sexta-feira, maio 30, 2014

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Há uns tempos escrevi este post. A motoqueira de então, nove anos passados, fez ontem noventa e cinco anos. Aperaltou-se (como de resto faz todos os dias), maquilhou-se cuidadosamente e foi ao cabeleireiro. À tarde, teve à sua volta os filhos, todos, noras, genros, netos, sobrinhos, cunhadas e uma farta mesa de guloseimas que ela sempre apreciou ao longo da sua vida. Deliciou-se com um punhado de histórias contadas pelos filhos, que recordaram episódios da sua meninice na variada geografia que lhes coube em sorte. Sempre juntos, sempre unidos, até os estudos obrigarem a rumos diversos que nem por isso impediram que ontem estivessem todos juntos outra vez.

Estava feliz a minha mãe. Já não anda de moto, o corpo está bom mas a cabecita vai estando cansada e desconcertada, provavelmente por tanta coisa que viu, ouviu e viveu. Também já não fala tanto, mas reparei num brilho indisfarçável dos seus olhos, cansados de já terem visto tanto. De resto, estava ali representado tudo o que para ela teve sempre um valor superlativo e incontornável. A família, o carinho, a risada franca, a boa mesa e, ainda, saber-se recordada e saudada, como atestavam os vários telefonemas que recebeu. Por isso ela estava feliz. Porque, realmente, é isso que ela teve a felicidade de ser na sua velhice. Feliz.

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5 Comments:

At 9:27 da tarde, Blogger estouparaaquivirada disse...

Que bom! Estou convencida que as pessoas que foram boas e queridas para os outros durante as suas vidas quando são mais "crescidas" não acabam sózinhas.
Parabéns!
xx

 
At 9:51 da tarde, Blogger MargaridaCF disse...

Parabéns!

 
At 9:51 da tarde, Blogger MargaridaCF disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
At 9:51 da tarde, Blogger MargaridaCF disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
At 3:38 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...


Papoila

MargaridaCF

Muito obrigado pela vossa amabilidade. Um beijinho.

 

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