domingo, julho 29, 2012

Os meus carros (14) Mitsubishi Lancer (o preto)

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Chegado aqui, a minha história de carros começa a ser desinteressante. Como muito provavelmente nunca poderei ter o Aston Martin que gostaria de ter, rendi-me à inevitabilidade de conduzir um carro que goste, seguro, de boa performance e, sobretudo, FIÁVEL, à medida do meu «poderio» financeiro. Não admira, assim, que tenha comprado outro Mitsubishi. Bem melhor que o anterior em potência e mais uns «zingarelhos» importantes como ABS, computador de bordo, ajuste dos bancos em três posições e sensor de chuva. O design é feliz, também. Mas, por qualquer razão que me escapa, há poucos a circular. As pessoas não conhecem bem o carro, ou a marca promove-se mal, não sei. Sei que é uma das viaturas com uma melhor relação de custo/benefício, mas não caiu no gosto português. Por mim, vou gostando. Porque isto de ter carro é um pouco como o casamento, o mais difícil são os primeiros vinte anos, sempre à procura do detalhe da perfeição. Depois a coisa entranha (salvo seja) e a gente habitua-se.
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Os meus carros (13) Mitsubishi Lancer (o verde azeitona)

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Penso ter expressado bem aqui a minha genuína surpresa pela qualidade e fiabilidade dos Mitsubishi. A vida dá muitas voltas e numa dessas voltas, acabei por me fixar definitivamente em Portugal há pouco mais de uma dezena de anos. Quando reparei que tinha de comprar um carro, acho que não pestanejei e fui direito a um agente da marca. Em minutos, escolhi a cor, paguei e fui lá uns dias depois buscar o carro, depois de devidamente matriculado.

Durante cerca de meia dúzia de anos foi o meu segundo habitat e jamais me desmereceu a confiança nele depositada. Verdade que não era tão potente como o anterior, mas igualmente servido de todas aquelas mariquices que até há pouco se chamavam de extras e hoje são o equipamento de uma viatura de segmento médio. Ar condicionado, tecto de abrir, direcção assistida, jantes de liga leve, central lock, ajuste do volante, rádio, etc., etc. Mais importante, o carro percorreu quase 400.000 kms pela Península Ibérica e em todas essas viagens nunca me dignei sequer verificar se os níveis de óleo estavam correctos. Certo que lhe fazia todas as revisões recomendadas, mas é da mais elementar justiça referir que nunca o carro precisou de nada que não fosse consumíveis correntes como filtros, óleo, pastilhas de travão, uma (!!!) bateria e pneus. Mais. Este carro foi parar à minha filha, que nele percorreu mais cerca de 70.000 quilómetros, sem o menor constrangimento. O carro acabou por ser vendido quase com meio milhão de quilómetros e o seu feliz proprietário ainda hoje percorre as ruas de Cascais, eu cumprimento-o, pergunto-lhe por cortesia se está tudo bem e ele diz que ainda no fim-de-semana passado foi ao Algarve. Mas que o carro (finalmente) precisou de levar uma embraiagem.
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sábado, julho 28, 2012

Foi bonito de ver

[4723]

Gostei da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos deste ano. Não que eu nutra uma particular simpatia pelos Jogos, por razões que não vêm agora ao caso. Mas gostei logo de reparar nas diferenças entre a grandiosidade massificada, manipulada, robotizada dos jogos de Pequim e o guião simples e humanizado de um pedaço de História de que os britânicos se orgulham. E foi no desfile cronológico da ruralidade de um Reino, passando pela revolução industrial e até à modernidade dos dias de hoje que se confluíram as raízes culturais daquele povo, eivado de genuínos orgulhos, meandros idiossincráticos e um verdadeiro sentido nacional. Não faltou o detalhe de podermos reparar como uma sociedade realmente multiétnica (não vi pretos, louros nem indianos na abertura dos jogos de Pequim), com certeza ferida da multiplicidade de angústias e querelas expectáveis pela própria natureza de uma sociedade de múltiplas características e culturas, mas bem representativa de um conceito democrático que talvez não seja muito bom mas é, com certeza, que se saiba, o melhor de todos.

O humor britânico não podia faltar, e desde ver a estátua de Churchill acenando aos passantes (só irritou ver que o politicamente correcto lhe tirou o charuto) até ao imaginário de ver Sua Majestade saltando de paraquedas com James Bond sobre o estádio Olímpico, nada faltou. Nem mesmo o formidável Mr. Bean tocando uma tecla de piano e parodiando a circunspecta Orquestra Filarmónica de Londres, durante a inevitável interpretação dos «Charriots of Fire». E no meio de Mary Poppins e expulsão do Mal pelo Bem, ainda deu para ver os enxutos setenta anos de Paul McCartney a cantar aquela fantástica «Hey Jud» e foi bonito de ver mais de 70.000 pessoas no coro do na-na-na-nanana-na.

No fim os chineses gostaram muito do fogo de artifício e alguns bloggers questionaram a presença de Cavaco Silva e mulher na assistência e outros, ainda, preferiram soltar a rédea ao seu inconformável romantismo e entoaram o mofo de versos do Manuel Alegre alusivos a Hitler e ao Jesse Owens. Aguardemos agora o Rio de Janeiro.

