sábado, janeiro 29, 2011

Esses africanos do Qatar


[4045]

A rapaziada que escreve estas coisas é mais ou menos a mesma que se entretém a exprimir uma atitude piedosa sobre os americanos, dada a sua peculiar ignorância. São broncos, ensimesmados, julgam que o mundo vai «from Califórnia to New York island» e mesmo assim foi porque compraram o «This land is my land» do Trini Lopez. Muita gente se deve lembrar de um célebre mapa de África idealizado por Ronald Reagan e que foi capa da Newsweek e cita, com deleite, aqueles programas em que Jay Lenno se entretinha a fazer perguntas de cultura geral básica aos cidadãos passantes

Esta rapaziada compraz-se em achar (outra coisa em que somos exímios, em «achar») que os americanos são os incultos de serviço e não fosse a Europa e o planeta seria o vazio. Esta rapaziada entretanto foi atravessando algumas gerações e hoje vai à faculdade aprender umas tretas sobre aquilo em que supostamente virá a trabalhar e no mais improvisa. Como este ou esta jornalista do Jornal de Negócios que achou que o Qatar era um país africano.

Por mim, falo. Choca-me bem mais esta ligeireza no que somos e fazemos do que uns fabianos do Qatar virem morar para Entrecampos.

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As gorduras trans do cajueiro


[4044]

Passei distraidamente frente à loja e distraidamente continuaria se não tivesse reparado num letreiro enorme dizendo «Saúde e Paz. O resto, a gente corre atrás». A verdade é que havia ali um toque diverso do estatuto habitualmente sisudo do português que abre uma capelista na Buraca ou uma pastelaria na Graça e parei. Parei e entrei. Entrei e mergulhei num universo de nomes que projectavam sabores exóticos e fonética estranha e que, por isso mesmo, me entusiasmou. Uma senhora alta e loiríssima, espartilhando os seus cinquenta aninhos bem servidos num vestido preto de corte elegante aproximou-se e o seu «boa tarrdji sinhôr, posso ajudá?», esclareceu quaisquer dúvidas que eu pudesse ter sobre a sua origem.

As minhas dúvidas não eram bem dúvidas, à partida, percebi que todos os artigos expostos, salvo seja… eram de comer. Pé de moleque, cocada branca, sucos naturais de Açai, caju, tamarindo, cana de açúcar, cachaça «Velho Barreiro», caguinar, guariloba e geleia de mocotó emprestavam uma sonoridade quase poética aos artigos expostos e tudo aquilo era música para os meus ouvidos, entusiasmado que sou pelo exotismo das coisas e das pessoas.

E foi assim que me lancei num questionário genuíno sobre o significado daquelas muitas dezenas de nomes estranhos para mim e a senhora loira de preto, diligente, elegante e simpática ia-me elucidando. De uma forma que eu ia já ordenando o meu espírito sobre se compraria um pé de moleque ou uma geleia de mocotó e não fosse a senhora loira de preto ter-me explicado que estávamos perante dois artigos completamente distintos no sabor e na origem e eu era bem capaz de ter comprado os dois. O diálogo continuou, gosto de ser bem servido…fiquei até a saber que a senhora loira de preto era do Rio Grande do Sul e eu devo ter feito involuntariamente uma expressão que levou a senhora loiríssima de preto a dizer-me que no Brásiu não é tudo negão, não sinhô, viu?. E quem era eu para desmenti-la?

É neste estado de êxtase e de indecisão sobre o mocotó ou o tamarindo, a guariloba e o açai quando entra uma senhora, esta mais morena e vestida de claro, o que eu deveria ter tomado logo como sinal de diferença relativamente à dona da loja. Pegou numa embalagem de sumo natural de caju e quando eu me preparava para me condoer pela senhora loira de preto que provavelmente iria ter de repetir tudo quanto me dissera a mim à senhora morena de claro, eis que esta pergunta se o caju tinha mais calorias que a goiaba. Ainda a loira de preto não tinha lido a informação nutricional e já a morena de claro perguntava:

- Mas estes produtos são biológicos? ou foram sujeitos a produtos agro-tóxicos? (Nota à margem: Agrotóxicos é a designação eleita pela legião de seres politicamente correctos para designar os agro-químicos). A loira de preto não sabia… mesmo assim esboçou um sorriso e preparava-se para dizer qualquer coisa quando mais perguntas se sucederam em catadupa:

- E sal? Têm sal? Olhe, e este? E o caju tem mais hidratos de carbono que a goiaba…. E tem sódio, olhe aqui, tem sódio. Hummm…e aqui diz que não tem quantidades significativas de proteínas, gorduras totais e saturadas e fibras. Não são significativas, mas tem.

E a morena de claro ia desfiando estas dúvidas com uma expressão mista de horror e de angústia, tipo hoje em dia não se pode confiar em ninguém e estamos em risco permanente de ingerir doses mais elevadas de sódio ou gorduras trans.

Nesta fase do campeonato contive um impulso muito grande de me dirigir à morena de roupa clara. Apeteceu-me perguntar se ela já tinha ouvido falar de Darfur sem ser nos noticiários da TVI ou nos programas matinais da Fátima Lopes, se ela sabia o que era o sódio ou uma gordura trans, se ela tinha sequer a noção de quantas pessoas morreriam HOJE de fome, se os agrotóxicos fossem abolidos… apetecia-me até explicar-lhe as raízes do termo agrotóxicos, uma designação idiota para os químicos que nos ajudam a dar de comer a milhares de milhões de pessoas que irremediavelmente morreriam sem o seu contributo. Mas não o fiz. Irritou-me mais o facto daquela senhora contaminada por uma forma de vida mais ou menos idiota, preocupada com a informação nutricional de um fruto de caju. Fruto que ela provavelmente nunca viu, e muito menos sonha ao que sabe quando apanhado directamente do cajueiro, ainda geladinho da noite fria que passou e bem sujinho da poeira do campo e, com sorte, até enfeitado com uma formiga, um ácaro microscópico e carregadinho de sódio, fibra, glúcidos e proteínas. Ou uma manga bem amarelinha, apanhada da árvore e pronta a lambuzar-lhe a boca, o queixo e o peito. Nunca viu, mas viu centenas de informações nutricionais de pacotes de supermercado. E nunca come ou bebe nada sem os ler primeiro. E indagar se o produto foi sujeito aos agrotóxicos.

