domingo, setembro 04, 2016

Faltava esta...



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A esquerda não pára quieta. Nem perde uma. De repente faz uma série de descobertas sobre Madre Teresa de Calcutá e aí vai disto. Veste uma T- Shirt do Che, faz uma oração (silenciosa, em respeito pela sua laicidade) por Chávez e pela defunta (?) FARC, manda uns vivas aos remanescentes Maduro, Morales, Castros e Jungs e vem para as redes sociais gritar aqui d’El Rei que Teresa não tinha nada que ser beatificada e muito menos canonizada.

Do que li por aí ainda fiquei à espera que Teresa tivesse tido um romance adúltero com um patrício que tivesse encontrado na selva, um caso com um padre que lhe tivesse aparecido debaixo duma Baniane e, sob a fresca folhagem da árvore, tivesse dado uma pecaminosa queca avulso, enquanto puxava uma passa. Que tivesse mandado umas chapadas num puto. Que tivesse roubado uma treta qualquer ou, em última análise, que tivesse soltado umas imprecações e invocado o santo nome de Deus em vão… sei lá, um pecado qualquer que toldasse a sua candidatura a santa. Nada disso, o mais grave que consegui ler por aí e traduzo livremente, foi  «…o que realmente surpreende na beatificação de uma mulher que adoptou para si própria um estilo de “Mother” Teresa é a rendição abjecta de parte da igreja às forças do “showbiz”, superstição e populismo…».

Está explicado. Vistas bem as coisas, a beatificação nem é verdadeiramente culpa de Madre Teresa. A culpa é da igreja, abjecta e rendida à volúpia das superstições, populismo, etc., etc., que servem para manter os povos no estádio atávico da ignorância. A igreja não vai ao ponto de usar estes subterfúgios para ensinar os seus crentes a cortar cabeças, explodi-las em ligação de explosivos em série ou atirar homossexuais dum prédio qualquer ou roubar crianças para parir guerrilheiros, mas que quer manter as pessoas, de uma forma abjecta, na ignorância, ai lá isso quer.

E é isto. Que não me confundam com a defesa da bondade da religiosidade exacerbada das massas, mas que esta atitude revolta da esquerda bem pensante me irrita, ai isso irrita. E tive tempo ainda para ler esta pérola (poupem-me a tradução que já estou a gastar muito tempo com o assunto): « The rich world has a poor conscience, and many people liked to alleviate their own unease by sending money to a woman who seemed like an activist for "the poorest of the poor." People do not like to admit that they have been gulled or conned, so a vested interest in the myth was permitted to arise, and a lazy media never bothered to ask any follow-up questions»

Cai o pano, despe-se a camisa do Che e vai tudo ao banho. E aguardar por outra cena qualquer. Enquanto Teresa, malquista e exprobrada, se torna santa e a Esquerda se esquece do assunto.


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