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sexta-feira, julho 27, 2012

Biblicamente estúpidos

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«...Num jantar com deputados do PSD, com alguns ministros e com a presidente da Assembleia da República, Pedro Passos Coelho disse que não queria saber para nada de eleições (que se "lixem" foi a expressão). Houve logo algumas pessoas biblicamente estúpidas para interpretar a frase de uma maneira que nem a ocasião, nem o contexto permitiam. Uns concluíram que o primeiro-ministro se estava a "lixar" para a democracia. Outros –o que não passa de uma variante - que a opinião dos portugueses não lhe interessava. Quase ninguém percebeu (ou muita gente resolveu fingir que não percebia) o que Passos Coelho claramente comunicou às suas tropas. A saber: que o Governo não mexeria um dedo para ajudar o partido na série de eleições que se aproximam (Açores, câmaras, Parlamento Europeu). É preciso ter andado a dormir durante trinta anos para não perceber, apesar da crise, ou por causa disso mesmo, que as clientelas do PSD não pensam noutra coisa. Antes de Passos Coelho o PSD, longe do poder, era uma federação de câmaras, que se aliavam ou guerreavam, para fazer e desfazer as direcções nacionais. Muita gente com algum talento ou sem talento nenhum desapareceu politicamente naquele insuportável circo. E a vida do militante comum acabou por se reduzir à intriga e às clientelas com mais força ou habilidade. O primeiro-ministro veio agora dizer que esse tempo acabou e que daqui em diante subordinará o partido ao interesse nacional, como ele o entende. A este acto de inteligência e coragem o público informado respondeu com comentários rasteiros, que envergonham um morto. Para começar, como já expliquei, a história inteiramente idiota de que Passos Coelho desprezava a democracia. Segundo, o protesto hipócrita e pequeno-burguês por ele se atrever a usar, numa espécie de comício, a terrível palavra "lixem". Isto que, em formas bem mais duras, se tornou habitual na imprensa inglesa ou americana ainda ofende o ouvido de certas damas da academia e da sociedade, que por aí despejam opiniões sem sentido. Vale a pena insistir numa atitude tão ridícula? Vale porque ela mostra bem a que ponto chega a má-fé e a obnubilação da esquerda. O PS e arredores preferiam com certeza que o primeiro ministro se envolvesse nos sarilhos correntes do PSD e que, em nome deles, distorcesse a política geral do país, que eles no fundo não se importam que se lixe. E, afinal de contas, sempre iam ganhando uns lugarzitos para a malta em dificuldades. Nada de melhor ou de mais lúcido...»

Vasco Pulido Valente, Público

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quinta-feira, julho 26, 2012

Bandeira azul no Terreiro do Paço

[4721]

A CGTP, nos intervalos das excursões pelo país para insultar membros do governo, inventa umas manifestações mais ou menos ridículas. Desta vez, cerca de 20 a 30 maduros fizeram uma praia de protesto em frente ao Ministério das Finanças. Ana Avoila, uma senhora não sei quê não sei quantas da Frente dos Sindicatos diz que estavam ali pelo menos 100 pessoas. E lá estavam elas, não as 100 que referia a Ana Avoila, mas as 20 ou 30 que dizia o repórter e as 7 ou 8 que eu vi à volta de uma piscina de plástico e umas cadeiras com as efígies dos nossos ministros, que passam a vida no bem-bom e em comezainas (Avoila dixit).

No meio disto tudo o que me encanita é eu estar a trabalhar e o tempo me faltar para fazer sempre mais e melhor e, como eu, tenho a certeza que muitos milhares de portugueses, e perceber que há um grupo de privilegiados que tem tempo para andar a viajar para insultar ministros ou fazer praias no Terreiro do Paço. Não sei bem como é que estas coisas funcionam, mas saber que esta gente é paga por mim e outros tansos como eu para andar a fazer praias no Terreiro do Paço e se deslocarem praticamente todas as semanas em modo de turismo reivindicativo, faz-me assim, como é que hei-de dizer…. eripsela. Urticária. Coceira, como se diz no Brasil. E por mais que nos cocemos, há sempre uma Avoila a dar-nos comichão.
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quarta-feira, julho 25, 2012

A empres...emprelasi...empersali...chiça... empresarialização da saúde

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O bastonário da Ordem dos Médicos aí está, acelerado e definitivamente a colar-se ao pelotão do Mário Nogueira, daquele senhor Albino da Associação de Pais, Marinho Pinto e de outros que tal, que é uma trabalheira mencionar. O bastonário saiu-se agora com uma pérola, a de que alguns médicos, alegadamente, ganham mais do que deviam, por força de práticas que resultam da empresarialização da saúde, gerida por ministros neo-liberais, como Correia de Campos e Mário Macedo.

O bastonário não referiu as muitas dezenas de médicos («passou-se-lhe») que estão a ser investigados por alegadas burlas de receitas falsas, uma falcatrua em conúbio com farmacêuticos e que ascendem a vários milhões de euros. Aparentemente foi um ministro neo-liberal que terá aberto as investigações, mas certamente foi sem querer, terá sido um descuido do ministro. Se ele pensasse um pouco ter-se-ia apercebido que a falcatrua das receitas se deve aos médicos vítimas de um sistema empresarializado, quiçá, enfeitado pelos diabinhos negros que o bispo Januário lançou recentemente no mercado.
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Não temos emenda

[4719]

A RTP está a dar, a espaços, apontamentos de reportagem sobre alguns sistemas de segurança à volta dos Jogos Olímpicos de Londres. Nesses apontamentos, o apresentador usa um tom jocoso, crítico e diria até que algo achincalhante, à medida que mostra meios de defesa, por terra (brigadas de seguranças gorilla type sort of thing a pé), por água (várias lanchas com seguranças façanhudos, quem sabe marines reformados e psiquicamente traumatizados pela dureza das guerras que os Estados Unidos se entretêm a semear pelo mundo) e aérea (helicópteros voando). E uma bateria de câmaras vasculhando a privacidade de um cidadão. Não faltou ainda um apontamento sobre brigadas de defesa anti-aérea com dispositivos ameaçadores e uma cúpula rodando (supõe-se que para detectar inimigos), não faltou mesmo o inevitável imigrante portugês que, coitado, vinha a filmar no topo de um autocarro londrino até aparecer a polícia que o obrigou a desgravar o que filmou, e o repórter lá continuou a descrição com aquele ar de que estamos, coitadinhos, sujeitos a esta forma de devassa da nossa liberdade e a medidas … somo é que se diz mesmo?... securitárias, é isso, estamos a perder os nobres valores da nossa civilização em nome de estados securitários, belicistas, economicistas (esta, o repórter não disse, digo eu, embalado pela retórica), neo-liberais (também não disse, mas acho que pensou, pelo menos pelo tom do discurso) e opressores.