Saí meio cabisbaixo da loja brasileira. Logo à noite vou comer goiabada-cascão. E a senhora morena vai ler mais umas quantas informações nutricionais. E eu vou adormecer com o gosto da goiaba e ela adormece com a cabeça povoada de palavrões que se farta de ler mas que, provavelmente está longe de lhe conhecer o significado.

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quarta-feira, janeiro 26, 2011

Um comunista é um comunista e uma máquina de fazer tostas mistas é uma máquina de fazer tostas mistas


[4043]

Um cretino é um cretino e um vintém é um vintém. Lá dizia o treinador do Guimarães num arroubo de inesperada sabedoria. Eu acrescentaria que um comunista é um comunista e uma máquina de fazer tostas mistas é uma máquina de fazer tostas mistas. Nada a opor à simplicidade da asserção. Mas este cavalheiro exorbita claramente das suas atribuições. E efervesce com a mesma facilidade com que se presta a jogadas estratégicas nem que para isso precise de fazer alianças espúrias como esta que fez agora com Isabel Alçada, a propósito da manifestação das escolas do ensino privado.

Este homem é objectivamente prejudicial à educação em Portugal. Deixa-se arrastar pelas suas convicções (???) ideológicas e, mais grave ainda, consegue arrastar consigo uma considerável torrente de professores para situações de inadmissível prejuízo daqueles que deveriam merecer o respeito de todos os agentes de educação. Os alunos. Mas isso não conta para este homem, para quem a única coisa que interessa é o movimento continuado das suas alcatruzes, carregadas de uma suposta ideologia, quem sabe capaz de um dia o guindar à proeminência política que ele claramente ambiciona.

Não há outro sindicato para onde ele possa ser removido? Porque… as crianças, Senhor?

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Francamente, não sei o que vêem na moça...


[4042]

Adriana Lima, uma manequim de sucesso brasileira, fez um ensaio super sexy para uma campanha de lingerie o que causou um grande frisson nos meandros da moda.

Discordo. E espanto-me. Observei atentamente a foto e verifico uma série de defeitos de fabrico. As clavículas muito salientes, os joelhos espetados, a cintura não é lá essas coisas, o pescoço é muito largo, as mãos são muito grandes e o final das canelas muito ossudas o que lhe provoca (ainda que não se veja bem) tornozelos mal feitos e uma indiscutível tendência para vir a criar joanetes.

Olho, olho, olho e, francamente, não percebo o que vêem na moça.

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Saltou a tampa a Alçada


[4041]

A cordata e suave Ministra da Educação perdeu a compostura. A manifestação do ensino privado saiu da alçada da senhora ministra e configura um caso flagrante de manipulação de criancinhas. Parece que os pais não devem levar criancinhas às manifestações porque é indigno e manipulativo. A não ser que sejam organizadas e enquadradas por professores modernaços e pelo Bloco e comecem a atirar tomates aos ministros, como há bem pouco tempo atrás. Mas assim, não. Gente da privada, com meninos que andam em escolas que fazem lucros altíssimos (horrível esta alergia aos lucros altíssimos, ainda se fosse para pagar salários a um jovem diligente que vá buscar o Figo a Itália para um pequeno-almoço de trabalho ainda que vá que não vá), a gerarem lucros, lucros, assim altíssimos, lucros, ná!

Eu não entendi bem as razões da manifestação. O que ressalta é este fervor incontido da nossa rapaziada governativa pelo ensino público. Porque o privado, diz a cartilha tem lucros altíssimos.

Houve aquela blague conhecida dum progressista da nossa praça que há uns anos foi à Suécia dizer que queríamos acabar com os ricos em Portugal, tendo-lhe sido respondido que na Suécia, ao contrário, queriam acabar era com os pobres. Isto agora vai dar mais ou menos no mesmo. O que interessa é que cheguemos à universidade a contar pelos dedos e a escrever e falar como escrevemos e falamos.

Mário Nogueira da Fenprof e aquele inenarrável chefe da comissão dos pais (é assim que se diz?) puseram-se de imediato «salivando» (desculpe lá Santos Silva, mas esta agora «encuquei») ao lado da ministra. Talvez fosse tempo destas duas obscuras criaturas «alçarem» para outra. O povo agradecia.

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terça-feira, janeiro 25, 2011

Nossa Senhora da Boa Hora velou por nós


[4040]

«...quando fez com que Manuela Ferreira Leite perdesse as últimas legislativas. Alguém supõe o tumulto que iria gente neste país caso MFL fosse primeira-ministra e no dia da eleição presidencial tivesse acontecido algo de vagamente semelhante ao que ocorreu neste Domingo com pessoas por todo o país sem poderem votar? A esta hora Manuel Alegre já não se distinguia de Humberto Delgado, sobre Cavaco Silva cairia a irremediável suspeita de ter ganho graças a tal apagão e Manuela Ferreira Leite estaria a ser pressionada para se demitir. No Porto, o pianista Burmester já estaria amarrado ao Bolhão e o Abrunhosa liderava uma manif em frente à câmara. Em Lisboa, o BE convocava manifes por sms e o dom Januário convocava vigílias para a capela do Rato. Enfim, como Deus se lembrou desta terra humilde e boa, livrou-nos dessa tentação do demo e ganhou quem devia ganhar. A esse momento nunca por demais celebrado da derrota do PSD devemos o não estarmos em levantamento de indignação e com o resultados das presidenciais impugnados...»

