sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Agora é em Cacia


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Américo Tomás (para as pessoas com menos de 36 anos, o último presidente da república do Estado Novo) era conhecido pelo «corta fitas». Com alguma razão, ao que parece, tenho uma vaga ideia da coisa, mas parece que era mesmo assim.

Agora temos um «animal político», parece que é o que lhe chamam. Levanta-se de manhã e pensa na fita que vai cortar. Uns fazem o sinal da cruz, outro fazem xixi, outros estalam os dedos, fazem rituais tibetanos *, toda gente, enfim, tem alguma coisa que faz primeiro, ao acordar. Sócrates Pinto de Sousa pensa no que vai inaugurar nesse dia. Quando, por hipótese não há nada para inaugurar, inaugura então qualquer coisa «que vai ser», qualquer coisa futura.

Hoje parece que foi a futura fábrica de baterias do carro eléctrico em Cacia. Não sei quantas vezes ouvi este homem já falar do carro eléctrico. Mas sei que hoje já ouvi trechos do discurso de inauguração, não da fábrica mas da «fábrica que vai ser». E o vocabulário à volta de cluster ibérico das baterias do carro eléctrico (juro que estava distraído e percebi clister qualquer coisa eléctrico e imaginei que Sócrates estaria a inaugurar uma fábrica de um qualquer zingarelho para dar clisteres à malta com um aparelho movido a energias renováveis…), Portugal na linha da frente, Portugal na linha do desenvolvimento e da tecnologia dos carros eléctricos… e aquela blá blá blá socrático que acaba por se desvanecer num «fading» que o meu organismo gerou tipo anti-corpo e que não faço ideias de contrariar.

Já disse mil vezes. Já me embaraça ouvir este homem falar. Só porque é meu primeiro-ministro, não o fosse ele e era-me indiferente. Os ingleses têm aqueles famosos «speaker corners» em Hyde Park e outros locais. Nós podíamos ter também. E aí, Sócrates Pinto de Sousa poderia ficar horas a falar de carros eléctricos. Mas assim, a ter que ouvir e a pagar-lhe por cima… NÃO.

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