quarta-feira, agosto 24, 2011

E Deus esqueceu-se de Santa Maria quando nos fechou o Paraíso




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Se alguém duvidasse que Deus se esqueceu de alguns pedaços do Paraíso na Terra depois de expulsão de Adão e Eva teria aqui a prova disso mesmo.

Santa Maria é um ponto ignoto da Terra, na Ilha da Inhaca, a uma hora de barco de Maputo e à distância de uma estreito canal para se atingir as vagas alterosas do mar aberto. A par da sua indescritível beleza, confere ao visitante as sensações inigualáveis da pesca ao «corrico», do mergulho de alto gabarito, areais quentes e finos e águas paradas em regime permanente, o que possibilita que se durma no barco em perfeita comodidade.

A poucos metros deste local estende-se uma vasta área quase sempre habitada por colónias de milhares de flamingos rosados que aproveitam as marés baixas para se saciarem com a abundância de crustáceos e pequenos peixes que Deus ali deixou para os flamingos não terem que se maçar muito procurando comida.

Em segundo plano da foto, nota-se uma encosta arborizada que proporciona locais de sonho para caminhar, «piquenicar» ou acampar. E do lado do mar aberto há um maciço rochoso com pequenas piscinas naturais onde nos vemos obrigados a afastar as lagostas para nos alojarmos. E, de caminho, apanhar uma meia dúzia delas à mão para assarmos para o almoço.

O barco, como se vê, chega mesmo à beira do areal o que denuncia um declive acentuado e permite este luxo, ao invés de termos que caminhar muitas centenas de metros, como acontece nalgumas praias até chegarmos ao areal.

O «corrico» proporciona uma pesca abundante de xaréu, barracuda, tunídeos vários (kawa-kawa, bonito, yellow fin, albacora ), dourados e wahoos. Do lado de dentro da ilha, o mergulho oferece-nos corvina real, douradas, polvos, peixe-papagaio, garoupas diversas e lagostas, em cenários do tipo que achamos que só aparecem no cinema.

A praia oferece-nos uma areia fina, quente, onde nos deitamos no intervalo de todas estas «actividades de vida difícil» e concluímos que sim, que Deus se esqueceu mesmo de alguns pedaços do Paraíso antes de nos fechar as suas portas. Um descuido que nós agradecemos. Pelo menos aqueles que alguma vez tiveram a ventura de visitar Santa Maria. Ah! E não há gente!

Nota: A foto é má (clicar, para ver um pouco melhor), porque se estragou e tive de a recuperar e isto foi o melhor que consegui. Só é possível ir de barco. O barco que se vê na imagem (o «Fame») levou-me a Santa Maria um incontável número de vezes. E lá dormi muitas vezes também. Banhado de lua, de sal, da aragem morna do Índico. Isso, entre outros detalhes, poderá explicar a razão pela qual as praias cá da paróquia não me excitam por aí além.
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4 Comments:

At 3:46 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

conheço bem Santa Maria e lembro-me como era complicado lá chegar quando as marés estavam a meio e era difícil definir o caminho para passarmos com o barco para não encalharmos. E como me lembro bem dos flamingos. Saudades, saudades, saudades :)

 
At 3:08 da manhã, Anonymous Anónimo disse...

bonitiiiinha...:)* e nem é despeito...KKKKK

 
At 9:33 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

Anónimo

Com as marés a meio tornava-se algo difícil definir a trilha indicada, sobretudo se tivéssemos o sol de frente. Era frequente encalhar. O ideal mesmo era a maré no máximo da vazante e seguir a trilha mais escura, mesmo assim tendo o cuidado de não ir muito devagar para que a quilha do barco não afundasse e roçasse no fundo.

Se conhece o local, deve saber que na área assoreada havia muita ameijoa. Não foi há muitos anos que um grupo de mulheres e crianças com água pelos joelhos se ocupava da apanha da ameijoa e a subida da maré foi tão repentina que eles acabaram por não ter tempo para chegar à margem. Morreram muitos!!!!

 
At 9:35 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

Anónimo das 3:08

Eh!!! Bonitinha. Nada de especial, mas bonitinha!! :)*

 

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