Pela Helena Matos. Quem mais?


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segunda-feira, janeiro 24, 2011

Esmiuçar


[4039]

Ricardo Araújo Pereira não sabe, ou não percebe, mas é claramente um humorista do regime. Daí que paute o que diz, a sério ou a brincar, pelos superiores interesses do mesmo. Está há uns quantos minutos a dizer (Governo Sombra na TSF), desta vez a rir porque o riso é supostamente o mundo dele, que está preocupado com o que vai acontecer a este povo, porque Cavaco foi eleito com o menor número de votos de sempre. Entre uma galeria de argumentos de que nem Catilina ousaria lembrar-se e que não vale a pena repetir. Esta parte do menor número de votos de sempre não foi bem a rir, Ricardo diz isto a sério e convencido do que está a dizer.

Também disse que votou em Alegre. Porquê? Porque, olhando para os candidatos, Alegre era o democrata. E, por isso, Ricardo votou no democrata. Julgo que RAP nasceu já depois de umas quantas tropelias democráticas que Alegre levou a efeito, mas isso não conta. RAP acha que Alegre é um democrata e pronto. Mesmo que seja por ouvir dizer. Ou porque leu uns poemas. Ou uns livros. E isso para ele, chega. Quanto às tropelias democráticas de Alegre, eu poderia «esmiuçar» aqui a RAP algumas delas. Mas não me apetece. Ele que leia mais. Que esmiúce.

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O verniz


[4038]

Dum comentário que deixei num confrade muito estimado e que por se ajustar a alguns outros confrades que me privilegiam com a sua amizade e leitura, resolvi transformar em post.

- Até ver e salvo «alteração aos estatutos», em democracia ganha quem tiver mais votos. De resto, por um voto se ganha. O exercício recorrente que se faz sobre reacções subconscientes do eleitorado, seja em votos nulos, de protesto ou mera abstenção é perfeitamente inócuo na essência do conceito.

Acresce que na maioria dos casos este exercício se ancora na necessidade (por vezes difícil de entender porque provinda de gente escovada) de se justificar resultados que não são exactamente aqueles que gostaríamos tivessem acontecido, ainda que eu admita que não seja o caso vertente. Cavaco Silva é um caso gritante de como a maioria de um povo vota nele e de como o verniz intelectual acha que esse povo foi uma grandessíssima besta, o que é um manifesto exagero, que nem a morte de Mark Twain. Mas a democracia é assim. E o verniz, também. A democracia tem-se aguentado. O verniz... de vez em quando estala.

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Não há muito mais a dizer...


[4037]

Não vou perder muito tempo com o resultado das eleições. Apenas desfio umas quantas reflexões:

1 – Cavaco Silva ganhou bem. Porque teve a maioria dos votos e, tanto quanto julgo saber, ainda é assim que se ganha as eleições;

2 – Cavaco Silva fez uma campanha limpa, educada e elegante, mau grado não ser reconhecidamente um tribuno para inflamar as hostes como as hostes gostam de ser inflamadas. Ignorou as diatribes dos outros cinco candidatos, «marretas» de serviço ao guião, com a honrosa excepção ao candidato comunista que, seguindo embora as linhas programáticas, pelo menos não perdeu a compostura e mostrou ser uma pessoa educada;

3 – Cavaco Silva deixou-se empolar no discurso da vitória e não resistiu em reagir à vileza da campanha. Poderá ter sido um pouco excessivo, reconheço, mas se ele falou na vileza é porque não há como ignorar que a campanha foi vil - e há alturas na vida em que é preciso chamar os bois pelos nomes;

4 – O folclore da negação da vitória de Cavaco Silva começou segundos depois de se conhecer a projecção dos resultados. Foram tantos os «paineleiros» que de imediato sonegaram o mérito do vencedor para falar em abstenção, problemas de carácter não explicados e o facto repetido à exaustão de que um candidato presidente ganha sempre, que às tantas parecia que Cavaco tinha perdido. Ricardo Costa na SIC Notícias cumpriu bem o seu papel, com aqueles olhitos de esquilo travesso do Central Park e babando-se de vaidade. Também me ficou na retina Miguel de Sousa Tavares, com aquele ar de úlcera péptica e que perorou sobre o ar de «vendetta» de Cavaco. Ficamos assim. E entre a galeria dos preclaros críticos, não posso ainda deixar de referir D. Januário Torgal Ferreira. Na graça do Senhor, na doçura e esperança da Salve Rainha, Mãe de Misericórdia e com a expressão dos degredados filhos de Eva, bolsou uns quantos disparates coléricos sobre a figura do chefe – na circunstância, Cavaco Silva, que é Comandante Supremo das Forças Armadas, onde Torgal Ferreira presta serviço como Bispo;

5 – Dos líderes partidários saliento o discurso inteligente de Sócrates, quando frisou bem que o povo português escolheu a continuidade. Esperemos que o povo seja um bocadinho mais inteligente e que no caso dele não queira a continuidade;

6 – Francisco Louçã tem, necessariamente, que ir ao médico. As veias do pescoço incham, os olhos querem saltar das órbitas, a face ruboriza-se e o homem está claramente à beira de uma crise apoplética um destes dias. Não há que perder muito tempo com semelhante defunto;

7 – Os jornalistas foram iguais a si próprios. A parte cómica foi o homem da SIC, de moto, gritando, com a voz entaramelada pelo frio, que ia tentar que Cavaco baixasse o vidro e dissesse qualquer coisa, 24 de Julho a abaixo. Não sei bem o quê, estava tudo dito. Cavaco não baixou o vidro e o carro acelerou. Uns ingratos, estes presidentes da república;

8 – No país dos «Magalhães» e do Simplex a coisa tinha de dar bota por força da nossa tendência para complicar o que é fácil. Isto nas mesas de voto. Fica por perceber se «a coisa» se ficou a dever à nossa proverbial incúria ou se fez parte de um programa bem mais sofisticado para aumentar a abstenção. Mas também já pouco interessa. De incúrias, estamos esclarecidos e de como os socialistas «salivam» para se meter nestes planos, estamos elucidados.

