazes, como está a acontecer já com a inevitável Eurosondagens, que se encarrega de nos fornecer continuamente resultados como os que nos deu ontem. Subida de Sócrates e do Partido, descidas do PSD, e grande baixa de popularidade de Cavaco Silva devido aos «acontecimentos» das escutas. Este termo «acontecimento das escutas» é mesmo paradigmático do som ambiente. Pouco importa já a essência, a verdade do que se passou, interessa sim mencioná-lo, assim pela rama em jeito de «fait accompli», de uma forma em que se assume com naturalidade as «culpas» do Presidente.

Sujeitos a esta forma de fazer política (?), a esta coreografia permanente e à ausência total de uma consciencialização séria e serena (e devida aos portugueses) sobre uma das mais sérias e potencialmente perigosas situações em que Portugal se encontra, ocorre-me perguntar: se isto não é asfixia democrática, então o que é?

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