Estes sãos os mesmos repórteres que, na eventualidade de um ataque terrorista durante os jogos, criticariam sem piedade a incúria, o desleixo e o facilitismo com que se encarou a segurança dos Jogos Olímpicos. Isto antes de aparecerem outros repórteres e jornalistas garantindo que a polícia e os serviços secretos tinham elementos que lhes permitiriam evitar os ataques e, numa fase um pouco mais à frente, apareceriam mesmo as versões segundo as quais os ataques teriam sido uma conspiração da direita ultra e falconídea, a mesma que se suspeita destruiu as torres gémeas.
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terça-feira, julho 24, 2012

À vontade do freguês


Se é um questão de fonética... alinho

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Não há como escapar. Estamos ao computador, mas a televisão vai emitindo o ruído habitual do «Bom dia Portugal». E com ele chega, fatalmente, o «bom português» onde diariamente se martela a opinião pública sobre o acordo ortográfico. A coisa vai-se tornando monocórdica, vagueia entre os dias de semana e meses com minúscula, aos hífen, passando pelos «C» e «P» que agora não se lêem.

Mas há excepções. Há artefactos, por exemplo, ou artefatos. Ambas as expressões estão correctas (corretas?), consoante se leia ou não o «C». Explicando como se fôssemos muitos burros, se pronunciarmos o «C» escreve-se artefacto. Se não pronunciarmos o «C»… bom, aqui já se escreve artefato. Ou seja, a coisa fica um bocadinho à vontade do freguês, segundo nos ensina a RTP. Já a etimologia do artefacto, do latim Arte Factu é um artefa(c)to despiciendo, interessa é que alguém se lembrou que o melhor era tirar as letras que não se pronunciam, mesmo quando elas se devem ler, como em artefacto, espectador ou sector, que desaguaram em vocábulos estranhos como artefato (que cheira a alfaiate), a espetador (que cheira a espeto de assar leitões) ou setor, que cheira a abreviatura do «setor» da turma dos meus filhos ou netos.

Mas no caso do artefacto/artefato, podemos dizer das duas maneiras. Com «C» ou sem «C». Diz a RTP. E se a RTP diz, a gente acredita. Quer-se dizer, descontando a gente que desconfia, mas essa é uma minoria descartável. E se a fonética é à la carte, a morfologia acompanha. A sintaxe não se ressente, as pessoas vão-se (des)entendendo umas às outras e as luminárias que acordam todos os dias a pensar no que há-de fazer para tornar o mundo melhor ficam felizes pelo simples facto/fato de terem nascido. Mas o culhosão de fazer?
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segunda-feira, julho 23, 2012

Uma escola, afinal


A Sagres a caminho de Caiz. 48 veleiros, ao todo (Clicar na foto)

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Lá vai ela de novo. Pelo mar fora. E assim, enquadrada neste cenário de glórias e passados, parece mais bela e revestida de maior simbolismo.

Lembro-me de ter experimentado um sentimento análogo quando uma vez, em Moçambique, fui convidado para jantar a bordo da Sagres. Impressionou-me o asseio, a ordem, o rigor, o arrumo e a disciplina de tudo o que vi. Uma escola, afinal. Como seria bom, se todas as nossas escolas fossem norteadas pelas mesmas premissas.
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domingo, julho 22, 2012

Fascista, mitómano, tido por historiador, político, prédio feio e como as putas

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Neste blog, José Hermano Saraiva é chamado de fascista, mitómano e tido por historiador. Além de comparado a políticos, prédios feios e às putas. Passo à frente do mitómano e do tido por historiador mas já agora, bem gostava de saber em que chão é que o autor do blog caminhou para chamar fascista a JHS. Deixa cá ver… por ter sido ministro da Educação de Salazar? Ou passa-me alguma coisa ao lado?

Sempre me fascinou a irresistível tentação da esquerda se posicionar no campo da discordância e no acinte da crítica ideológica sempe que os méritos de uma personagem da direita recolhem consenso popular. Não resistem. Está-lhes nas tripas. E vem na cartilha.
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Espanha e Itália a darem uma sova na Merkel

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Já com o europeu de futebol isso aconteceu. Jogos com a Alemanha significavam sempre um rosário de parolices sobre a situação política e económica da Europa. E a culpa era dos alemães, claro. Há pouco, no Grande Prémio da Alemanha da F1, o comentador não conseguia deixar de mencionar o facto curioso de a prova se realizar na Alemanha e ir ser ganha por um espanhol pilotando um carro italiano. Aquilo era superior às forças dele e afirnava-o num tom misto de fatalismo mas, ao mesmo tempo, de vingança.

Não resisti a esmiuçar os dois pensamentos que me assaltavam de cada vez que ouvia falar no carro italiano pilotado por um espanhol e que ia ganhar à Alemanha. Assim:

Esquizofrenia: Transtorno psíquico severo que se caracteriza classicamente pelo seguinte conjunto de sintomas: alterações do pensamento, alucinações, delírios e alterações no contacto com a realidade.

Medíocre: Algo ou alguém que não tem grande valor intelectual ou capacidade para realizar algo, sem talento e que está abaixo da média: os medíocres nunca alcançarão o sucesso.

