quarta-feira, novembro 30, 2011

«Vamos agradecer aos idiotas. Não fosse por eles, não teríamos tanto sucesso» (MT : 1835-1910)

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Nunca fui muito dado a assinalar efemérides por aqui. De resto sempre me habituei ao pormenor e cuidado da Madalena, no tempo em que ela não deixava passar uma!

Mas abri o Google esta manhã e não pude deixar de recordar que Mark Twain foi o primeiro autor que li. Ou melhor… antes, lera «A Cabana do Pai Tomás» da escritora (também americana) Harriet Beecher Stowe, tinha eu os meus oito anitos e o meu extremoso pai achava que nunca era cedo demais para saber dos grandes fenómenos históricos e sociais da humanidade e, sobretudo, entendê-los. Tenho de confessar que li «A Cabana do Pai Tomás» mais ou menos contrariado, uma coisa que eu detestava. Odiava a contrariedade. Mas, habituado à cultura, perseverança e sabedoria do «paizão» eu achava mesmo é que tinha de ler o livro e antes da metade já eu ia gerando uma ideia sobre a escravatura, com o rigor permitido a uma criança de oito anos.

O que eu não disse a meu pai é que tinha descoberto um livro na modesta biblioteca do meu bairro (é… antigamente havia modestas bibliotecas nos bairros das pessoas) e que se chamava «As aventuras de Tom Sawyer». A capa e o título chamaram-me a atenção e daí a passar a visitar a biblioteca todos os dias foi um passo, para cerca de uma hora de leitura, durante a qual me deixava arrebatar pelas aventuras de Tom, Huck e a Becky. O resultado é que levei três vezes mais tempo a acabar «A cabana do Pai Tomás». Ainda por cima o meu pai quase todos os dias me perguntava: «Já leste o livro?» E isso agravava o problema, «sabia-me» àquelas mães que nos obrigam a comer a sopa toda, sem fome.

Pouco a pouco descobri Mark Twain. O grande escritor, pensador e humorista. E retenho na memória um livro, «Os melhores contos americanos», onde Mark Twain me deliciou com o «A célebre rã saltadora do condado de Calaveras». Um conto que nunca mais esqueci e me ajudou a guardar um lugar de respeito e gratidão por este extraordinário autor. O tal que umas almas iluminadas parecem agora querer corrigir, porque acham (muito «acha» esta gente…) que ele era politicamente incorrecto. E ser politicamente incorrecto é coisa que não se faz, nem se enquadra nas boas práticas.
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