9 – Eu acho que tanto Carlos César como Santos Silva deveriam demitir-se. Isto se tivessem um pingo de saliva na boca. Terão?

10 – Não é fácil ser prior nesta freguesia. Que não falte a Cavaco Silva o engenho e a saúde para estes cinco anos complicados que aí vêm.

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domingo, janeiro 23, 2011

É assim


[4036]

«...Apesar de continuar elevado, o número de jovens que é mãe está a diminuir e 2009 foi o ano em que houve menos nascimentos desde 1970...»

Portantes, o número de jovens que é mãe quer dizer que isto vão haver menos bébés, e além disso eles nassem com muitas menos gramas que o costume, quinda agora a minha sobrinha nasseu com três quilos e trezentas e eu ainda onte me lembro de ouvir um jornalista do Público preguntar a um colega: - Então tu ouvistes dizer que o ano passado houveram menos bebés? E não ficas-te ademirado?

Resultado é que o melhor é mesmo a gente não esperarmos mais. Rezaide para que começardes a fazer crianças, fazendo sexo como Nosso Senhor e o Cardeal Patriarca mandarão, ou seja não useides perzervartivo e os filhos reproduzirão-se-ão.

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sábado, janeiro 22, 2011

Dia de reflexão


O Pensador . Versão Tuga

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Deixa-me cá reflectir. Mas reflectir em quê, valha-me Deus?
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quinta-feira, janeiro 20, 2011

Protestam, criam meios e condições


[4034]

Ouvi com o desprendimento próprio de quem pouco ou nada já liga à forma e à substância dos nossos noticiários, que há um projecto para se criminalizar o bullying nas Escolas. Após o que a TSF (é o costume, há sempre um comentador do Bloco a seguir às notícias com um certo impacto) colocou a deputada Ana Drago a perorar sobre o assunto, como é de bom-tom. Que não. Que estava mal. Que era uma violência desnecessária. Uma desnecessidade. Um risco para os direitos e para as garantias. Que não ia resolver nada. Perguntada pela repórter o que se deveria fazer então para acabar com a violência escolar, Drago disse que se deveria dar os meios e criar as condições para a solução do problema (SIC). Não disse quais mas eu jurava que a simpática Drago falou durante uns três gordos minutos sobre criar condições e dar meios.

É o costume. Ainda há dias Alegre protestava sobre detenções. Não sabia bem o que se tinha passado, mas protestava. E é assim que a esquerda funciona. É boa para protestar e para dar meios e condições. Entenda-se, protestar porque sim e dar meios e criar condições sempre que não se sabe que volta dar aos assuntos. Por estas e por outras é que a nossa esquerda vai protestando e criando meios condições e o país vai alegremente sendo dragado do que ainda tem de bom. Esta esquerda modernaça é um exemplo acabado de inépcia e arrogância. Não sabem, não deixam, discordam e protestam. Está-lhes nas tripas. Pode ser um acto reflexo de quem acha que está a fazer uma linda figura ou pode ser um caso puramente orgânico. Mas era tempo de, mesmo dando de barato que nada fazem, ao menos que saiam de cima (estou a lembrar-me dum dichote parecido, mas não, não é comparável. Porque eles não saem de cima mas que…pois, ai lá isso…. pois.

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quarta-feira, janeiro 19, 2011

O primeiro ministro não estava cá


[4033]

Não há «saco» para esta gente. Quando vejo na televisão um grupelho de energúmenos a empurrar a polícia, a esbracejar, a berrar e ostensivamente a tentar furar uma barreira colocada pela polícia e depois tenho de ouvir uma senhora chamada Avoila, um senhor chamado Carvalho da Silva, um Bernardino deputado e o outro… aquele de bigode, o da Fenprof… debitarem um chorrilho torrencial, um patético rosário de imbecilidades sobre a carga policial, o fascismo, sobre a luta que continua e outras pérolas e, qual cereja no bolo, me aparece um candidato a ser o meu presidente da república a dizer que protesta, mas que o primeiro ministro não está cá (seja o que for que ele quisesse significar com isso), tenho de beliscar-me e pensar bem, mas bem, em que país é que vivo. Já na ressaca ainda oiço as televisões e os paineleiros (abençoado Pinto da Costa que inventou este nome) do costume a exprobrarem a acção da polícia, como a Ana Sá Lopes do i. com a retórica habitual e em uso na paróquia.

Alguém me disse outro dia que este país está redondo. Pela simples razão de que já não tem ponta por onde se lhe pegue.

Nota: Vim a saber depois que os dois detidos (houve dois detidos) eram sindicalistas. Da maneira que ouvi as notícias ficou a ideia que ser sindicalista nos confere a prerrogativa de proceder a um número ilimitado de dislates, grosserias, ilegalidades e violências. Um dos detidos parece ser membro da Fenprof. As criancinhas podem andar a aprender mal a tabuada e não saber interpretar uma simples redacção, mas que não se diga que não lhes dão bons ensinamentos de desobediência civil.

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É oficial...


[4032]



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Um pouco de glamour. Why not?


Helena Bonham Carter. Se o Paulo Bento lhe vê os sapatos, convoca-a para a selecção. Vão por mim.

[4031]

A Rititi expõe a sua habitual e arguta relação dos trambolhos de ouro. E este ano teve pano para mangas. A visita à galeria dos trambolhos vale a pena pelas fotos e pelos comentários. Por mim, hesitei entre a Jenniffer Lopez e a Helena Bonham Carter. Ganhou a Helena aos pontos e pelo facto não despiciendo da JL ter argumentos que mau grado se terem banalizado no universo das células cerebrais do androceu, continua a deter um módico apreciável de interesse. Desconte-se o véu e a coisa passa. Helena ao pódio, pois. Descrever o cenário não sei. Leiam a Rititi que ela explica.