Não nos tratemos, não. Depois digam que a culpa é da Merkel!
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Acrescentar à minha linha de promessas


Já no «Barnabé», o Daniel de Oliveira respingava imenso quando lhe caía uma mosca na sopa. Ele agora respinga mesmo quando não lhe cai mosca nenhuma. Aquilo é o «feitio» dele...

[4714]

Assegurar-me que não adormeço com a TV sintonizada na SIC- Notícias, para que não volte a acordar com o Daniel Oliveira e explicar-me as diferenças entre a legitimidade formal e a legitimidade política. Porque, segundo este assalariado Premium de Balsemão, este governo tem legitimidade formal, dada pelas eleições, mas não tem legitimidade política, a avaliar pela opinião da maioria dos portugueses. No fundo, talqualzinho como Mário Soares, que já disse uma barbaridade semelhante. Estas luminárias não explicam bem é como é que sabem do que a maioria dos portugueses gosta ou não gosta. Pressupõe-se que esta noção decorre da sua superioridade intelectual que lhes permite perscrutar a opinião das pessoas. Ou, melhor, a opinião, que os «Daniéis» e os «Mários» imprescindíveis à democracia acham que a maioria dos portugueses deviam ter. Ah! E também para não ter de ouvir Clara Ferreira Alves perguntando se sabemos como é cara uma tinta para o cabelo e que o actual governo não é legítimo (não disse se formal se politicamente) porque tem lá o Relvas, o Álvaro e o não-ministro Borges.

Uma pérola esta peça de terrorismo verbal que passa aos Sábados à meia-noite e que nos acorda às 7 da manhã de domingo quando nos esquecemos de apagar a TV sintonizada na SIC Notícias e adormecemos na vã esperança de acordarmos num dia melhor, tipo uma vinha diligentemente pulverizada para a limpar do oídio.
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sábado, julho 21, 2012

Portugal no seu melhor

[4713]

Não, não é uma alusão a uma daquelas inúmeras tabuletas com erros de ortografia a anunciar que À caraqóis ou fotografias daqueles ininteligíveis sinais de trânsito antes de uma rotunda. É mais este caso da justiça em que andamos a brincar aos Sócrates e aos «friportes» há onze anos, onde só um pateta não se apercebe da actuação indecente do PGR e do DCIAP e da necessidade de se fazer qualquer coisa e que se traduziu num processo em que se acusava os arguidos de extorsão (do que percebi a acusação era de que os arguidos queriam extorquir dinheiro aos chefes alegando que era para pagar a Sócrates, mas não seria o caso, era para eles próprios, estou errado?) e do final mirabolante em que a pronúncia é por uma absolvição, que não podia ser outra coisa, segundo os técnicos que se manifestaram sobre a «coisa».

Entretanto, ao que parece, os arguidos foram absolvidos porque não se provou que o dinheiro não era para pagar a Sócrates, mas para eles próprios, sendo que Sócrates continuou a ser referido amplamente e sem reservas, no que seria, claramente, a sua, deles, própria defesa. Entenda-se, o dinheiro era para pagamentos de luvas e não para os arguidos. No fim, à leitura da sentença, o juiz diz, entre coisas, que há indícios fortes de que houve mesmo pagamentos ao antigo ministro do ambiente. E por isso manda extrair uma certidão. As pessoas ficaram muito contentes mas no dia seguinte reparam que agora a tal certidão dá com os burrinhos na água porque o crime, a ter havido, prescreveu.

Isto parece um conto de ficção de 5ª categoria para fazer um daqueles filmes do canal Holywood aos sábados à tarde, mas aconteceu mesmo. Num país onde se penhora contas bancárias de meia dúzia de centena de Euros por falta de pagamento ao fisco e onde por duas vezes se elegeu o «inenarrável» que agora, prescrito e feliz, tomará o seu café au lait e um petit gateau nos Campos Elíseos, depois de, acolitado por uma colecção de venais e idiotas úteis e um eleitorado crédulo, ter atirado este país para a desgraça.

Por cá, os tontos do costume vão-se entretendo em falar mal do Relvas e a entrevistas os outros tontos doutorados em política à portuguesa que todos os dias acordam convencidos da sua inevitabilidade histórica e que Portugal sem eles nada seria e inchados de vaidade. Não rebentarem eles como o sapo…
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sexta-feira, julho 20, 2012

«Skypar»

[4712]

Ontem «skypei» imenso. Circunstancialmente. De regresso a casa, e já depois do sol se pôr, dei comigo a pensar no que o avanço das tecnologias e da ciência nos proporciona em termos de meio de trabalho. O skype não só nos proporciona a possibilidade de comunicarmos sem custo, como ainda falamos com o nosso interlocutor, olhos nos olhos. E sabe-se como a expressão facial é importante na eficácia da ideia que queremos expressar ou no processamento da ideia que estamos a receber.

Num registo mais ligeiro, também há que referir que o skype, hoje, nos faz ter uma noção bem diversa do conceito de ausência.
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Sim, não, pode ser, talvez, nem sim nem antes pelo contrário, vai-se a ver e toda a gente tem razão...

[4711]

Marcelo, já em nota de rodapé. O professor continua em «mode» de opinar como opinou, há tempos, sobre o aborto. Sobre D. Januário, ele acha que é muito boa pessoa, Mas as palavras foram mal escolhidas. Que o bispo prestou relevantes serviços, mas as palavras foram … um pouco excessivas. Que Aguiar Branco poderia ter perguntado directamente ao bispo:- Eu sou corrupto? Mas que o bispo é boa pessoa. No fim do comentário, riu-se e foi-se embora.
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Não entendo, prontes!

