quinta-feira, julho 22, 2010

Alguma coisa a revisão da Constituição deve ter de bom

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Por muito que nos esquivemos, acabamos por inevitavelmente mergulhar na intriga política, depois de um período em que a televisão me interessava apenas retirar a informação sobre o trânsito e a meteorologia. E do que vou lendo, ressalta o frenesi que campeia pela rapaziada socialista acerca do ante-projecto de revisão da Constituição. Como já li por aí algures, tenho de concluir que essa revisão deve ter mesmo alguma coisa de bom, em face do aval que a esquerda vai dando ao que ela tem de mau. Mesmo pela rama, uma coisa me merece aplauso e que só peca por atraso. Uma Constituição que ainda hoje diz que a sociedade portuguesa deve caminhar na construção de uma sociedade socialista não pode ser uma Constituição boa. De resto, já ouvi isso várias vezes e pensei que, de um modo geral toda a gente estava de acordo, salvo a rapaziada que ainda não percebeu, porque não quer ou porque não a deixam perceber. Afinal, não é bem assim, Verifico que figuras improváveis se soerguem contra a revisão, sendo que o argumento mais usado é o de que não é oportuno e vai desviar as atenções do governo e do povo do que é essencial – a crise. Como eu acho que os termos da nossa Constituição são objectivamente responsáveis pelo caldo que entornamos todos os dias, não consigo perceber porque é que não é oportuno. Uma revisão profunda da lei laboral, por exemplo, poderia até trazer mais desemprego no imediato. Mas como é possível não perceber que a médio prazo essa revisão conduziria inevitavelmente a uma descida do desemprego, com os empresários mais soltos e descomprometidos a empregar gente?

Eu sei que este tipo de análises de bloggers amadores e que, no entender das doutas cabecinhas que nos governam, provocam-lhes assim como que uma espécie de orgasmos aos bocadinhos, são teorias de aprendizes de feiticeiros e denotam certamente o desconhecimento de questões importantes que condicionam uma eventual alteração da nossa Constituição. Mas então alguém que explique porque é que mexer nela é uma coisa assim tão… esquisita. E que diga que não entendeu que a visão anquilosada que mantemos ainda sobre o nosso futuro, enfeitada pelo romantismo da rapaziada do PREC é responsável primeira pelo atraso em que nos encontramos e, pior, pela série de obstáculos que se nos deparam para que acertemos o passo com os nossos parceiros europeus.

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1 Comments:

At 6:46 da tarde, Blogger joshua disse...

Concordo. Cada vez me inclino mais para a tese de que a Constituição deve actualizar-se no que permita convergir com os Estados mais justos, avançados e prósperos: Suécia, Holanda, por exemplo.

 

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