Uma nota final para um abalo telúrico ali para os lados da Lapa, na fronteira com a Estrela. Alguém teve um frémito incontrolável das aletas nasais, uma vibração inesperada na pituitária e um inesperado aumento da chamada testa alta (eufemismo usado nas pessoas que começam a perder cabelo ainda jovens) por uma arreliadora contrição do couro cabeludo. E porquê? Pelo esplendor da Natalie Porter. Ganhou o Globo e ia linda de morrer. Eu ainda disse à vítima do abalo que a Natalie, apesar de tudo tem as orelhas esticadas (usa brincões) e outros atributos aqui descritos. Mas ela (a vítima) mantém-se num estado assim a resvalar para o catatónico. Vou esperar uns dias.Um bife com batatas fritas will do e tudo voltará ao normal e as vendas retomam os valores habituais. Até lá, fica a foto da Natalie.


Por estimáveis razões, admitamos.


Ver aqui foto-galeria completa do festival.

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terça-feira, janeiro 18, 2011

Errata. Corrigenda. Com sua licença


[4030]

Eu não apanhei tudo, mas pareceu-me ouvir ontem a Maria José Nogueira Pinto falar na SIC-N sobre a famosa agenda da Comissão Europeia. A tal que traz as festas religiosas de todos os credos e religiões professados na Europa, mas onde parece que se esqueceram de colocar as cristãs. Com excepção do Natal e da Páscoa, aparentemente, mesmo assim, e se ouvi bem a Maria José, a alusão ao Natal é num contexto histórico e cultural. Ficámos a saber que a primeira árvore de Natal surgiu na Etiópia...

Vamos longe, assim. Esta brutal descaracterização da Europa vai continuando a ter lugar em nome do respeito pelos direitos humanos, multiculturalismo, fronteiras abertas, laicidade e liberdade e bla bla bla. Não percebo é porque é que para respeitar estes valores seja necessária esta autêntica escalada contra os valores primordiais e essenciais da Europa e dos europeus. Coisa que, pelo menos no que a mim me diz respeito, não me faz corar de vergonha ou assumir sentimentos de culpa, bem pelo contrário, especialmente se comparados com muitos valores (ou falta deles) de outras civilizações ou culturas.

Nota: Parece que a Comissão Europeia já mandou fazer 3.000.000 de erratas. Coisa esperta, não é? Sobretudo baratinha.

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O Katrina e as chuvas torrenciais no Brasil




[4029]

A Helena Matos chama-nos a atenção para este facto e é bem certo. É absolutamente lastimável a diferença de tratamento dada às calamidades nos países dos «governantes maus» e as calamidades ocorridas nos países dos «governantes bons».

Nada disto seria muito grave se não configurasse até o desrespeito tanto pelas vítimas do Katrina, como as vítimas das inundações do Brasil. Há realmente qualquer coisa de muito estranho na fenomenologia política contextualizada pela maré sociológica trazida por aqueles que dividem o mundo entre os bons e os maus. No caso vertente, Bush era o mau, Dilma e Lula são bons. Daí que a cobertura das tragédias obedeça já a mecanismos próprios de análise, cujos mentores, provavelmente, nem se apercebem já de como ou porque o fazem. É porque é assim, porque sim. Uns porque foi assim que os ensinaram nas universidades outros porque sublimaram uma forma de ser e de estar que um dia se perceberá como definitivamente contribuíram para o descalabro final de uma sociedade com todos os ingredientes necessários para funcionar bem e que os idiotas se encarregam de fazer funcionar mal.

E, uma vez mais, esta dualidade de critérios enforma um desrespeito total quer pelas vítimas do Katrina, quer pelos milhares de brasileiros que agora morreram ou se encontram destituídos pela adversidade. Uns pela «adversidade má». Outros, pela «adversidade boa» e na graça do Senhor.

NOTA: Pouco se tem falado na tragédia de Queensland, na Austrália que afectou a própria cidade de Brisbane. Mas foi uma tragédia enorme e os efeitos são devastadores. Para se ter uma ideia, há uma região completamente inundada com uma área semelhante à de França e Alemanha juntas. Morreram 18 pessoas. No Brasil são quase setecentos mortos, um número crescente à medida que se vai descobrindo mais cadáveres.

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domingo, janeiro 16, 2011

Afixe-se?


[4028]

Isto dos blogues foi uma grande invenção. Cada um diz o que quer e sobra-lhe tempo. E acho muito bem porque para isso é que se inventou a roda, o fogo e a liberdade de expressão.

Só é pena que muitos a usem a pontapé, sem compostura e, mais grave, fazendo tábua rasa dos mais elementares princípios da elegância e da honestidade intelectual.

Aqui, por exemplo, (não consigo lincar o post, apenas o blogue, mas é post de hoje) onde, aparentemente, só a simples menção do vocábulo «cavaco» causa eripsela, foram publicadas dez «figuras do povo». Gente estimável como Idi Amin, Bokassa, Salazar, Hitler, Ceausescu, Staline, Saddam Hussein e outras figuras de alto gabarito que não valem a trabalheira de ir ao blogue outra vez confirmar, foram alinhadas como figuras do povo. Porquê? Porque Cavaco disse que era do povo, coisa que, salvo melhor opinião, me parece ser evidente. Pois foi suficiente para ser alinhado com déspotas, carniceiros, criminosos, genocidas e até canibais.