[4710]

Ainda a propósito de professores. Por muito respeito que a classe me mereça, não consigo entender porque é pode haver desempregados trolhas, engenheiros, topógrafos, pasteleiros, advogados, veterinários, economistas, e muitos outros, mas não pode haver professores. Os professores não podem estar desempregados e mesmo que não tenham escola nem alunos, o governo tem de os empregar. Pagando-lhes com o dinheiro de todos nós. Não entendo, «prontes»!
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Os bons exemplos

[4709]

Já não tenho filhos em idade escolar. Mas se tivesse, iria sentir muito desconforto e constrangimento em explicar-lhes a atitude grotesca e a agressividade, as palavras de ordem (gatuno, gatuno, gatuno, gatuno) e o reboliço, que obrigou mesmo à intervenção da polícia expulsando-os da Assembleia, de um grupo de professores (muitos afectos à Fenprof, dizia o comentador…). Porque não é fácil explicar a crianças que aqueles são as pessoas que os formam e ensinam e que, em última análise, para além da tabuada, lhes devia dar um exemplo de comportamento cívico e de educação. Que demonstraram não ter.
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O costume

[4708]

A Madeira foi fustigada pelos incêndios de maior gravidade e dimensão de sempre. Ouvi uma estação de televisão espanhola dar a notícia, relatar objectivamente os acontecimentos e rematar com uma ideia óbvia. De que a orografia da ilha impede ou dificulta bastante a utilização de meios aéreos.

Já em Portugal, a notícia é diferente. As televisões passam registos de Alberto João dizendo que havia bombeiros a mais e de populares berrando que não havia bombeiros nem aviões. A tragédia e a catástrofe ao serviço dos interesses mesquinhos da politiquice. O costume.
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Rezar por D. Januário

[4707]

O «Quadratura do Círculo» parece apostado em alinhar na actual dinâmica de afastar gradualmente os telespectadores (os «espetadores» do AO) cansados da ambiguidade de uma estação televisiva tomada por séria e credível. Sucedem-se os casos de manipulação dos factos e, surpreendentemente, o QC não parece querer fazer a diferença.

Ontem, uma vez mais, vimos Lobo Xavier em palpos de aranha para se desenvencilhar do comentário rebuscado de Pacheco Pereira, afirmando que conhecia D, Januário desde pequenino, mas que reconhecia que as palavras do bispo teriam sido…«excessivas». Foi uma concessão de Pacheco Pereira que, de seguida e a talhe de foice, não resistiu a estabelecer comparações que meteram Otelo, a «transferência de recursos» corrente, o fosso cada vez maior entre ricos e pobres e outras considerações que eu não percebi bem se pretendiam desculpar as diatribes da militar eminência ou aproveitar a boleia para fazer uma crítica cerrada ao governo. Já António Costa não deslustrou do registo habitual. Rançoso, como é seu timbre. E lá foi desculpando sua eminência reverendíssima. E não se coibiu mesmo de fazer um aproveitamento indecoroso do facto, por demais reconhecido, de um grupo de agitadores profissionais que vão aparecendo por tudo o que é sítio onde se desloque um ministro ou mesmo o Presidente da República, para fazer arruaça e, até, tentativas de agressão. São sempre os mesmos em Valença do Minho, em V. Real de Santo António, em Lisboa, no Porto, em Bragança, Castelo Branco ou Venda das Raparigas. Sabe-se, está documentado por fotos, que os manifestantes são sempre os mesmos e que se manifestam a propósito do que for preciso. Costa acha isto um sinal perigoso da fractura que se nota na sociedade portuguesa.

Perante «isto» Lobo Xavier disse, em forma de Amen, que ia rezar pelo bispo. Devia rezar por todos nós.
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quinta-feira, julho 19, 2012

YES WE CANnabis

[4706]

O conforto de termos na Assembleia alguém com a verdadeira noção das prioridades e do superior interesse dos cidadãos. O que seria de nós sem os «Joões Semedos» do nosso contentamento, pugnando pelo direito de termos um pé de cannabis no quintal, na varanda ou marquise ou, no extremo, num vaso bonito ao canto da sala.

Mas os guardiães do nosso progresso, modernismo e bem-estar vão mais longe. Avançam com planos estratégicos e adequada legislação. Só falta abordar, sem complexos, a vertente agronómica, com aconselhamento sobre tipo de solos e necessidades em nutrientes e oligoelementos. Mas um dia chegam lá. Hoje um médico, amanhã um gestor e um agrónomo. É uma questão de aumentarem o número de deputados.

João Semedo deposita uma fundada esperança nesta proposta do Bloco. Segundo ele há muitos deputados do PS, PSD e CDS (curiosamente exclui o PCP, uns «quadrados», estes comunistas) que pensam como ele. Um eufemismo para «puxam de um charro».

As nossas prioridades estão garantidas. Tal como uma noção apropriada dos superiores interesses da Nação. Força, Bloco.
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quarta-feira, julho 18, 2012

Será genético?


[4705]

Estas fotos ilustram bem uma forma de estar e de ser. Sá Carneiro e a sua monumental homenagem na praça do Areeiro, um cântico ao mau gosto e ao parolismo militante com as quotas em dia e a sobriedade, bom gosto e respeito com que os ingleses homenagearam uma figura mundial do gabarito de Nelson Mandela (que faz hoje 94 anos).

Será genético? Talvez não, a verdade é que «mimos» como o de Sá Carneiro só começaram a aparecer de há quarenta anos a esta parte. E não me esqueço do monumento à Garrafa de Água de Castelo, ao Povo de Ourique e, naturalmente, ao avançadíssimo, «pirilau» da avenida. Apenas alguns exemplos da fancaria estatuária com que resolvemos enfeitar o nosso país.
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terça-feira, julho 17, 2012

Qualquer coisa não bate certo

[4704]

A estação do metro do aeroporto já está funcionando há 24 horas e os taxistas ainda não fizeram greve nenhuma, não disseram palavrões, não chamaram gatuno ao Passos Coelho, não disseram que Cavaco sofre de Alzheimer, que o Relvas não é licenciado e que o governo é corrupto e nem exigiram nada que se visse.

