sexta-feira, fevereiro 12, 2016

A circulação de quadrados



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A «Quadratura» de ontem foi um bom exemplo da surpreendente bonomia com que se lida com a proverbial irresponsabilidade do Partido Socialista. Com José Pacheco Pereira à cabeça, houve uma demonstração cabal de que as actuais dificuldades que atravessamos não remetem para a habitual incompetência, irresponsabilidade e sujeição aos caprichos, birras e ganância dos seus líderes, no caso actual do inominável e sorridente Costa que vai continuando a minar impunemente a credibilidade e seriedade que capitalizámos durante os últimos anos, manejando os seus títeres a bel-prazer.

Foi clara a intenção, mormente, repito, no que se refere a Pacheco Pereira, de remeter para a falta de sentido de Estado dos Partidos da Extrema Esquerda que, numa altura de crise devida á «volatilidade da situação internacional», deveriam abster-se de assumirem uma atitude reivindicativa fazendo exigências por tudo e por nada. Por outras palavras, a culpa não é de Costa e dos seus sequazes, mas do Bloco e do PC que, imagine-se, estão muito reivindicativos e não o deviam estar. Não fosse isso e o PS prosseguiria, com êxito, a sua política de páginas viradas e do tempo novo com o homem novo.

Isto é uma falácia e fica mal a Pacheco Pereira que, uma vez mais e como habitualmente, continua a demonstrar um ressabiamento feroz contra o PAF (nota-se a entoação de desprezo com que ele entoa a sigla PppAaaf) e uma desculpabilização permanente dos desvarios (os conhecidos «desvairos» de Marques Lopes) de A. Costa que está em palpos de aranha por causa dos reivindicativos Bloco e PCP.

Pacheco  está a ser desonesto (com Jorge Coelho a bater palmas) porque Costa deveria saber bem ao que ia. Depois de dar um uso aos votos dos seus eleitores de todo inesperado, não hesitou em se ligar a grupos partidários que têm uma noção de democracia igual à que eu tenho do papel do apêndice no trânsito intestinal. Ou seja, nem sei, nem me interessa.

Costa é, pois, culpado. Ele sabia bem ao que ia. Mas resfolegou com o elogio perene de que é um bom negociador, condição que a Comunicação Social não se cansa de enaltecer. E achou que aquilo era trigo limpo farinha amparo – Esquerda no bolso e Comissão Europeia posta em sentido. O resto, défice, pacto de estabilidade, dívida, compromissos assumidos (palavra dada, palavra honrada) eram pormenores de lana caprina que ele resolveria com o mesmo à vontade com que pôs um burro a competir com um Ferrari, hoje por hoje a sua mais notável façanha enquanto político.

O PC e o Bloco fazem o que devem. Reivindicam e reivindicam bem. Costa que se amanhe. E nós continuaremos a fazer de mexilhão, mas a culpa é de quem dá os votos a esta camarilha de irresponsáveis, ciclicamente empenhados em nos meter em graves dificuldades, desta vez com o insuportável sorriso perene de um primeiro-ministro que acha que rir faz parte do argumentário de um político de primeira apanha.


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1 Comments:

At 10:41 da manhã, Blogger Unknown disse...

Totalmente de acordo. Abraço

 

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