Esta atitude é de um evidente mau gosto e de um total desrespeito pela figura de um homem que, provavelmente, virá dentro de dias a ser Presidente da República Portuguesa. Que não se goste da criatura, tudo bem, que se misture gente decente com aquela mostrada nas fotos vai uma distância de dimensão sideral. Para além de que, povo por povo, talvez não fosse mal «alembrado» contar as vezes que insignes figuras do socialismo (Soares, Almeida Santos, Sócrates e o candidato Alegre) usaram a palavra povo. São bem capazes de ganhar por goleada…

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sábado, janeiro 15, 2011

Sebastianogg em Lisboa


Foto da JCD. Com a devida vénia. Clicar na foto. Pelo menos para conseguir ver o prédio.

[4027]

Todos os dias passo junto a este prédio. O prédio inclinado, ali a Algés, mesmo à beira do Tejo. Ultimamente o prédio tem acordado assim. E a Joana, felizmente, fotografou-o. Para que conste como a cidade tem acordado meio triste, quiçá acabrunhada com o rosário de desvarios que insistem em preencher o nosso dia a dia.

Coincidentemente, (ou não...) esta foto foi inserida no mesmo dia em que Sócrates nos agredia violentamente, de novo, com aquele foguetório televisivo a propósito de mais um leilão de dívida pública. Talvez prenunciando que precisamos mesmo de um Sebastião qualquer, não?
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Aquilo deve ser simples


[4026]

O nosso Tridente já avariou, parece que tem de ir limpar os platinados.

Conheço um «mechânico» fixe ali à Rebelva, que mexe bem na coisa, salvo seja. Platinados, tampas de distribuidor, rotor e, às vezes, excede-se e aventura-se mesmo em bobines de chamada e motores de arranque. Se o nosso ministro da Defesa (ministro do ataque, como diz o Paulo Portas) salivar com esta informação que estou a dar de borla é só contactar para o e-mail deste blogue.

Nota Importante: Esta do «salivar» dá um tom meio badalhoco ao blogue, eu sei, mas Santos Silva gosta e quem sou eu para lhe cercear o gozo?
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sexta-feira, janeiro 14, 2011

Mau Maria...


[4025]

Pronto. Trocaram-me as voltas. E isto se não me trocaram mais nada. E quando eu me estava prestes a render aos factos de ser um Caranguejo ajuramentado, ponderadas as boas razões e saltadas umas outras menos de acordo com os meus gostos, vêm uns fabianos quaisquer e mudam-me o signo. Agora sou, xacaver… Gémeos.

Não sei nem me interessa de que é que os gémeos são capazes. Sei que estava razoavelmente acomodado ao facto de ser uma eterna criança, encarando o sexo como uma deliciosa festa, divertida e educativa (bem me lembro que foi na minha iniciação sexual que aprendi a contar…). Sei que sendo regido pela Lua, odeio a rudez porque isso fere a minha imensa sensibilidade e corta o carinho todo que sou capaz de dar. Tanto que induzo o soninho do regalo! E depois, há o facto de me entregar totalmente (não sobra nada) desde que o sexo seja feito com muito carinho, salpicado de juras de amor eterno e (UAU) muito bom nos preliminares (toma que já almoçaste). Aliás um caranguejo que se preze dificilmente consegue separar o acto sexual do envolvimento afectivo (só isto e a música no coração e as estrelinhas da Mary Poppins…)

De repente, sou gémeos. Bom de lábia, cheio de truques e muito jogo de cintura, sentindo-me bem no meu papel de D. Juan. Se sair para curtir a noite, não volto sozinho para casa. No dia-a-dia, tanto me sensibilizo com a repentina tristeza de um colega como com um traseiro simpático que se bamboleie entre mim e a máquina de fotocópias. Passarei a gostar de experiências novas e extravagantes e embora a maturidade me serene um pouco jamais isso fará de mim um santo. Na cama vou gostar imenso de inventar novidades e falar antes, durante e depois. Tudo isto porque vou passar a ser regido pelo dinamismo de flexibilidade de Mercúrio.

Afinal em que ficamos senhores astrónomos do Minnesota Planetarium Society, nos EUA? É que, com franqueza, mudar aquele ar de santinho daqueles com auréola e tudo para manguelas cheio de lábia assim como quem vai de caminho e depois de ter vivido já uns anitos, fico um bocado no baralho. Que fazer? E uma mudança assim não acentuada não poderá ser traumático e às tantas ponho-me para aí a fazer disparates? E se eu tivesse uma tatuagem do signo no…. hummmm…. xacaver… braço, por exemplo? Como é que eu fazia?

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Não há pachorra



Constituição da República Portuguesa

Artigo 286.º
Aprovação e promulgação


1. As alterações da Constituição são aprovadas por maioria de dois terços dos Deputados em efectividade de funções.

2. As alterações da Constituição que forem aprovadas serão reunidas numa única lei de revisão.

3. O Presidente da República não pode recusar a promulgação da lei de revisão.


Manuel Alegre não é só um medíocre poeta emproado. É muitas outras coisas. Dumas não tem culpa, doutras, poderá também não ter, mas tem idade e tarimba suficientes para poder ter percebido algumas realidades que claramente lhe passam ao lado. Ainda, dizer que uma parte substancial do seu carácter foi enformada pela atmosfera circunstancial que rodeava quem viveu e estudou em Coimbra nos anos sessenta, também não pode justificar tudo. Muito menos a atroz (e imperdoável) ignorância e impreparação para um cargo como o de presidente da república. Mesmo que a república seja portuguesa o que, a priori, concede uma generosa flexibilidade aos candidatos, pelo menos avaliando o que temos visto na campanha.

Manuel Alegre pode ser até impreparado e ignorante. Mas devia ter o cuidado de se informar melhor. Que é o que uma pessoa intelectualmente honesta faz quando não domina uma matéria. Só isso e o seu insuportável provincianismo justificam tiradas destas. Acresce que os portugueses não têm culpa nenhuma. Mesmo aqueles que gostam de Alegre. Ou até os que não gostam nem desgostam, antes pelo contrário, mas vêem no poeta (!!!) uma forma de combater Cavaco. Cavaco, o filho de um «gasolineiro» de Boliqueime, que come bolo-rei com a boca toda, diz que plantou batatas em miúdo, que não tem tempo para ler jornais, não tem dúvidas e raramente se engana. Dá para acreditar que as agências de marketing da campanha alegre até estes fantasmas ressequidos e mumificados pelo tempo foram buscar ao boião?