Há aqui qualquer coisa que não bate certo. Já lá vão vinte e quatro horas! Os taxistas do aeroporto estão, claramente, a perder qualidades.
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Penando pela Terra, sonhando com um purgatório complacente

[4703]

Sempre achei esta criatura desonesta e parcial. Nunca me interessou muito o porquê, normalmente levava as suas diatribes à conta do fenómeno nacional que emulou Sócrates e as suas peripécias e, alegadas, falcatruas, pela via alegre da procissão socialista. Januário, no fundo, alternava entre caminhar e pegar no andor, era conforme o lado para que acordava. Mas agora, está impossível. Espuma de raiva, a vesícula não pára quieta e está claramente a diminuir a sua capacidade de discernimento. Para não falar de compostura, coisa que nele nunca foi marca de água mas, enfim, houve tempo em que dava para disfarçar.

Mas, no fundo, este homem dizer o que diz e ninguém lhe ir à perna releva menos da sua índole do que da tendência mórbida da nossa comunicação social para dar à estampa declarações desta natureza, por gente desta estirpe.
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A liberdade de fazer o que lhes mandam

[4702]

Custa um bocado ver grupos de algumas centenas e pessoas, a toque de caixa (como ainda agora aconteceu com cerca de 100 pessoas em Borba), com megafones e uma beligerância que nos diz bem o que seria se esta gente um dia chegasse ao poder, a insultar membros do governo. Toda a gente sabe que a CGTP tem uma capacidade mobilizadora extraordinária (inclui «profissionais» que correm o país aglutinando multidões para se manifestarem, está provado com fotos e vários artigos) e lhe é relativamente fácil pôr umas centenas de pessoas na rua a berrar e a soltar impropérios em verso e em coro.

Independentemente do facto de este tipo de manifestações não representarem nada que não seja a capacidade de mobilização do Partido Comunista e do romantismo que envolve o cenário, exprimindo livremente as suas «opiniões», é irónico que sejam aqueles que jamais permitiram ou permitiriam que fosse quem fosse exprimisse o que quer que fosse se estivessem no poder, a alimentar espectáculos degradantes como os que se têm visto nas televisões. Para além de que não é admissível que um Partido que não chega a ter 8% de representatividade consiga chatear tanta gente e, objectivamente, dar uma imagem primária de um país onde se gostaria de ver participação e investimento estrangeiros.

Não sei como é que se faz, mas devia haver uma forma qualquer de chamar aqueles rapazolas à pedra lá na Assembleia da República e explicar-lhes que a sua legitimidade se confina a meia dúzia de românticos e alguns oportunistas e que eles deviam celebrar e ir beber uns copos de vez em quando, por viverem sob regimes políticos que lhes permitem fazer aquilo que eles jamais, mas jamais e sei do que falo, permitiriam, se o regime fosse o deles.
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segunda-feira, julho 16, 2012

O calor de novo e o povo feliz

[4701]

E esta manhã o português acordou contente como um menino a quem deram a roca. O sol brilha, a temperatura aqui em Lisboa vai atingir os 37º e das televisões escorrem sorrisos e satisfações mal contidas. Um autêntico dia de Verão, dizem as apresentadoras. Com temperaturas mais altas e vento fraco. E parece que é para continuar.

Hoje a licenciatura de Relvas e as opiniões de Louçã vão esbater-se e perder impacto no gozo supremo dos portugueses inebriados pelo sol que os vai aquecer na praia. E, já agora, nos restaurantes onde as pessoas se vão queixar do ar condicionado e preferir comer com uma risca de suor a escorrer-lhe pelas costas. Uma amiga que eu cá sei também não perderá a oportunidade de fazer um post. Pequenino mas incisivo. Ah! E mais logo, as rádios soltarão ondas de felicidade pelos 37º que se vão manter pela semana fora. Quando muito aconselharão um casaquinho de malha para o fim do dia, não vá chegar uma «friagem» ao cair da noite.

Deus enganou-se. Devia ter semeado os portugueses uns paralelos mais a sul!
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domingo, julho 15, 2012

Ganda Alberto João

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Alberto João Jardim quer exercer um direito. Quatro licenciaturas, a saber: Veterinária, Informática, Biologia e Astronomia. Afirma Jardim que «…são trinta e não sei quantos anos de governo, engenheiro honorário pela Ordem dos Engenheiros, doutor honoris causa por uma universidade, presidente de várias associações filantrópicas…», pelo que não vejo razão para que se lhe negue este direito. Jardim esqueceu-se de mencionar o folclore e os cortejos de carnaval, tenho a certeza que isso não deixará de ter relevância no conselho científico que lhe apreciar a candidatura.

É de homem. E que ninguém diga que ele não tem razão…
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Andamos a perder qualidades

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Anda tudo aos tiros lá para Dili e nem um cordão humano, um cortejo automóvel com camisas brancas, ao menos um concertinho do Luís Represas a cantar o «Ai Timor», como em 1999. Estamos, em definitivo, a deixar-nos vencer por um indesculpável amorfismo.
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Ainda os interesses comerciais e as competências

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Li o Expresso durante muitos anos. Ainda em Moçambique, esperava com avidez as tardes de Domingo para ler o jornal da véspera. Pouco a pouco, nos últimos meses fui comprando o jornal cada vez menos. Ricardo Costa deu-lhe o toque final. Definitivo. Não há como suportar as idiossincrasias da criatura mai-las piruetas de um jornal que me habituara a ser sério, de boa informação e bem estruturada opinião e que hoje é uma treta vulgar e irritante.