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terça-feira, janeiro 11, 2011

Ouvido por aí...


[4023]


Uma pergunta que bem podíamos colocar a nós próprios e cuja resposta poderia explicar muita coisa:


- Porque carga de água é que compramos coisas de que não precisamos, com dinheiro que não temos, para oferecer a pessoas de quem não gostamos?

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Speaking where is the wisdom, let it be...


Vai por mim, Francisco Anacleto, dou uma mãozinha ao Presidente e ainda aliviamos a situação do país. Vai por mim, Francisco...

[4022]

«...Se o Presidente quiser interromper a campanha para fazer diligências junto de Chefes de Estado e entidades europeias para explicar que a subida dos juros da dívida é artificial, que não corresponde à situação do país, que é uma injustiça, terá o meu apoio...».

Foi Manuel Alegre que disse isto. Juro. Seja ceguinho. Em Leiria. Junto de alguns apoiantes. Que os há, eu sei.

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Lavóquê?


[4021]

E de repente a cidade foi invadida por uma onda de publicidade à «Lavacolha». Como sou meio distraído, só ligo aos anúncios até ao primeiro terço, pelo que nunca me tinha apercebido verdadeiramente o que é que a rádio anunciava que nos queriam lavar. À primeira esqueci-me, à segunda pensei que diabo de coisa esta agora de me mandarem lavar… isso… logo pela manhã e a partir daí a minha curiosidade aguçou-se. Habituado que estou à tendência inata dos portugueses para criar vocábulos ou expressões, achei que… «prontes, p’tanto»… aquilo de lavar a colha seria uma ideia moderna de alguém que achou que podia ficar rico a lavar o pessoal antes de uma viagem de avião, enquanto íamos ao aeroporto, deixávamos o carro não sei aonde, mas confesso que me fazia um bocado de espécie. O que é que o aeroporto tinha a ver com aquilo. Hoje não RESISTI. Fui mesmo ao Google tratar de escarafunchar e perceber o que era isto da «Lavacolha». E, diligentemente, pesquisei: LAVACOLHA. Apareceram bidés lindíssimos, em cerâmica, peças antigas em esmalte pintadas à mão, artefactos moderníssimos com chuveirinhos e cinzeiros acoplados, só faltou mesmo aparecerem bidés preparados para fazer tostas mistas ou pregar botões na camisa.

Mantinha-me, porém, numa dolorosa ignorância sobre quaisquer «lavacolhenses» que existissem, nada me informava convenientemente sobre esta possível nova e prestável empresa. Meio abatido, mudei da imagem para a Web. Bingo, estava explicado. A Lavacolla (grafia diferente) apareceu em todo o seu esplendor. Recolhe os veículos à porta do aeroporto, lava-os e guarda-os enquanto a gente vai ali e já vem.

Aprendi três coisas. Uma, que os espanhóis antes de abrirem empresas em Portugal deviam estudar melhor a nossa língua. Outra, que hoje ainda há bidés lindíssimos. Não fazia ideia e fiquei com uma vontade quase incontrolável de ir comprar um e ir a correr para casa pô-lo em uso. Finalmente, aprendi que sou um distraído. Este mundo pode andar meio às avessas. Mas daí a ter chegado ao ponto de abrirem empresas que nos fossem esperar ao aeroporto para nos lavarem as «partes podengas» ainda vai alguma distância. Espero. Acho…

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segunda-feira, janeiro 10, 2011

Separar as águas


Esta foto já foi usada uma vez por uma confrade. Peço desculpa pelo atrevimento, mas foi a foto que me surgiu mais «à mão de semear» para ilustrar o texto

[4020]

Tomás Vasques não tem razão quando mistura as águas. A caminha que fizeram a Cavaco a propósito das acções não tem nada a ver com as trapalhadas de Sócrates no «Fripór». Isto se nos ativermos apenas ao «Fripóres», que com Sócrates, valha-nos a santa, sobram exemplos que dariam para uma fornada de campanhas se fosse ele o presidenciável.

Mas é isso que o Tomás Vasques faz. Mistura as coisas, nivela as trapalhadas das acções de Cavaco com as trapalhadas de Sócrates, mas injustamente. Porque as acções de Cavaco não meteram familiares a darem entrevistas (concludentes) na televisão, filhos de tios que nos intervalos das suas meditações transcendentais no Extremo Oriente iam mandando uns «bitaites» para Portugal, não metiam procuradoras adjuntas a dar entrevistas, pressões sobre magistrados, (um dos quais foi mesmo punido…), também não meteu vídeos, diálogos comprometedores e todo um conjunto de acções, palavras ou actos que configuravam um profundo enredo de Sócrates num assunto turvo e que porventura jamais virá a ser explicado.

Já com Cavaco houve umas afirmações mais ou menos inflamadas (e ingénuas, diria eu) de Manuel Alegre sobre o preço da venda e da compra de acções e possíveis favores do BPN a Cavaco e um «abominável» lucro de 140% (imperdoável, não se faz) e uma ausência total de suspeição. Nem por conversas, nem por vídeos, nem por entrevistas.

Misturar estas trapalhadas e colocá-las no mesmo plano (sendo que uma NEM trapalhada é) configura um exercício que, de duas uma: ou reflecte um mau discernimento sobre as matérias em apreço ou, mais grave, um deliberado propósito de diluir as trapalhadas de Sócrates num episódio absolutamente normal e legal de compra e venda de acções.

Esta «mistura» nem seria muito grave se ao andor do cura não se juntassem os sacristães de serviço que de imediato ajudam à procissão. Acresce que a prestação de Alegre com o texto literário/publicidade/pagamento em cheque/transferência/depósito/devolução de cheque/instruções para dar o cheque a uma instituição de caridade/secretária provavelmente desmazelada/declarações de que o cheque nunca foi devolvido/declarações de que o IRS de Manuel Alegre do ano em causa incluía os €1500, aconselhariam que Alegre nem abrisse mais a boca. O que, de resto e avisadamente, ele parece ter feito. Por isso me espanta continuar-se a bater no ceguinho.

Poucas vezes o aforismo das águas será tão aplicável como no caso vertente.

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sábado, janeiro 08, 2011

Crónicas das Horas Perdidas


[4019]

O Blogue da Luna fez seis anos. Ela tem escrito menos, falta de vontade diz ela. Só pode ser isso, porque a imagem de marca do blogue é «crónicas inconsequentes de quem não tem mais nada que fazer» Por isso só pode ser falta de vontade. Ou, cá para mim que já leio a Luna há seis anos, há mais culpados. Um é ela ter mesmo que fazer, que é uma mocinha ocupada. Outro, peço desculpa pela heresia, é o Face Book. Onde a Luna estará a conceder mais tempo que ao «Crónicas». E à pena, porque o Crónicas é um dos melhores blogues em «uso nesta repartição» e é escrevendo nele que a Luna verte o seu inconfundível talento e a sua rara sensibilidade. Sobretudo agora, que adquiriu uma evidente maturidade que só a beneficiou.

Parabéns à ... Luna, que aqui não se lhe pode dizer o nome. Só mesmo no FB. E uma saudação amiga de um leitor. Indefectível, ela sabe-o.

Tchin Tchin
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De repente, são «fait divers»


[4018]

Isto é extraordinário. De repente, as exigências que se fazia a Cavaco, as reportagens inflamadas onde aparecia, colérico, Manuel Alegre a dizer que «ele» (Cavaco, está bem de ver) tinha de explicar a compra e a venda das acções, tornaram-se num quadro cordato, calminho, contemporizador, com uma série de jornalistas e bloggers afirmando que tanto Cavaco como Alegre são políticos muito sérios, e os casos que vinham a dominar a política nacional não passam de fait divers. Isso acabou de ser corroborado até por aquela senhora morena, bonita e simpática, Felisbela Lopes, da Universidade do Minho (essa mesmo, aquela que caguega um bocadinho nos egues e faz comentário da imprensa na RTP) que quase en passant, disse aquilo mesmo. Fait divers que só servem grupos políticos e contribuem para a descredibilização dos políticos. E passou à fguente. Foi pena porque gosto de Felisbela e sempre apreciei o seu estilo e a substância do seu comentário.

Abençoadas Purdeys!

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sexta-feira, janeiro 07, 2011

O Porto da neblina







Clicar nas fotos para ver maior
Fotos Carlos Romão do Cidade Surpreendente

[4017]

O Porto é isto. O chuvisco e o cinzento dão à Invicta o mesmo esplendor que a cantada luz e o radioso sol lisboetas. Mas para mim, homem de neblinas e lusco-fuscos, o Porto teve sempre um encanto especial no tempo em que o Carlos Romão, com a sua habitual mestria agora a fotografou no seu post «Dezembro no Porto». Um mês durante a qual a cidade sublima a sua portentosa característica e onde até a «baixa» ganha matizes e ângulos que a capital não desdenharia ter.

Curioso como no Verão passado calcorreei a cidade, ao sol e com calor, um período muito gratificante, e me esquecera de como ela pode encantar, na nostalgia das brumas que a enformam e lhe conferem o tique duma bela cidade tipicamente europeia. Agora vi o post do Carlos e não resisti ao sortilégio das fotos. Aqui ficam elas, sem licença do Carlos mas com a devida referência. E a verdade é que, por isto e por aquilo, cada vez gosto mais desta cidade.

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Esta gente não presta mesmo


[4016]

O estrilho que vai por aí com as acções de Cavaco Silva tem a ver com tudo menos com a tentativa de ele não ser reeleito. No fundo, até os terroristas verbais de serviço no Bloco sabem que Cavaco vai ganhar e limitam-se a aproveitar o tempo de antena para fazer a única coisa que sabem fazer. Ser rudes e malcriados. O melhor mesmo é não lhes ligar nenhuma e deixar isso para os jornalistas jovens que precisam de mostrar serviço.

Já com o PS, a coisa fia mais fino. Esta colagem do episódio de um pseudo assassinato de carácter aos episódios recentes de Sócrates não é inocente. Serve para provar que qualquer pessoa séria pode ser atacada por «campanhas negras». Cavaco hoje, Sócrates, ontem. António Costa ontem, na «Quadratura do Círculo», até lhe fremia o hímen ao enveredar por essa estratégia. Dizia ele, sem se rir e com aquele ar autárquico que Deus lhe deu que o País não pode andar de campanha em campanha a discutir o carácter dos candidatos.

Cabe perguntar a António Costa quem é que anda a discutir o carácter de Cavaco. O que se anda a fazer é convergir o debate da campanha para o episódio das acções, para o que Alegre anda a fazer uma triste figura nos intervalos dos seus «textos literários» de publicidade e das sua cogitações anti-imperialistas, pensando no que se há-de fazer agora, ultrapassada que está a necessidade de dar uma arma a cada combatente da liberdade para matar portugueses, a caminho da revolução socialista (isto de se ter mais de cinquenta anos e boa memória é uma chatice para esta rapaziada socialista soixante-huitard).

É de acreditar que as pessoas não andam distraídas e não vão misturar esta estratégia de ataque a Cavaco Silva às tropelias (vamos chamar tropelias…) do inenarrável Sócrates. José Manuel Fernandes tem mesmo razão. Esta gente não presta.

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