Deixei de comprar o Público, por razões semelhantes. O Diário de Notícias mereceu-me o mesmo tratamento ainda na era Sócrates, quando João Marcelino se esforçava imenso em escrever coisas extraordinárias sobre Sócrates e o «socratismo». Já quase não vejo a SIC e cada vez menos a SIC notícias. A repetição, à náusea, do «affaire» Miguel Relvas, os programas cada vez mais pró PS, a cada vez mais flagrante má qualidade dos seus comentadores e analistas, a dúbia selecção de convidados para os frente a frente do Mário Crespo e a esquerda revisitada de Pacheco Pereira desde que Passos Coelho está no poder têm-se encarregado de me desviar com cada vez maior intensidade para as séries da Fox e para os TVCines. Depois queixam-se e fazem imensos artigos sobre a crise da comunicação social.

Nota: Sempre olhei com a algum desdém envergonhado para os Correio da Manhã que as pessoas liam no restaurante ou num banco de jardim. Hoje, dou comigo de vez em quando a comprar e a ler o Correio da Manhã. Tem muito crime, muita violência doméstica, muito estupro e muito multibanco rebentado à botija de gás. Mas, pelo menos, nada daquilo é mentira. Acresce que no meio dos casos da vida real aparecem alguns artigos de opinião interessantes. Mais. Nas últimas páginas ainda dá para ver umas socialites, umas figuras bonitas e de férias e razoavelmente vestidas, ou despidas, e algum humor inocente, que isto de jornais não é só fazer opinião. Há uma coisa que os anglo-saxónicos preservam muito, o puro entretenimento. Nós, por cá, é que vamos achando que todos os órgãos de comunicação social têm a obrigação estrita de informar e formar. Porque sempre tivemos a ideia de que lidamos com um povo estúpido e recém saído da idade da pedra. Esquecemo-nos do entretenimento. Por isso, as pessoas passam a vida a falar dos Relvas, dos friportes, dos sobreiros, da Casa Pia, dos robalos, dos ricos e dos poderosos, da senhora Merkel, dos bacanais de Berlusconi e de outras coisas do género. E tornamo-nos mais ou menos broncos, chatos, sem humor, sem sorrir e sem tempo para apreciar um rosto bonito, um raio de sol, uma praia, um monumento, um carro desportivo, uma casa de férias ou uma boa anedota.

Voltando ao CM, hoje percebo um pouco melhor porque é que este título vende mais do triplo dos outros.
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Maus porque sim

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Por mim, a ideia de que as televisões rádios e jornais obedecem a interesses comerciais para sobreviverem é um mito. São maus, porque sim. Sobretudo as televisões. Os programas são maus porque são feitos por gente má, incompetente e mal formada. Na maioria dos casos, naturalmente. Gente sem escrúpulos, de fraca oralidade e duvidosa cultura, mesquinha e ressabiada.

Ainda ontem no meio da obscenidade em que se tornou o Eixo do Mal, Clara Ferreira Alves chamou bandido, repetidamente, a um ministro em funções. Uma atitude destas não releva de liberdade de expressão ou opinião, mas de pura malcriadice e deficiente formação. Aquela senhora, de cada vez que abre a boca é para espumar uma raiva qualquer ou, noutras ocasiões, camuflar o que eu chamaria de peristaltismo sensorial que a assalta sempre que se fala dos seus bichanos de estimação, com Sócrates à cabeça.

O Eixo do Mal é um bom exemplo de que a má televisão nem sempre tem a ver com interesses comerciais. O programa é mau, porque sim. Porque todo aquele painel é mau. De competência e de índole. Fede.
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quinta-feira, julho 12, 2012

Mas entregue-se mesmo… é que já tresanda

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Os médicos fazem greve para defender o Serviço Nacional de Saúde. Entregue-se o SNS aos médicos.
Os maquinistas da CP fazem greve para defender a empresa. Entregue-se a CP aos maquinistas.
Os controladores aéreos fazem greve para defender a gestão do espaço aéreo nacional. Entregue-se a NAV aos controladores.
Os trabalhadores dos transportes fazem greve para defender os transportes públicos. Entregue-se os transportes públicos aos trabalhadores dos transportes.
Os trabalhadores da TAP fazem greve para manter a empresa nas mãos do Estado. Ponha-se o Estado nas mãos dos trabalhadores da TAP.
Aproveite-se a generosidade das Corporações. Nenhuma quer mais dinheiro. E o problema fica resolvido.


Pinho Cardão no Quarta República.
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Gostar e ser gostado



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Imagino que Deus ande sempre muito ocupado. Os bonzinhos do céu a portarem-se mal de vez em quando, as alminhas do purgatório a merecerem a Sua permanente preocupação pela sua eventual remissão e os maus do inferno a suscitarem a Sua infinita misericórdia pela visão daqueles diabinhos todos a esturricá-los nos fornos e a picarem-lhe os rabos com aquelas forquilhas que o mafarrico-mor comprou numa empresa de sucata em Portugal, numa das suas viagens de tentação para distribuir benesses, diplomas de curso, robalos, reformas chorudas e «friportes».

Imagino ainda que Ele deve ter um arquivo imenso, Deus é eterno mas o mundo é frenético, os homens não Lhe dão descanso e é natural que Ele precise de meios auxiliares para manter viva a recordação dos detalhes, gostos e merecimentos de cada qual.

Cá para mim, o «all mighty» tropeçou no meu processo. Folheou-o com alguma displicência, e reparou então numa das minhas paixões de sempre. Da música brasileira em geral e da fabulosa Gal Costa em particular. Vai daí, mexeu as suas influências e fez com que de repente me aterrasse na residência a colecção da discografia da diva. Ainda estou meio apardalado com o privilégio e muito, mas muito, tocado pelo gesto. O meu carro agora está cheio de CD’s da Gal e durante muito tempo tenho a certeza que não oiço o Forum da TSF. Nem o Pedro Marques Lopes, nem o Pedro Adão e Silva. Nem o Louçã, Pinto da Costa, Fernando Rosas ou o Boaventura de Sousa Santos ou outros lídimos representantes da Câmara de Horrores em que se tornou a nossa comunicação social.

Durante um bom tempo a Gal vai encher o meu carro, vai-me consolar, e vai-me acompanhar em muitos itinerários, dos quais o mais marcante será a marginal. Em dias de sol e azedas de Inverno, de malmequeres da Primavera à passagem de Caxias, do calor quente e brilhante das praias cheias de gente de corpos acobreados no Verão e do Outono-delícia, com as folhas a cair, a temperatura a descer e os dias a apequenar-se no meio das cores só possíveis na estação. E olho para o mar, o meu fetiche de sempre, e esboço uma expressão de homem feliz por Deus ter os seus arquivos em dia. E nessa expressão feliz cabe o conforto e o carinho de me sentir recordado em dias especiais.

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terça-feira, julho 10, 2012

O que verdadeiramente interessa

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É com agrado que percebo uma generalizada satisfação com que as diversas entidades europeias envolvidas na ajuda económica a Portugal se referem ao nosso país, não se furtando a largos encómios pela forma como estamos a ultrapassar a crise, mau grado a dependência que mantemos de como se desenrolar a economia noutros países, sobretudo na Espanha. Basta ouvir e ver as notícias sobre o assunto. Mesmo que notícias quase a medo, porque rende mais ouvir o rosário paroquial dos «Louçãs» do nosso descontentamento.

Vistas bem as coisas, tudo parece estar a correr bem. Verdadeiramente, a única coisa que está a correr mal é a extrema austeridade e sacrifícios a que temos estado sido sujeitos. Não pelos que estão diligentemente a colocar meias solas mas por aqueles que, desgraçadamente, nos rebentaram com os sapatos. De uma forma irresponsável e criminosa.

Apesar disso, a tonteria do costume continua a fazer escola nas redes sociais, tão mais furiosos quanto mais desanuviada a nossa situação se vai revelando na Europa. Uns tristes, ressabiados e irresponsáveis.
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A montanha pariu um rato. Um ratinho. Uma caganita de rato pequenino, enfezado, raquítico e acabado de ingerir um raticida qualquer

[4693]

Pronto. Por mim, está tudo claro. A TVI deu uma explicação bem detalhada de como a consulta ao processo Relvas decorreu na Lusófona, tal como, de resto, a RTP e, pelo que vi e ouvi, está tudo normal e legal. Também convém ouvir a opinião abalizada do ministro Crato. A SIC insistiu no tom quase chocarreiro que a tem caracterizado, talvez até de despeito, mas quem se habituou a entreler as notícias da SIC percebe que tudo aquilo é mau perder.

De registar o chiqueiro habitual em que chafurdaram muitos bloggers e facebookers da nossa praça que, escorrendo saliva pelos cantos da boca, se apressaram a crucificar o homem. Também se lamenta a forma desonesta e claquista com que a turbamulta se comporta, em desenfreado tropel, comprometendo a imagem e os interesses da Lusófona e dos seus estudantes. É o costume. Não há muito que estranhar, apenas que lamentar.
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segunda-feira, julho 09, 2012

Em bom brasileiro

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Há meses que a RTP se excita imenso em ensinar aos portugueses a soletrar palavras mais ou menos «atingidas» (é o termo) pelo acordo ortográfico. E a repórter vai entrevistando passantes, rua fora, todos os dias, e a maioria das perguntas recai em vocábulos em que o «C» não se pronuncia.

- Afecto, é com «C» ou sem «C»?

Os passantes lá vão respondendo, rindo (o português ri sempre, perante uma câmara, nem que lhe anunciem o falecimento de um parente) e balbuciando o que lhe vai à cabeça. Hoje a resposta foi uma delícia. Uma senhora, questionada sobre se uma palavra se escrevia com «C» ou sem «C» respondeu lampeira:

- Sem «C».

- Porquê? Pergunta a repórter.

- Porque no Brasil se escreve sem «C».

Cai o pano. Só é pena que não caia e tape de vez esta enormidade do tal do acordo. «Tal do acordo»… não é assim que se diz no Brasil?
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Greves de luxo

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As greves, na maioria dos casos, tornaram-se numa forma violenta de exercer direitos mais ou menos inexequíveis e com um lastro ideológico por parte de quem não sabe, não pode ou não quer aceitar o jogo da democracia. Digo maioria dos casos porque há, certamente, casos em que a greve é justificada e enformada por razões atendíveis.

Mas independentemente desse desiderato, constato que há greves a que eu chamaria greves de luxo. Porque há corporações que não se misturam com a plebe e, mais do que exigirem a observação das suas exigências, acham que têm a prerrogativa de escolher o respectivo ministro da tutela.

Eu não sei bem o que pretendem os médicos com a sua anunciada greve. Sei que ouvi o responsável pelo sindicato dos médicos e o bastonário da Ordem recusarem liminarmente discutir com o actual ministro. Discutem, sim, mas só se for com o primeiro-ministro. Esta é uma forma de pressão que reputo de inadmissível e que reflecte claramente uma síndrome de petulância. Que como qualquer síndrome, requer tratamento. Que para isso é que os médicos se fizeram. Para tratar síndromes.
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